São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

China ameaça exportações do Brasil na AL

Depois de ter conquistado os Estados Unidos e a Europa, a China mira agora a América Latina. As exportações da China ou já ultrapassaram ou estão prestes a superar as vendas externas do Brasil para os países da América Latina. Trata-se de uma mudança importante na relação do Brasil com a América Latina, que sempre foi um dos principais compradores do país.
A comparação entre as exportações dos dois países para a América Latina é muito difícil de ser feita. Os números da balança comercial que constam no site do Ministério da Indústria e do Comércio da China são defasados, assim como também não é clara a forma de contabilização.
De qualquer forma, tomando como referência os números do site, a China exportou, nos seis primeiros meses do ano, cerca de US$ 17 bilhões para os países da América Latina, excluindo o Brasil. Já o Brasil exportou, de janeiro a agosto, US$ 22,9 bilhões, para os países da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração).
O problema é que as exportações chinesas crescem, mês a mês, a um ritmo superior ao do Brasil, o que sugere que, neste ano, a China se torne o país com o maior volume de exportações para a América Latina.
Em agosto, inclusive, as exportações do Brasil para os países da Aladi caíram 4,2% em relação ao mesmo mês de 2006. E, ao mesmo tempo, as exportações da China para o Brasil cresceram 79,8% em agosto.
"A China representa mesmo uma grande ameaça às exportações do Brasil na América Latina", diz José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A China possui vantagens muito grandes sobre o Brasil na exportação. A principal delas é o câmbio artificial praticado pela China, que, segundo José Augusto de Castro, garante um diferencial de preço de 35% em relação ao Brasil.
Ontem, foram divulgados os números da balança comercial de agosto, e, assim como tem se observado nos meses anteriores, as importações do país têm crescido a um ritmo bem maior do que as exportações, o que tem causado uma redução do saldo comercial.
Segundo José Augusto de Castro, essa queda do ritmo de crescimento do valor das exportações ainda não pode ser considerada reflexo da redução do preço das commodities. Se isso acontecer, os efeitos só serão sentidos em outubro.

PELO MUNDO AFORA
Depois de se capitalizar ao fazer IPO, a Bematech, provedora de soluções de automação comercial para o varejo, está planejando o chamado "crescimento não-orgânico" para acontecer ainda neste semestre. A idéia é comprar duas ou três empresas. Para isso, dispõem de R$ 200 milhões em caixa. A Bematech, hoje, tem focado em um plano de expansão pela América Latina, com "roadshows" por vários países. A empresa acaba de enviar seu CEO, Marcel Malczweski, para Dailan, China, para participar de evento do World Economic Forum. O executivo foi convidado para falar sobre quais regiões na América Latina são atrativas para investimentos e em quais setores estão as oportunidades. O encontro tem a intenção de criar uma comunidade das 500 principais companhias emergentes de maior crescimento global.

Amil abre o capital e vende Farmalife

O empresário Edson Godoy Bueno, dono do grupo Amil, acaba de fechar duas operações. Na sexta-feira passada, entrou com pedido na CVM para a abertura de capital do grupo Amil. Nesta semana, ele conclui a venda da Farmalife para a rede carioca Drogasmil. O objetivo de Bueno é concentrar as operações em planos de saúde, e por isso decidiu deixar o varejo.

GOVERNANÇA
A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, realiza seu segundo seminário de Conselheiros Representantes hoje e amanhã, em Brasília. A proposta do evento é estimular as boas práticas de governança corporativa.

VERDE
O GBC Brasil (Green Building Council), ONG apoiada por companhias como Alcoa e Wal-Mart, entre outras, acaba de criar um selo adaptado às condições ambientais e econômicas nacionais para certificação de edifícios projetados,construídos e operados com redução de impacto na natureza. A idéia é transformar o Brasil em um dos líderes em construção sustentável. O selo se chamará o Leed (Leadership in Energy and Environmental Design Brasil).

NA GRÁFICA
De janeiro a julho de 2007, o setor gráfico brasileiro gerou 512 novos postos de trabalho, totalizando 192.397 pessoas empregadas em 17.364 empresas, segundo a Abigraf (associação do setor), baseada no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego. Em relação ao mesmo período de 2006, o crescimento foi de 3,1%. Destacam-se as empresas que atuam no segmento de impressos promocionais.

SUSTENTÁVEL
Será realizado amanhã o primeiro Fórum do Mercado de Capitais, no auditório da Bovespa, em São Paulo. O evento vai tratar da situação do mercado de capitais e discutir a sustentabilidade de sua expansão, considerando também as atuais turbulências da economia mundial. Organizado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, presidente do Ibmec, o evento conta com a participação de nomes como Affonso Celso Pastore, Delfim Netto, Manoel Félix Cintra Neto (BM&F), Guilherme Lacerda (Funcef) e Maria Helena Santana (CVM), entre outros.

CADEIRA
Elizabeth de Carvalhaes, ex-vice-presidente da Volks e ex-Anfavea, assume hoje a presidência executiva da Bracelpa. Sua pauta tem foco em tributos sobre investimentos, na agenda internacional e no aumento de exposição setorial em busca de compreensão da vocação florestal.

ECOFOOD
A rede de produtos naturais Mundo Verde completa 20 anos com planos de expansão nos estados do Norte e Nordeste. A primeira loja no Norte do país será inaugurada amanhã, em Belém (PA). Estão ainda programadas novas lojas em Petrolina (PE), em São Luiz (MA) e em Salvador (BA).


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA

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