São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Maior fabricante de aço no país atinge resultado 36% melhor do que em igual período de 2003

Lucro da Gerdau passa de R$ 1 bi no trimestre

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

O lucro do grupo gaúcho Gerdau, maior fabricante de aço do país, superou R$ 1 bilhão no terceiro trimestre deste ano e superou as previsões do mercado financeiro. O resultado se deve principalmente ao aumento do aço e à retomada da construção civil no país. As operações do grupo no exterior, que antes estavam no vermelho, também passaram a dar lucro neste ano.
De julho a setembro, a Gerdau lucrou R$ 1,185 bilhão, um crescimento de 35,7% em relação a igual período do ano passado (R$ 873 milhões). Analistas esperavam um número abaixo da marca de R$ 1 bilhão. No ano, até setembro, o lucro da siderúrgica triplicou e atingiu R$ 2,5 bilhões, o maior valor em 16 anos.
O crescimento da economia global, puxado pelos EUA e China, provocou um aumento do preço do aço no mercado internacional, impulsionando o lucro do setor. Como os países mais ricos do globo compram mais, cresce a demanda por insumos.
Na semana passada, a CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão), terceira maior fabricante do país, divulgou lucro recorde de R$ 1,124 bilhão no acumulado de janeiro a setembro deste ano.
"A alta do preço internacional do aço foi a grande mola propulsora do lucro", disse o vice-presidente de finanças da Gerdau, Osvaldo Schirmer, para quem os preços tendem à estabilidade no quarto trimestre.
No Brasil, o aço sofreu reajuste de 20% até setembro. No exterior, 60%. Para a Gerdau, não há mais espaço para uma alta do aço no Brasil. Boa parte dos reajustes acabou sendo repassada para o bolso do consumidor. No caso dos automóveis, por exemplo, o preço maior do aço foi o responsável por uma série de realinhamentos adotada pelas montadoras ao longo deste ano.
Na América do Norte, "um ou outro produto pode ter melhora" de preço. O executivo também previu custos maiores com um aumento do preço da sucata, insumo usado na fabricação do aço.
Schirmer afirmou ainda que o Brasil deve crescer no ritmo de 4% por ano, o que vai elevar a demanda por aços longos, principalmente pela construção civil.
Nos nove primeiros meses deste ano, o volume exportado pela Gerdau caiu 17,7%. Isso ocorreu porque a Gerdau direcionou suas vendas para o mercado brasileiro, onde foi detectado um crescimento da demanda.
O grupo também exibe otimismo com suas usinas no exterior (Argentina, Uruguai, Chile, EUA e Canadá). Na segunda-feira passada, a empresa concluiu a compra de quatro unidades da americana North Star Steel. Também estuda construir uma aciaria na Argentina.

Gigante
Sobre a intenção do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de criar um gigante brasileiro do aço, o grupo indicou seu interesse em participar desse processo.
O setor está cada vez mais concentrado após a criação da maior siderúrgica do mundo, no mês passado, pelo bilionário indiano Lakshmi Mittal. Uma nova companhia, a ser chamada Mittal Steel, será criada com a fusão de duas empresas de Mittal com o International Steel Group. O valor combinado das empresas ultrapassa os US$ 17 bilhões.
"O grupo Gerdau é consolidador e um investidor estratégico. Se o Brasil partir para um processo de consolidação, o Gerdau não vai ficar de fora", disse o vice-presidente do grupo, Frederico Gerdau Johannpeter.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, a ação preferencial (sem direito a voto) da Gerdau disparou após a divulgação do lucro e fechou em alta de 4,23%.


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