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Azul quer mudança de regras para voar
Empresa conta com reorganização de Congonhas (SP) e autorização para companhias regionais no Santos Dumont (RJ)
Além da ponte aérea Rio-SP, ainda estão nos seus planos todas as capitais do Sul e do Sudeste, cinco do Nordeste e outras grandes cidades
Paulo Whitaker-28.mai.08/Reuters
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No lançamento da Azul, seu fundador, David Neeleman, mostra réplica do jato Embraer 195
FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma eficaz campanha de
marketing promete uma revolução no jeito de lidar com o
mercado aéreo no Brasil, mas
as práticas continuam as de
sempre. A Azul Linhas Aéreas,
nova companhia do setor, já
conta com mudanças de regra
encomendadas pelo governo
federal para poder decolar.
A pedido do ministro da Defesa, Nelson Jobim, a Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) estuda mudanças em pelo menos duas portarias que
permitirão à nova empresa
operar a partir do aeroporto
Santos Dumont (Rio de Janeiro) e também em Congonhas
(São Paulo). Segundo o ministro, a demanda partiu das empresas regionais, "sob a justificativa de que a situação atual
estaria beneficiando apenas as
duas empresas dominantes no
mercado de aviação civil", que
seriam TAM e Gol.
Para competir com as duas
na ponte aérea Rio-São Paulo, a
Azul depende da redistribuição
dos "slots" (autorização para
pouso e decolagem) no terminal da capital paulista.
Em ofício encaminhado no
início de julho à Infraero, ao
qual a Folha teve acesso, a Azul
pede autorização do órgão para
se instalar imediatamente nos
aeroportos de Campinas, Curitiba e Rio de Janeiro (Santos
Dumont) a fim de garantir a
emissão do Cheta (Certificado
de Homologação de Empresa
de Transporte Aéreo), documento essencial para voar.
Subaproveitamento
Há, contudo, restrições para
empresas do porte da Azul operarem no Santos Dumont. A
Anac confirmou que estuda
mudar a vocação do aeroporto
carioca e do da Pampulha (BH),
limitados à aviação regional.
Exceto pela ponte aérea Rio-São Paulo, somente aviões com
até 50 assentos podem operar a
partir dos dois terminais. Vôos
com destino a outras capitais
ou cidades com mais de 1 milhão de habitantes precisam fazer escalas em municípios do
interior do Rio e de Minas.
A Azul operará com jatos
Embraer-195, com capacidade
para 118 passageiros. Três chegam em dezembro e, em 2009,
a empresa espera voar com o
total de 14 aviões. Será a única
companhia no país a usar aeronaves da empresa nacional, escolha que agradou ao governo
e, segundo a Folha apurou, tem
ajudado a Azul nos pleitos.
A Anac confirma que estuda
fazer um rodízio entre as empresas em Congonhas. A mudança permitiria a entrada de
novas companhias no terminal,
entre elas a Azul.
Atualmente, os "slots" são
leiloados e concentram-se nas
mãos da TAM e da Gol/Varig. A
Anac também planeja aprimorar a regra de aferição da eficiência no seu uso: o não cumprimento implicaria na perda.
Jobim disse esperar "o momento oportuno" para fazer as
mudanças nos aeroportos brasileiros. "A Anac está fazendo
os estudos e vamos ter que redimensionar o problema da
partilha dos "slots". Pampulha e
Santos Dumont estão subdimensionados no seu uso. Vamos pensar na possibilidade de
redefinirmos a destinação do
aeroporto para também ter ligações nacionais sem comprometer o Galeão", declarou, no
início de julho.
Estratégia
No documento entregue à
Infraero, assinado pelo vice-presidente de operações da
Azul, Miguel Dau, a empresa
informa a necessidade de instalações em 23 aeroportos em
quatro etapas, a serem concluídas até o final de abril de 2009.
Gianfranco Beting, diretor de
marketing da Azul, disse que a
empresa tem interesse na ponte aérea Rio-São Paulo. Mas
também mira em outros destinos, entre eles todas as capitais
do Sul e do Sudeste, cinco capitais do Nordeste e cidades como São José dos Campos (SP),
Londrina (PR), Iguaçu (PR),
Navegantes (SC) e Uberlândia
(MG). "A gente tem planos de
servir 25 aeroportos no Brasil.
Onde a gente vai começar a
operar, depende de onde conseguirmos autorização primeiro. Depende do governo."
O diretor afirmou que a Azul
tem feito esforços com autoridades para conquistar espaço.
"Temos ampliado os leques de
contatos, como seria de se supor, num momento como este.
[Procuramos] empresários, ministros, autoridades. A gente
está trabalhando em várias
frentes", revelou.
A coincidência das ações do
governo com o planejamento
estratégico da Azul, que vem
sendo maldosamente chamada
de "Viagra" pelas concorrentes
por causa da cor, tem provocado desconfiança nas empresas
de aviação. Por ora, ninguém
fala oficialmente, mas executivos comentam a possibilidade
de reagir com ações judiciais se
ficar evidente que a nova empresa foi beneficiada de alguma
maneira.
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