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MERCADO TENSO
Ceticismo em relação ao governo do Japão desvaloriza iene; Wall Street e Bovespa registram impacto
Iene volta a derrubar Bolsas no mundo
MARCIO AITH
de Tóquio
Começou novamente. Uma desilusão generalizada com a capacidade do novo governo japonês de
tirar o país de sua crise econômica
provocou ontem uma forte desvalorização do iene, derrubando
mais uma vez os mercados no
mundo todo.
No final da tarde o valor da moeda caiu para 145,6 ienes por dólar,
o mais baixo desde 17 de junho
passado, quando uma intervenção
conjunta dos Estados Unidos e do
Japão brecaram um processo de
desvalorização que parecia irreversível.
Naquele dia o valor do iene havia
atingido 146,7, o mais baixo nos
últimos oito anos.
A intervenção de junho deu certa
tranquilidade à região, mas uma
nova turbulência pode estar se
aproximando.
"Acho que a desvalorização recomeçou e o iene vai atingir seu
valor mais baixo no ano até o final
de agosto", afirmou Tetsuhisa
Hayashi, do Banco Tokyo-Mitsubishi.
O mercado de ações sentiu imediatamente os efeitos da queda do
iene. A Bolsa de Hong Kong caiu
4,6%. A de Seul, 2,4% e a de Bancoc, 2%. O índice Nikkei da Bolsa
de Tóquio desvalorizou-se 1,3%.
Em Nova York, a Bolsa caiu
1,09%. Em São Paulo, a Bovespa
fechou em queda de 2,74%.
O valor do iene já vinha caindo
desde quarta-feira passada mas a
tendência começou a ficar mais
evidente na sexta, depois de declarações desastrosas do novo ministro de Finanças japonês, Kiichi
Miyazawa.
Segundo o ministro -um político experiente e polêmico-, os Estados Unidos e o Japão não deveriam intervir no câmbio e na Bolsa, deixando-os flutuar conforme
a vontade do mercado.
Ainda na sexta-feira Miyazawa
tentou consertar o problema que
havia criado, dizendo que era favorável a intervenções quando
elas fossem necessárias. Mas o esforço revelou-se inútil.
O impacto do iene sobre os mercados da região resulta da importância do Japão no comércio asiático -cerca de 70% das operações
comerciais feitas na região passam
pelo país. Com um iene desvalorizado, os produtos japoneses ficam
baratos e mais atraentes que os de
seus vizinhos.
Os países mais afetados são a Coréia do Sul, cujos principais produtos (semicondutores, automóveis e aço) competem com os do
Japão, e a China, cuja moeda não
sofreu desvalorização durante a
crise asiática e, por essa razão, sofre enormes pressões.
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