São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Crise global afasta investidor estrangeiro de leilão de energia

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A crise financeira nos EUA afastou investidores externos e afetou o resultado do leilão de linhas de transmissão e subestações de energia da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), dominado por estatais brasileiras. Apenas uma companhia privada arrematou um dos sete lotes ofertados.
Cinco deles ficaram com estatais e um não teve proposta. O deságio médio ficou em 37,6%, um dos mais baixos dos últimos leilões. Pelas regras da oferta, vence a empresa que aceita a menor receita anual para o serviço de transmissão -ou seja, aquelas que aceitam uma proposta menor.
As propostas vencedoras tiveram deságios entre 0,6% e 60%. Para o diretor da Aneel Edvaldo Santana, o fato de o leilão ser de "pequeno" porte -com investimentos previstos de R$ 500 milhões- contribuiu para a forte presença de estatais.
Empresas como Furnas, Chesf e Eletronorte, diz, já possuem uma rede grande de transmissão e, por isso, conseguem "um ganho de escala" em regiões próximas às linhas e podem oferecer uma tarifa menor.
"No final deste mês, vamos licitar as linhas de transmissão das usinas do rio Madeira. A disputa, sem dúvida, será maior, pois são necessários investimentos de R$ 5 bilhões." Santana não descartou, porém, a influência da crise -que já se reflete em crédito mais caro.
"É possível que a crise tenha tido algum efeito, ainda que pequeno. Sem ela, os deságios poderiam ser maiores." O diretor de engenharia da Eletrosul, Ronaldo Custódio, diz que a crise é grave e pode ter afetado o interesse de companhias estrangeiras. Tradicionalmente, as empresas espanholas Isolux e Abengoa costumam entrar pesado nos leilões, com propostas de deságio elevado.
A única empresa privada a levar uma concessão foi a hispano-brasileira Neoenergia, controlada por Banco do Brasil, Previ e Iberdrola. Ela arrematou a concessão de subestação na Bahia, onde tem forte atuação.
Ofereceu o maior deságio do leilão: 60%. Mesmo com uma possível retração do interesse das empresas em meio à crise global, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, disse ontem que o calendário de leilões no setor elétrico será mantido. Segundo ele, o governo trabalha com previsibilidade e a seqüência de leilões "tem que ser cumprida".


Colaborou CIRILO JUNIOR, da Folha Online, no Rio


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