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Mandelson sai e esfria retomada de Rodada Doha
Comissário europeu vai integrar governo britânico
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Comissário de Comércio
europeu, Peter Mandelson,
deixou ontem o cargo para
compor o novo gabinete do premiê britânico Gordon Brown,
praticamente acabando com as
esperanças de uma retomada
da Rodada Doha neste ano.
Entra no lugar a baronesa
Ashton, líder trabalhista na Câmara dos Lordes. Aliado de
Tony Blair e inimigo político de
Brown, Mandelson é uma jogada arriscada do premiê para
reunir o Partido Trabalhista e
garantir que seu governo chegue ao final do mandato.
Ashton vai chefiar a Comissão de Comércio da UE até
meados de 2009, quando acaba
o mandato britânico. Líder trabalhista na Câmara dos Lordes,
Ashton ocupou cargos de destaque em comissões do Parlamento.
A troca de guarda gerou críticas, sobretudo nos EUA. Um alto funcionário americano, que
não quis se identificar, disse
que "remover o comissário europeu a esta altura diminui
drasticamente qualquer esperança para a retomada da Rodada Doha neste ano".
Por ocupar a comissão transitoriamente, Ashton não deve
ter força política para retomar
as negociações, que acabaram
sem sucesso em julho. Em comunicado, o chanceler Celso
Amorim apenas lembrou a luta
dos dois pelo sucesso de Doha.
O Itamaraty não fez menção a
um possível azeitamento da articulação para que as conversas
sejam retomadas.
Agora secretário de Negócios
do governo britânico, Mandelson foi um dos principais negociadores de Doha. O comissário
teve de se desdobrar para unificar a posição européia, dividida
entre países mais protecionistas, como França e Itália, e outros mais liberais, caso do norte
europeu. Foi criticado por ambos os lados, por ir muito longe
e por caminhar pouco.
Também colecionou desafetos, como o ex-representante
americano, Robert Zoellick, e a
atual, Susan Schwab. Um de
seus principais feitos foi a tentativa de reforma dos "instrumentos de defesa comercial".
Governo em frangalhos
Mandelson é peça-chave na
frágil arquitetura do novo gabinete de Gordon Brown. Nos
anos 90, os dois ajudaram a formular o "Novo Trabalhismo",
que garantiu a vitória de Tony
Blair em 1997. Depois de 11
anos no comando, o partido vive uma forte cisão interna, que
levou à queda de Blair e que pode custar a cabeça de Brown.
O atual premiê está tentando
reunir o partido para evitar que
eleições antecipadas entreguem o governo aos Conservadores. Brown, que foi ministro
da Economia e a sombra do governo Blair, amarga baixos índice de popularidade.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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