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Novo dono do ABN sai em até duas semanas
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A venda do holandês ABN
Amro Bank, dono no Brasil do
banco Real, pode ter seu desfecho atrasado em mais duas semanas dependendo de eventuais condições impostas pelos compradores, segundo o presidente mundial do grupo, Rijkman Groenink. O negócio é o
mais disputado da indústria
bancária de todos os tempos e
se arrasta por quase seis meses.
A expectativa era que a resposta definitiva para a proposta
feita pelo britânico Barclay's
saísse hoje e que a adesão pela
oferta do consórcio formado
pelo escocês RBS (Royal Bank
of Scotland), o espanhol Santander e o belga-holandês Fortis acontecesse amanhã.
Se os compradores não fizerem nenhuma exigência que
deva passar necessariamente
pelos acionistas, o novo dono
pode ser declarado até amanhã.
Entre as possíveis exigências
estaria a revogação da venda
por US$ 21 bilhões da unidade
americana do ABN, o Banco La
Salle, para o Bank of America,
um dos ativos de maior interesse do RBS. Na segunda, o ABN
afirmou que concluiu a venda
do La Salle.
Em jogo está a divisão ou não
do banco holandês, instituição
com mais de 4.500 agências e
100 mil funcionários em 53 países. Enquanto o Barclay's promete manter o banco coeso, o
consórcio pretende fatiá-lo. O
Santander ficaria com as operações no Brasil e na Itália, enquanto o Fortis ficaria com o
varejo holandês, e o RBS, com
as operações de atacado e o restante do varejo internacional.
No Brasil, o Santander se tornaria o segundo maior banco
privado em ativos, pouco atrás
do Bradesco e à frente do Itaú.
Em carta dirigida ontem aos
bancários do grupo, o presidente do ABN afirmou que o novo
dono será conhecido em até
duas semanas, dependendo de
eventuais exigências feitas, e
que a mudança de controle dará fim a "um longo período de
insegurança" aos funcionários.
Na carta, Groenink disse ainda que, quaisquer que sejam os
novos donos, não haverá mudanças significativas diretas
para a maioria do pessoal, pelo
menos no curto prazo. "A maioria de suas atividades diárias
mudará somente depois que os
planos de transição forem aceitos e implementados, o que
com certeza levará alguns meses", diz.
Com uma proposta de US$
100,2 bilhões, sendo 94% em
cash, o consórcio é favorito para conseguir a aprovação dos
acionistas. Devido à queda no
preço das ações, a proposta do
Barclay's está avaliada hoje em
US$ 85,5 bilhões, sendo que
60% envolvem a troca de papéis. Para ser declarado vencedora, a proposta precisa contar
com a adesão de 80% dos acionistas.
A crise nos mercados derrubou o preço das ações do ABN e
dos principais bancos do mundo nas últimas semanas. A desvalorização dos papéis permitiu ao consórcio comprar no mercado 8% das ações do ABN
Amro, o que deve garantir economia no valor pago pelo ABN.
O fundo britânico TCI (O Investimento das Crianças, na sigla em inglês), que também é
favorável à proposta do consórcio, tem pelo menos outros 2%
do banco.
A Comissão Européia, o órgão executivo da União Européia, deu sinal verde ontem para o Fortis comprar as operações do ABN Amro na Holanda.
A única condição imposta é que
o Fortis se desfaça de pequenas
partes do negócio no país. No
dia 19 do mês passado, a comissão deu autorização ao Santander e ao RBS para que adquirissem o ABN.
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