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França entra em recessão e reúne líderes
Economia é a 1ª das grandes da Europa a registrar crescimento negativo por 2 trimestres seguidos; o mesmo ocorreu na Irlanda
Paris diz que vai socorrer bancos do país e recebe hoje líderes da União Européia para debater medidas contra a crise financeira
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A França é a primeira das
grandes economias européias a
entrar em recessão. A confirmação foi feita ontem pelo órgão de estatísticas do governo
francês, que registrou crescimento negativo da economia
pelo segundo trimestre consecutivo.
Depois da Irlanda, na semana passada, a França é o segundo país da zona do euro a entrar
em recessão.
A má notícia foi anunciada
em meio à expectativa sobre a
reunião de emergência dos
principais líderes da União Européia que será realizada hoje,
em Paris, para discutir um plano contra a crise financeira
mundial.
O premiê francês, François
Fillon, deu uma idéia do clima
sombrio que antecede o encontro: "O mundo está à beira do
abismo", disse ontem.
Diante da persistente desaceleração nas economias européias neste ano, analistas consideravam apenas uma questão
de tempo que outros países seguissem o caminho da Irlanda.
Mas apontavam Espanha e
Reino Unido, pela magnitude
dos estragos do estouro de suas
bolhas imobiliárias, como os
principais candidatos.
Ontem, no entanto, o Instituto Nacional de Estatísticas da
França informou que a economia do país, que já havia sofrido
retração de 0,3% no segundo
trimestre, encolherá 0,1% no
terceiro e no quarto.
"Houve dois trimestres de
crescimento negativo, isso se
chama recessão técnica", disse
Eric Woerth, o ministro do Orçamento francês.
Ainda assim, Woerth previu
que a economia francesa terminará o ano em crescimento, de
0,9%. "Não é muito, podemos
mesmo dizer que é muito pouco, mas não deixa de ser um
crescimento", disse ele.
A perspectiva é pouco animadora. Mesmo antes da confirmação técnica, os franceses já
sentiam o impacto da recessão
em seu dia-a-dia. Em setembro,
o desemprego subiu 2,2%, a
maior alta mensal dos últimos
15 anos. O governo já avisou
que o pior ainda está por vir, e
que o número de desempregados continuará crescendo pelos
próximos 12 meses.
Até agora, a Irlanda era o único dos 15 países da zona do euro
a entrar oficialmente em recessão. Entre os demais membros
da UE, entretanto, o clube da
retração econômica já tinha
três membros: a Dinamarca entrou em recessão no início do
ano, mas sua economia logo
voltou a crescer. Letônia e Estônia ainda não se recuperaram
do encolhimento registrado
nos últimos dois trimestres.
O presidente francês, Nicolas
Sarkozy, anunciou planos de
usar dinheiro público para socorrer bancos, empresas e desempregados, deixando de lado
o apelo que havia feito aos parceiros da UE para manter o déficit orçamentário abaixo de
3% do PIB (Produto Interno
Bruto). "Os déficits não são a
prioridade das prioridades",
disse Henri Guaino, assessor
do presidente. "A prioridade é
salvar o sistema bancário."
Na reunião de hoje, em Paris,
Sarkozy receberá os líderes de
Alemanha, Itália e Reino Unido, além de autoridades monetárias da UE, para discutir uma
estratégia de socorro a bancos
em dificuldades e formas de regulamentação conjunta do sistema financeiro.
A França chegou a sugerir
um fundo de emergência para
ajudar os bancos, em que cada
um dos 27 países do bloco entraria com 3% do PIB, mas a
idéia foi descartada após sofrer
duras críticas de membros da
UE, a começar pela Alemanha,
a maior economia da Europa.
Segundo o premiê francês,
Sarkozy, que convocou a reunião, irá propor idéias para que
"a Europa torne seus sistemas
bancários seguros, descongele
o crédito e coordene sua estratégia monetária e econômica".
Diante da relutância dos países europeus em criar um mecanismo conjunto de socorro, a
tendência é que os possíveis
resgates continuem sendo uma
atribuição de cada governo do
bloco, mas de forma coordenada. "O Estado irá intervir toda
vez que for necessário para garantir o sistema bancário", disse Fillon.
Fortis
Numa nova medida de nacionalização, na seqüência de intervenções dos últimos dias, o
governo holandês comprou ontem as operações de banco comercial e seguros do Fortis por
16,8 milhões (US$ 23 milhões). No início da semana, para evitar o colapso, a instituição
já havia recebido o socorro conjunto dos governos de Holanda,
Bélgica e Luxemburgo, numa
intervenção estimada em 11,2
bilhões (US$ 16,4 bilhões).
As principais Bolsas européias terminaram o dia em alta,
antes da aprovação do pacote
de auxílio ao mercado financeiro na Câmara dos Representantes norte-americana. Londres teve alta de 2,26%, Paris
de 2,96%, Frankfurt de 2,41% e
Madri de 3,78%.
Com agências internacionais
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