São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Mandelson sai e esfria retomada de Rodada Doha

Comissário europeu vai integrar governo britânico

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Comissário de Comércio europeu, Peter Mandelson, deixou ontem o cargo para compor o novo gabinete do premiê britânico Gordon Brown, praticamente acabando com as esperanças de uma retomada da Rodada Doha neste ano.
Entra no lugar a baronesa Ashton, líder trabalhista na Câmara dos Lordes. Aliado de Tony Blair e inimigo político de Brown, Mandelson é uma jogada arriscada do premiê para reunir o Partido Trabalhista e garantir que seu governo chegue ao final do mandato.
Ashton vai chefiar a Comissão de Comércio da UE até meados de 2009, quando acaba o mandato britânico. Líder trabalhista na Câmara dos Lordes, Ashton ocupou cargos de destaque em comissões do Parlamento.
A troca de guarda gerou críticas, sobretudo nos EUA. Um alto funcionário americano, que não quis se identificar, disse que "remover o comissário europeu a esta altura diminui drasticamente qualquer esperança para a retomada da Rodada Doha neste ano".
Por ocupar a comissão transitoriamente, Ashton não deve ter força política para retomar as negociações, que acabaram sem sucesso em julho. Em comunicado, o chanceler Celso Amorim apenas lembrou a luta dos dois pelo sucesso de Doha. O Itamaraty não fez menção a um possível azeitamento da articulação para que as conversas sejam retomadas.
Agora secretário de Negócios do governo britânico, Mandelson foi um dos principais negociadores de Doha. O comissário teve de se desdobrar para unificar a posição européia, dividida entre países mais protecionistas, como França e Itália, e outros mais liberais, caso do norte europeu. Foi criticado por ambos os lados, por ir muito longe e por caminhar pouco.
Também colecionou desafetos, como o ex-representante americano, Robert Zoellick, e a atual, Susan Schwab. Um de seus principais feitos foi a tentativa de reforma dos "instrumentos de defesa comercial".

Governo em frangalhos
Mandelson é peça-chave na frágil arquitetura do novo gabinete de Gordon Brown. Nos anos 90, os dois ajudaram a formular o "Novo Trabalhismo", que garantiu a vitória de Tony Blair em 1997. Depois de 11 anos no comando, o partido vive uma forte cisão interna, que levou à queda de Blair e que pode custar a cabeça de Brown.
O atual premiê está tentando reunir o partido para evitar que eleições antecipadas entreguem o governo aos Conservadores. Brown, que foi ministro da Economia e a sombra do governo Blair, amarga baixos índice de popularidade.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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