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EM TRANSE
Em dois dias desta semana, moeda recupera desvalorização da anterior
Dólar sobe para R$ 3,10 e tensão derruba Bovespa
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar subiu mais 1,27% ontem
e fechou cotado a R$ 3,10. Em dois
dias desta semana, a moeda já
acumulou alta de 3%, praticamente toda a queda, de 3,2%, registrada na semana passada.
O comportamento do câmbio
ontem acompanhou o mau desempenho dos mercados internacionais. O dia foi de quedas para
as Bolsas pelo mundo. A Bovespa
fechou em baixa de 2,33%.
A tensão veio da possibilidade
de os EUA atacarem o Iraque e de
dados ruins sobre a atividade econômica norte-americana. Como
os investidores globais viram suas
aplicações se desvalorizar nas
principais praças mundiais, reduziram sua exposição a países que
embutem risco maior -os emergentes. Com isso, o risco-país brasileiro, medido pelo JP Morgan,
subiu 6,6%, para 1.729 pontos.
Segundo operadores, o dólar já
iniciou o dia pressionado porque
pelo menos três empresas desejavam comprar a moeda. Como a
falta de liquidez no câmbio continua, a cotação já subia por menor
que fosse a operação. O mercado
nacional sofre com a falta de crédito para o país devido à aversão
mundial ao risco, após as fraudes
financeiras de empresas dos EUA.
De acordo com dados do mercado, o calendário do setor privado prevê vencimento de US$ 150
milhões no fim de semana, em dívida que seria da Light.
O Banco Central vendeu dólares
no mercado à vista e conseguiu
frear a alta da cotação. A moeda
chegou a subir 1,86%. A valorização surpreendeu os analistas, que
esperavam pela queda do dólar,
uma vez que pesquisas eleitorais
mostraram melhor desempenho
de José Serra (PSDB). Serra é o
candidato do mercado, por representar a continuidade da atual política econômica.
O BC voltou a leiloar linhas de
crédito para exportações, utilizando os dólares das reservas internacionais do país. Ontem, o BC
ofertou US$ 50 milhões aos bancos, que deverão repassar os recursos para as empresas nos próximos dias. Os bancos terão prazo
de seis meses para pagar o BC pelos dólares, com juros de 4% ao
ano. A demanda pelas linhas superou os US$ 120 milhões.
Para estimular a participação
dos bancos nesses leilões, que não
ocorriam há três dias por falta de
demanda, o BC mudou as regras
da operação. As modificações começaram a vigorar ontem.
A principal mudança foi a autorização para que todos os bancos
participem dos leilões. Antes,
apenas as 25 instituições financeiras autorizadas a operar com o BC
-conhecidas no mercado como "dealers"- podiam participar.
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