São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007

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Bolsa recua 3%, afetada por ações da Vale

Destaque de valorização nas últimas semanas, papel PNA da companhia registrou queda de 7,76% no pregão de ontem

Para analistas, investidores venderam seus papéis para auferirem ganhos obtidos nos últimos pregões; dólar sobe 0,82%, para R$ 1,84

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Destaque de alta dos últimos pregões, as ações da Vale do Rio Doce despencaram ontem e arrastaram a Bolsa Valores de São Paulo, que terminou com desvalorização de 3,09%.
Movimentos de realização de lucros, que ocorrem quando investidores se desfazem de ações para aproveitar ganhos acumulados, eram esperados por analistas, pois a Bolsa subiu rapidamente e de forma expressiva nas últimas semanas.
Com o cenário externo menos favorável -as Bolsas também caíram nos EUA-, os investidores preferiram vender ações na Bovespa ontem. Os estrangeiros, que se destacaram na ponta de compra no mês de setembro e foram fundamentais na condução da Bovespa a novos recordes, também se desfizeram de papéis de companhias brasileiras ontem.
A movimentação financeira da Bovespa ontem foi bastante elevada, de R$ 8,3 bilhões, bem acima da média diária de setembro (R$ 4,7 bilhões).
Dados econômicos norte-americanos não colaboraram para o desempenho dos mercados. A informação de que houve recuo de 2,7% no número de solicitações de empréstimos hipotecários nos EUA na última semana de setembro desapontou. Houve também a divulgação, pelo instituto de pesquisas ISM, de queda no ritmo de expansão do setor de serviços americano no mês passado.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve queda de 0,56%; a Nasdaq caiu 0,64%.
As ações da Vale do Rio Doce, que costumam estar entre as mais procuradas pelo capital externo, responderam por quase 25% da movimentação da Bolsa de ontem. As perdas dos papéis da companhia ficaram em 7,76% (PNA) e 7,53% (ON), devolvendo boa parte de seus ganhos recentes. A ação PNA, por exemplo, tinha subido 17% em apenas duas semanas.
"Houve um processo de realização por conta da forte alta dos papéis [da Vale]. E o mercado internacional não ajudou muito", afirma Luiz Rogê Ferreira, economista responsável pelo departamento de análises da consultoria CMA.
Para o economista, o fato de a Vale ter levado a subconcessão de um trecho da ferrovia Norte-Sul, por R$ 1,478 bilhão, não pesou no desempenho ruim de suas ações. "Toda aquisição implica desembolso de caixa. Mas o negócio vai fazer com que a companhia ganhe ainda mais eficiência no futuro."
Segundo profissionais do mercado, também repercutiu ontem a informação de que o banco JP Morgan fez uma alteração em sua recomendação para clientes em relação às ações da Vale de "compra" para "neutra", pois os papéis já atingiram um alto valor.
Outro papel com forte perda foi o ON do Banco do Brasil, que recuou 5,47%. A notícia de que o Itaú perdeu a folha de pagamento do governo de Minas Gerais para o BB foi muito comentada entre os operadores.
O mercado de câmbio não se isolou do dia negativo. O dólar encerrou vendido a R$ 1,84, após apreciação de 0,82%.


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