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Vendas de veículos têm 1ª queda do ano em outubro
Número de licenciamentos recuou 2,12% em relação ao mesmo mês do ano passado
Com juros mais altos e prazos menores de financiamento, consumidor sente maior dificuldade
em comprar automóvel
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Como reflexo direto da crise
financeira internacional, as
vendas de veículos no Brasil tiveram em outubro sua primeira queda do ano na comparação
com o mesmo mês de 2007. No
mês passado, foram licenciados
239.267 unidades (entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), contra
244.457 em outubro do ano
passado -uma queda de
2,12%-, de acordo com uma
fonte do setor automotivo.
Em relação a setembro, houve decréscimo de 11%. Naquele
mês, foram vendidos 268.710
veículos.
Outubro foi o primeiro mês
fechado em que foi possível
avaliar os impactos da crise no
país desde seu recrudescimento, no dia 15 de setembro, com o
pedido de concordata do banco
de investimentos norte-americano Lehman Brothers.
"O problema não é a demanda por veículos. Essa continua.
Acontece que já não temos condições de crédito adequadas",
diz Andre Beer, ex-presidente
da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores) e consultor especializado no mercado automotivo.
Com prazos de financiamento mais reduzidos, taxas de juros mais elevadas e maior valor
de entrada, o consumidor agora
tem dificuldade em comprar
automóvel, explica Beer.
De acordo com ele, porém,
dado o impacto da turbulência
global, o resultado das vendas
no mês passado pode ainda ser
considerado "razoável". "Pensamos que a retração viesse
ainda mais acentuada", diz.
Para o último trimestre, Beer
prevê que haja uma queda de
até 10% nos volumes vendidos
em função da escassez de crédito na economia.
Confiança
Segundo o economista Francisco Pessoa, consultor da LCA,
o mês passado foi particularmente negativo em função da
alta volatilidade dos mercados
e de um clima de pessimismo
mais agudo.
"Foi um mês de um susto
muito grande, o que provocou
uma queda na confiança em relação à economia."
Para ele, a tendência é que
haja nos próximos meses "uma
descompressão". "Na medida
em que a volatilidade diminui e
a confiança se restabelece, o
crédito também volta a fluir."
Em um cenário considerado
mais provável, a LCA projeta
um crescimento de 20% nas
vendas de veículos para este
ano e de 5% para 2009.
Pessoa lembra que a desaceleração nas vendas já estava em
curso antes do agravamento da
crise, como efeito da retomada
do aperto monetário pelo Banco Central.
Na última sexta-feira, em
reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, os presidentes
das principais montadoras discutiram formas para aliviar o
crédito no setor.
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider, espera
que as medidas tomadas pelo
governo para injetar maior liquidez no mercado, como a redução nos compulsórios, já comece a surtir efeito nesta semana.
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