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Crise global afasta investidor estrangeiro de leilão de energia
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A crise financeira nos EUA
afastou investidores externos e
afetou o resultado do leilão de
linhas de transmissão e subestações de energia da Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica), dominado por estatais brasileiras. Apenas uma
companhia privada arrematou
um dos sete lotes ofertados.
Cinco deles ficaram com estatais e um não teve proposta.
O deságio médio ficou em
37,6%, um dos mais baixos dos
últimos leilões. Pelas regras da
oferta, vence a empresa que
aceita a menor receita anual
para o serviço de transmissão
-ou seja, aquelas que aceitam
uma proposta menor.
As propostas vencedoras tiveram deságios entre 0,6% e 60%.
Para o diretor da Aneel Edvaldo Santana, o fato de o leilão
ser de "pequeno" porte -com
investimentos previstos de R$
500 milhões- contribuiu para
a forte presença de estatais.
Empresas como Furnas, Chesf
e Eletronorte, diz, já possuem
uma rede grande de transmissão e, por isso, conseguem "um
ganho de escala" em regiões
próximas às linhas e podem
oferecer uma tarifa menor.
"No final deste mês, vamos licitar as linhas de transmissão
das usinas do rio Madeira. A
disputa, sem dúvida, será
maior, pois são necessários investimentos de R$ 5 bilhões."
Santana não descartou, porém,
a influência da crise -que já se
reflete em crédito mais caro.
"É
possível que a crise tenha tido
algum efeito, ainda que pequeno. Sem ela, os deságios poderiam ser maiores."
O diretor de engenharia da
Eletrosul, Ronaldo Custódio,
diz que a crise é grave e pode ter
afetado o interesse de companhias estrangeiras.
Tradicionalmente, as empresas espanholas Isolux e Abengoa costumam entrar pesado
nos leilões, com propostas de
deságio elevado.
A única empresa privada a levar uma concessão foi a hispano-brasileira
Neoenergia, controlada por
Banco do Brasil, Previ e Iberdrola. Ela arrematou a concessão de subestação na Bahia, onde tem forte atuação.
Ofereceu
o maior deságio do leilão: 60%.
Mesmo com uma possível retração do interesse das empresas em meio à crise global, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio
Zimmermann, disse ontem que
o calendário de leilões no setor
elétrico será mantido. Segundo
ele, o governo trabalha com
previsibilidade e a seqüência de
leilões "tem que ser cumprida".
Colaborou CIRILO JUNIOR,
da Folha Online, no Rio
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