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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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RECUPERAÇÃO

Entre julho e setembro, banco acumula ganhos de R$ 454,8 mi

Após seis meses de queda, BNDES tem lucro de novo

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de registrar forte prejuízo nos primeiros seis meses do ano, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) voltou a ter lucro no terceiro trimestre. Entre julho e setembro deste ano, o banco de fomento acumulou ganhos de R$ 454,8 milhões.
No ano, porém, o resultado continua negativo. As perdas de janeiro a setembro somam R$ 1,947 bilhão. Os números foram entregues pelo BNDES ao Banco Central. Em 2002, a instituição teve lucro de R$ 550 milhões.
Boa parte do prejuízo deste ano reflete o efeito negativo que o não-pagamento de débitos da empresa de energia AES, controladora da Eletropaulo, teve sobre as contas do BNDES. A dívida da empresa norte-americana é de US$ 1,2 bilhão. Diante do calote, anunciado em fevereiro, o banco resolveu provisionar todo esse valor no seu balanço financeiro.
Essas provisões são reservas que os bancos fazem para enfrentar a inadimplência esperada nas suas operações de crédito. É como se a instituição financeira reservasse parte de seus recursos para compensar eventuais calotes que venham a ocorrer.
Depois de feitas as provisões, o banco passou a operar dentro da normalidade, e o resultado positivo registrado no terceiro trimestre reflete a rentabilidade da sua carteira de crédito.
Isso não significa que o prejuízo que o BNDES terá com a AES seja irreversível. Ambas as partes procuram, por meio de um acordo, resolver a questão.
Em setembro foi feito um primeiro entendimento, que deu prazo até o próximo dia 15 para a controladora da Eletropaulo resolver algumas pendências para que a renegociação dos débitos possa ser formalizada. Conforme a Folha adiantou, porém, as negociações estão em um impasse e dificilmente o acordo final será fechado na data estipulada. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, já cogitou, anteontem, ir à Justiça contra a AES.

Empréstimos
Em setembro último, o total de empréstimos concedidos pelo BNDES era de R$ 52,460 bilhões, um crescimento de 11% em relação ao saldo de R$ 47,269 bilhões observado em setembro de 2002.
Os financiamentos concedidos pelo banco correspondem a 13,4% dos créditos oferecidos por todo o sistema financeiro nacional.
Apesar do resultado positivo do terceiro trimestre, o BNDES ainda busca saídas para reestruturar suas contas. Chegou-se a cogitar a possibilidade de o Tesouro Nacional injetar cerca de R$ 10 bilhões no banco estatal, para que a instituição pudesse elevar seu patrimônio líquido e, com isso, oferecesse mais empréstimos.
Anteontem, o BNDES anunciou que irá reestruturar suas operações no mercado de câmbio. Além disso, o banco vai se desfazer de parte da carteira de ações, avaliada em R$ 10 bilhões.
As medidas devem promover um saneamento nas contas, descartando a necessidade de um aporte de recursos por parte do governo.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ainda que vai alterar regras que medem o impacto que o câmbio tem na contabilidade das instituições financeiras. A medida tem por objetivo dar mais fôlego ao BNDES.


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