São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007

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Novo dono do ABN sai em até duas semanas

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A venda do holandês ABN Amro Bank, dono no Brasil do banco Real, pode ter seu desfecho atrasado em mais duas semanas dependendo de eventuais condições impostas pelos compradores, segundo o presidente mundial do grupo, Rijkman Groenink. O negócio é o mais disputado da indústria bancária de todos os tempos e se arrasta por quase seis meses.
A expectativa era que a resposta definitiva para a proposta feita pelo britânico Barclay's saísse hoje e que a adesão pela oferta do consórcio formado pelo escocês RBS (Royal Bank of Scotland), o espanhol Santander e o belga-holandês Fortis acontecesse amanhã.
Se os compradores não fizerem nenhuma exigência que deva passar necessariamente pelos acionistas, o novo dono pode ser declarado até amanhã. Entre as possíveis exigências estaria a revogação da venda por US$ 21 bilhões da unidade americana do ABN, o Banco La Salle, para o Bank of America, um dos ativos de maior interesse do RBS. Na segunda, o ABN afirmou que concluiu a venda do La Salle.
Em jogo está a divisão ou não do banco holandês, instituição com mais de 4.500 agências e 100 mil funcionários em 53 países. Enquanto o Barclay's promete manter o banco coeso, o consórcio pretende fatiá-lo. O Santander ficaria com as operações no Brasil e na Itália, enquanto o Fortis ficaria com o varejo holandês, e o RBS, com as operações de atacado e o restante do varejo internacional. No Brasil, o Santander se tornaria o segundo maior banco privado em ativos, pouco atrás do Bradesco e à frente do Itaú.
Em carta dirigida ontem aos bancários do grupo, o presidente do ABN afirmou que o novo dono será conhecido em até duas semanas, dependendo de eventuais exigências feitas, e que a mudança de controle dará fim a "um longo período de insegurança" aos funcionários.
Na carta, Groenink disse ainda que, quaisquer que sejam os novos donos, não haverá mudanças significativas diretas para a maioria do pessoal, pelo menos no curto prazo. "A maioria de suas atividades diárias mudará somente depois que os planos de transição forem aceitos e implementados, o que com certeza levará alguns meses", diz.
Com uma proposta de US$ 100,2 bilhões, sendo 94% em cash, o consórcio é favorito para conseguir a aprovação dos acionistas. Devido à queda no preço das ações, a proposta do Barclay's está avaliada hoje em US$ 85,5 bilhões, sendo que 60% envolvem a troca de papéis. Para ser declarado vencedora, a proposta precisa contar com a adesão de 80% dos acionistas.
A crise nos mercados derrubou o preço das ações do ABN e dos principais bancos do mundo nas últimas semanas. A desvalorização dos papéis permitiu ao consórcio comprar no mercado 8% das ações do ABN Amro, o que deve garantir economia no valor pago pelo ABN. O fundo britânico TCI (O Investimento das Crianças, na sigla em inglês), que também é favorável à proposta do consórcio, tem pelo menos outros 2% do banco.
A Comissão Européia, o órgão executivo da União Européia, deu sinal verde ontem para o Fortis comprar as operações do ABN Amro na Holanda. A única condição imposta é que o Fortis se desfaça de pequenas partes do negócio no país. No dia 19 do mês passado, a comissão deu autorização ao Santander e ao RBS para que adquirissem o ABN.


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