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RECUPERAÇÃO
Entre julho e setembro, banco acumula ganhos de R$ 454,8 mi
Após seis meses de queda, BNDES tem lucro de novo
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de registrar forte prejuízo nos primeiros seis meses do
ano, o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) voltou a ter lucro no terceiro trimestre. Entre julho e setembro deste ano, o banco de fomento acumulou ganhos de R$
454,8 milhões.
No ano, porém, o resultado
continua negativo. As perdas de
janeiro a setembro somam R$
1,947 bilhão. Os números foram
entregues pelo BNDES ao Banco
Central. Em 2002, a instituição teve lucro de R$ 550 milhões.
Boa parte do prejuízo deste ano
reflete o efeito negativo que o não-pagamento de débitos da empresa de energia AES, controladora
da Eletropaulo, teve sobre as contas do BNDES. A dívida da empresa norte-americana é de US$
1,2 bilhão. Diante do calote, anunciado em fevereiro, o banco resolveu provisionar todo esse valor
no seu balanço financeiro.
Essas provisões são reservas que
os bancos fazem para enfrentar a
inadimplência esperada nas suas
operações de crédito. É como se a
instituição financeira reservasse
parte de seus recursos para compensar eventuais calotes que venham a ocorrer.
Depois de feitas as provisões, o
banco passou a operar dentro da
normalidade, e o resultado positivo registrado no terceiro trimestre reflete a rentabilidade da sua
carteira de crédito.
Isso não significa que o prejuízo
que o BNDES terá com a AES seja
irreversível. Ambas as partes procuram, por meio de um acordo,
resolver a questão.
Em setembro foi feito um primeiro entendimento, que deu
prazo até o próximo dia 15 para a
controladora da Eletropaulo resolver algumas pendências para
que a renegociação dos débitos
possa ser formalizada. Conforme
a Folha
adiantou, porém, as negociações estão em um impasse e dificilmente o acordo final será fechado na data estipulada. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, já
cogitou, anteontem, ir à Justiça
contra a AES.
Empréstimos
Em setembro último, o total de
empréstimos concedidos pelo
BNDES era de R$ 52,460 bilhões,
um crescimento de 11% em relação ao saldo de R$ 47,269 bilhões
observado em setembro de 2002.
Os financiamentos concedidos
pelo banco correspondem a
13,4% dos créditos oferecidos por
todo o sistema financeiro nacional.
Apesar do resultado positivo do
terceiro trimestre, o BNDES ainda
busca saídas para reestruturar
suas contas. Chegou-se a cogitar a
possibilidade de o Tesouro Nacional injetar cerca de R$ 10 bilhões
no banco estatal, para que a instituição pudesse elevar seu patrimônio líquido e, com isso, oferecesse mais empréstimos.
Anteontem, o BNDES anunciou
que irá reestruturar suas operações no mercado de câmbio.
Além disso, o banco vai se desfazer de parte da carteira de ações,
avaliada em R$ 10 bilhões.
As medidas devem promover
um saneamento nas contas, descartando a necessidade de um
aporte de recursos por parte do
governo.
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, disse ainda
que vai alterar regras que medem
o impacto que o câmbio tem na
contabilidade das instituições financeiras. A medida tem por objetivo dar mais fôlego ao BNDES.
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