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MEGAFUSÃO BANCÁRIA
Crise acelera união de Itaú e Unibanco
Fusão cria maior banco do país, à frente de BB e Bradesco
Crise global e expansão do Santander estimulam negócio
Relação dos clientes com
os dois bancos não muda
Setubal e Moreira Salles dizem que o negócio não deve causar demissões nem o fechamento de agências
nas duas instituições
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à maior crise do setor bancário global, duas das
maiores instituições privadas
nacionais -o Itaú e o Unibanco- anunciaram ontem sua fusão por meio de troca de ações,
criando o maior banco brasileiro e o 17º do mundo.
Na prática, o que hoje é o Itaú
predominará na nova empresa,
chamada Itaú Unibanco S.A.
Ela será controlada por uma
holding com participação dividida igualmente entre os dois.
Roberto Setubal, presidente
do Itaú, será o presidente do
banco, enquanto Pedro Moreira Salles, que comanda o Unibanco, presidirá o conselho da
nova instituição.
Eles disseram que a fusão
não trará nenhuma alteração
na relação dos clientes com os
dois bancos e negaram demissões ou fechamento de agências após a operação.
Juntos, os dois bancos somam ativos de R$ 575 bilhões e
passam com folga a liderança
do Banco do Brasil, estimada
em R$ 450 bilhões pela consultoria Austin Ratings. Desbancam ainda a liderança do Bradesco na banca privada, solidificada desde os anos 1950, hoje
com ativos de R$ 422 bilhões.
Em entrevista conjunta em
São Paulo, Setubal e Moreira
Salles disseram que o anúncio
da fusão marcava um "dia histórico" em que surgia um
"competidor global": "O mercado brasileiro mudou hoje", disse Setubal.
"Estamos fazendo história
hoje no Brasil, criando o maior
banco do hemisfério Sul. O Brasil precisa ter um banco global.
A gente não faria uma transação dessa dimensão se estivesse com medo. Acreditamos na
economia e na parceria que estamos formando. A crise talvez
tenha criado uma oportunidade de acelerar isso e fazer o projeto acontecer, de ficar mais
forte para caminharmos juntos
nesse projeto", disse Setubal.
Visto como "eterna noiva" do
sistema financeiro, o Unibanco
já havia despertado o interesse
também do Bradesco e de estrangeiros como Citibank. Moreira Salles revelou que a primeira rodada de negociações
com o Itaú ocorreu há dez anos.
Segundo Moreira Salles, as
conversas só evoluíram nos últimos 15 meses em parte como
resposta à compra do Banco
Real pelo espanhol Santander.
"O que vocês estão vendo é
fruto da percepção de que o
Santander pôde ficar com a
operação do Real no Brasil e se
formava um outro tipo de concorrente que nós, bancos brasileiros, não conhecíamos ainda.
Um concorrente com escala
global e com escala local. Os
bancos estrangeiros sempre tiveram dimensão no Brasil menor do que os brasileiros", disse
Moreira Salles.
O Santander, com ativos de
R$ 301,7 bilhões no país, anunciou na semana passada a meta
de se tornar o maior banco privado do Brasil.
As ações dos dois bancos puxaram as altas na Bovespa ontem -16,36% do Itaú e 8,95%
do Unibanco. Juntos, tinham
valor de mercado de R$ 108,747
bilhões no final do pregão.
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