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ELETRICIDADE
Impacto para consumidor será de até 2,9%, segundo a geradora
Preço de energia de Itaipu sobe 12,1%
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A tarifa da energia produzida
pela hidrelétrica de Itaipu foi reajustada em 12,1%. O valor se refere à eletricidade que a usina vende
para o setor elétrico e tem aplicação retroativa a 1º de outubro.
Com a autorização, o KWh da
usina passa de US$ 19,2071 (valor
de setembro) para US$ 21,5311.
O impacto para o consumidor
virá na data normal de aumento
de cada distribuidora e deverá ser
de, no máximo, 2,9%, segundo a
própria geradora.
Esse reflexo ocorrerá sobre contas de usuários atendidos pela Cemig (Companhia Energética de
Minas Gerais), segundo informação da hidrelétrica.
A usina é uma estatal binacional
(Brasil-Paraguai) que vende energia em dólar. A energia produzida
pela empresa é compulsoriamente comprada por 18 distribuidoras
de energia das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que repassam
totalmente o aumento do custo
para seus consumidores.
Em média, 34,4% da energia
vendida nessas regiões vem de
Itaipu. A hidrelétrica responde
sozinha por 25% da energia consumida no Brasil.
O aumento deveria acontecer
no final do ano, mas, a pedido do
Ministério da Fazenda, foi antecipado. O motivo foi a perda de receita, em reais e guaranis (moeda
paraguaia), da empresa.
Itaipu vende sua energia em dólares, mas tem despesas em reais e
guaranis nos dois países. Com a
desvalorização do dólar em relação às moedas de Brasil e Paraguai, foi preciso aumentar o preço
cobrado pela energia para equilibrar as contas.
O novo preço da eletricidade da
Itaipu vai vigorar pelos próximos
15 meses.
Consumidor
"Percentualmente, o repasse para o consumidor é pequeno, mas
não é desprezível", explica Paulo
César Tavares, vice-presidente de
Gestão de Energia da CPFL Energia. Segundo ele, o impacto do
reajuste de Itaipu para os consumidores da distribuidora CPFL
Piratininga deverá ser de 1,49%.
A concessionária vende energia
para 1,2 milhão de consumidores
em 26 municípios do interior de
São Paulo. Do total da energia que
vende, 36% vem de Itaipu.
O reajuste da CPFL Piratininga
acontece no próximo dia 23.
O baixo impacto inflacionário
da medida no mercado consumidor é explicado pelos ganhos que
as distribuidoras tiveram com a
queda da cotação do dólar, desde
o fechamento das contas do orçamento de 2005.
Nessa avaliação, as distribuidoras ainda teriam gordura a queimar nas tarifas repassadas aos
consumidores.
Benefício menor
Na prática, o que deve acontecer
é que o aumento autorizado pelo
governo para Itaipu deverá diminuir parcialmente um eventual
benefício de redução tarifária que
os consumidores residenciais poderiam ter. Neste ano, o IGP-M,
índice que corrige parte da tarifa
de energia, está refletindo deflação (queda nos preços) desde
maio. Nos últimos 12 meses, acumula alta de 2,17%.
Além disso, o governo está implementando um processo chamado "realinhamento tarifário",
que implica aumentos menores
(ou mesmo redução no valor da
tarifa) para consumidores residenciais e maiores para consumidores industriais.
Esse processo é gradual (acaba
no final de 2006) e tem o objetivo
de reduzir o subsídio cruzado no
setor, que faz com que consumidores residenciais paguem mais
para que a indústria tenha acesso
a tarifas menores.
Outro fator que deve reduzir a
tarifa é a cotação baixa do dólar.
Distribuidoras que tiveram reajuste ano passado estão repassando para o consumidor o custo da
energia de Itaipu com as cotações
em vigor no momento de seus
reajustes. A diferença -no caso,
o que o consumidor pagou a
mais- vem no próximo reajuste.
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