São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELETRICIDADE

Impacto para consumidor será de até 2,9%, segundo a geradora

Preço de energia de Itaipu sobe 12,1%

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A tarifa da energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu foi reajustada em 12,1%. O valor se refere à eletricidade que a usina vende para o setor elétrico e tem aplicação retroativa a 1º de outubro.
Com a autorização, o KWh da usina passa de US$ 19,2071 (valor de setembro) para US$ 21,5311.
O impacto para o consumidor virá na data normal de aumento de cada distribuidora e deverá ser de, no máximo, 2,9%, segundo a própria geradora.
Esse reflexo ocorrerá sobre contas de usuários atendidos pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), segundo informação da hidrelétrica.
A usina é uma estatal binacional (Brasil-Paraguai) que vende energia em dólar. A energia produzida pela empresa é compulsoriamente comprada por 18 distribuidoras de energia das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, que repassam totalmente o aumento do custo para seus consumidores.
Em média, 34,4% da energia vendida nessas regiões vem de Itaipu. A hidrelétrica responde sozinha por 25% da energia consumida no Brasil.
O aumento deveria acontecer no final do ano, mas, a pedido do Ministério da Fazenda, foi antecipado. O motivo foi a perda de receita, em reais e guaranis (moeda paraguaia), da empresa.
Itaipu vende sua energia em dólares, mas tem despesas em reais e guaranis nos dois países. Com a desvalorização do dólar em relação às moedas de Brasil e Paraguai, foi preciso aumentar o preço cobrado pela energia para equilibrar as contas.
O novo preço da eletricidade da Itaipu vai vigorar pelos próximos 15 meses.

Consumidor
"Percentualmente, o repasse para o consumidor é pequeno, mas não é desprezível", explica Paulo César Tavares, vice-presidente de Gestão de Energia da CPFL Energia. Segundo ele, o impacto do reajuste de Itaipu para os consumidores da distribuidora CPFL Piratininga deverá ser de 1,49%.
A concessionária vende energia para 1,2 milhão de consumidores em 26 municípios do interior de São Paulo. Do total da energia que vende, 36% vem de Itaipu.
O reajuste da CPFL Piratininga acontece no próximo dia 23.
O baixo impacto inflacionário da medida no mercado consumidor é explicado pelos ganhos que as distribuidoras tiveram com a queda da cotação do dólar, desde o fechamento das contas do orçamento de 2005.
Nessa avaliação, as distribuidoras ainda teriam gordura a queimar nas tarifas repassadas aos consumidores.

Benefício menor
Na prática, o que deve acontecer é que o aumento autorizado pelo governo para Itaipu deverá diminuir parcialmente um eventual benefício de redução tarifária que os consumidores residenciais poderiam ter. Neste ano, o IGP-M, índice que corrige parte da tarifa de energia, está refletindo deflação (queda nos preços) desde maio. Nos últimos 12 meses, acumula alta de 2,17%.
Além disso, o governo está implementando um processo chamado "realinhamento tarifário", que implica aumentos menores (ou mesmo redução no valor da tarifa) para consumidores residenciais e maiores para consumidores industriais.
Esse processo é gradual (acaba no final de 2006) e tem o objetivo de reduzir o subsídio cruzado no setor, que faz com que consumidores residenciais paguem mais para que a indústria tenha acesso a tarifas menores.
Outro fator que deve reduzir a tarifa é a cotação baixa do dólar. Distribuidoras que tiveram reajuste ano passado estão repassando para o consumidor o custo da energia de Itaipu com as cotações em vigor no momento de seus reajustes. A diferença -no caso, o que o consumidor pagou a mais- vem no próximo reajuste.


Texto Anterior: Analistas vêem dólar a R$ 2,35
Próximo Texto: Correios sobem as tarifas em 5,6% em média
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.