São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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EM TRANSE

Em dois dias desta semana, moeda recupera desvalorização da anterior

Dólar sobe para R$ 3,10 e tensão derruba Bovespa

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar subiu mais 1,27% ontem e fechou cotado a R$ 3,10. Em dois dias desta semana, a moeda já acumulou alta de 3%, praticamente toda a queda, de 3,2%, registrada na semana passada.
O comportamento do câmbio ontem acompanhou o mau desempenho dos mercados internacionais. O dia foi de quedas para as Bolsas pelo mundo. A Bovespa fechou em baixa de 2,33%.
A tensão veio da possibilidade de os EUA atacarem o Iraque e de dados ruins sobre a atividade econômica norte-americana. Como os investidores globais viram suas aplicações se desvalorizar nas principais praças mundiais, reduziram sua exposição a países que embutem risco maior -os emergentes. Com isso, o risco-país brasileiro, medido pelo JP Morgan, subiu 6,6%, para 1.729 pontos.
Segundo operadores, o dólar já iniciou o dia pressionado porque pelo menos três empresas desejavam comprar a moeda. Como a falta de liquidez no câmbio continua, a cotação já subia por menor que fosse a operação. O mercado nacional sofre com a falta de crédito para o país devido à aversão mundial ao risco, após as fraudes financeiras de empresas dos EUA.
De acordo com dados do mercado, o calendário do setor privado prevê vencimento de US$ 150 milhões no fim de semana, em dívida que seria da Light.
O Banco Central vendeu dólares no mercado à vista e conseguiu frear a alta da cotação. A moeda chegou a subir 1,86%. A valorização surpreendeu os analistas, que esperavam pela queda do dólar, uma vez que pesquisas eleitorais mostraram melhor desempenho de José Serra (PSDB). Serra é o candidato do mercado, por representar a continuidade da atual política econômica.
O BC voltou a leiloar linhas de crédito para exportações, utilizando os dólares das reservas internacionais do país. Ontem, o BC ofertou US$ 50 milhões aos bancos, que deverão repassar os recursos para as empresas nos próximos dias. Os bancos terão prazo de seis meses para pagar o BC pelos dólares, com juros de 4% ao ano. A demanda pelas linhas superou os US$ 120 milhões.
Para estimular a participação dos bancos nesses leilões, que não ocorriam há três dias por falta de demanda, o BC mudou as regras da operação. As modificações começaram a vigorar ontem.
A principal mudança foi a autorização para que todos os bancos participem dos leilões. Antes, apenas as 25 instituições financeiras autorizadas a operar com o BC -conhecidas no mercado como "dealers"- podiam participar.


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