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EXUBERÂNCIA NACIONAL
Maior fabricante de aço no país atinge resultado 36% melhor do que em igual período de 2003
Lucro da Gerdau passa de R$ 1 bi no trimestre
SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE
O lucro do grupo gaúcho Gerdau, maior fabricante de aço do
país, superou R$ 1 bilhão no terceiro trimestre deste ano e superou as previsões do mercado financeiro. O resultado se deve
principalmente ao aumento do
aço e à retomada da construção
civil no país. As operações do grupo no exterior, que antes estavam
no vermelho, também passaram a
dar lucro neste ano.
De julho a setembro, a Gerdau
lucrou R$ 1,185 bilhão, um crescimento de 35,7% em relação a
igual período do ano passado (R$
873 milhões). Analistas esperavam um número abaixo da marca
de R$ 1 bilhão. No ano, até setembro, o lucro da siderúrgica triplicou e atingiu R$ 2,5 bilhões, o
maior valor em 16 anos.
O crescimento da economia
global, puxado pelos EUA e China, provocou um aumento do
preço do aço no mercado internacional, impulsionando o lucro do
setor. Como os países mais ricos
do globo compram mais, cresce a
demanda por insumos.
Na semana passada, a CST
(Companhia Siderúrgica de Tubarão), terceira maior fabricante
do país, divulgou lucro recorde de
R$ 1,124 bilhão no acumulado de
janeiro a setembro deste ano.
"A alta do preço internacional
do aço foi a grande mola propulsora do lucro", disse o vice-presidente de finanças da Gerdau, Osvaldo Schirmer, para quem os
preços tendem à estabilidade no
quarto trimestre.
No Brasil, o aço sofreu reajuste
de 20% até setembro. No exterior,
60%. Para a Gerdau, não há mais
espaço para uma alta do aço no
Brasil. Boa parte dos reajustes
acabou sendo repassada para o
bolso do consumidor. No caso
dos automóveis, por exemplo, o
preço maior do aço foi o responsável por uma série de realinhamentos adotada pelas montadoras ao longo deste ano.
Na América do Norte, "um ou
outro produto pode ter melhora"
de preço. O executivo também
previu custos maiores com um
aumento do preço da sucata, insumo usado na fabricação do aço.
Schirmer afirmou ainda que o
Brasil deve crescer no ritmo de
4% por ano, o que vai elevar a demanda por aços longos, principalmente pela construção civil.
Nos nove primeiros meses deste
ano, o volume exportado pela
Gerdau caiu 17,7%. Isso ocorreu
porque a Gerdau direcionou suas
vendas para o mercado brasileiro,
onde foi detectado um crescimento da demanda.
O grupo também exibe otimismo com suas usinas no exterior
(Argentina, Uruguai, Chile, EUA
e Canadá). Na segunda-feira passada, a empresa concluiu a compra de quatro unidades da americana North Star Steel. Também
estuda construir uma aciaria na
Argentina.
Gigante
Sobre a intenção do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de
criar um gigante brasileiro do aço,
o grupo indicou seu interesse em
participar desse processo.
O setor está cada vez mais concentrado após a criação da maior
siderúrgica do mundo, no mês
passado, pelo bilionário indiano
Lakshmi Mittal. Uma nova companhia, a ser chamada Mittal
Steel, será criada com a fusão de
duas empresas de Mittal com o
International Steel Group. O valor
combinado das empresas ultrapassa os US$ 17 bilhões.
"O grupo Gerdau é consolidador e um investidor estratégico.
Se o Brasil partir para um processo de consolidação, o Gerdau não
vai ficar de fora", disse o vice-presidente do grupo, Frederico Gerdau Johannpeter.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, a ação preferencial (sem direito a voto) da Gerdau disparou
após a divulgação do lucro e fechou em alta de 4,23%.
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