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Desemprego aumentará em 2009, admite governo
Ministro do Trabalho diz que "primeiro trimestre [do próximo ano] será brab o'
Lupi vê antecipação de
demissões e afirma que os
primeiros setores a já
mostrarem retração são
automotivo e construção
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O discurso otimista do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deu lugar à preocupação.
Apesar dos números recordes
de geração de empregos formais registrados neste ano, o
ministro prevê aumento do desemprego no primeiro trimestre de 2009 e avalia que somente a redução das taxas de juros,
agora, pode atenuar o cenário.
"O primeiro trimestre será
brabo. Já estamos fazendo o
que pode ser feito, usando recursos do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] e
do FAT [Fundo de Amparo ao
Trabalhador]. Mas só a redução
dos juros pode mudar o quadro,
mais por um efeito psicológico", disse à Folha Lupi -conhecido por assustar assessores com previsões mais favoráveis do que os estudos técnicos
autorizam.
A taxa de desemprego no
Brasil ficou em 7,5% em outubro, o menor patamar do ano.
Nos três primeiros meses
deste ano, o emprego formal alcançou a marca histórica de
554.440 postos criados -aumento de 39% em relação a
igual período de 2007.
Para 2009, o governo já
anunciou R$ 3 bilhões do
FGTS para socorrer construtoras e mais de R$ 4 bilhões do
FAT para micro e pequenas
empresas. Lupi ainda estuda
ampliar parcela do seguro-desemprego a setores que enfrentarem demissões em massa.
Em outubro, dados do emprego formal mostraram os
primeiros sinais de desaceleração, aumentando a preocupação do governo. Para novembro, Lupi espera resultado ainda pior porque muitas demissões que ocorrem sazonalmente em dezembro foram antecipadas.
Para Fábio Romão, da consultoria LCA, o primeiro trimestre de 2009 aponta quadro
"nada animador". "O mercado
de trabalho estará respondendo com mais clareza aos efeitos
da crise financeira. Hoje os sinais ainda são díspares", disse.
Para Romão, a taxa de expansão dos ocupados de 2009 ficará bem abaixo da estimada para
este ano -3,4%, em 2008, contra 2,1%, em 2009, o que reduz
as vagas abertas aos ingressantes no mercado de trabalho.
Lupi diz que os primeiros setores a demonstrar estrangulamento são automotivo e construção civil. O setor de autopeças calcula que fechará mais de
8.000 vagas até o final deste
mês.
Entre as montadoras, cerca
de 50 mil trabalhadores deverão cumprir férias coletivas.
Segundo a Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores), os dados que serão divulgados hoje
com os resultados de novembro ainda não vão apontar demissões, porque, tecnicamente, os desligados estão sob aviso
prévio.
O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da
Construção), Paulo Safady, disse que, no mês passado o setor
registrou demissões concentradas principalmente nas
grandes empresas. Os dados
ainda estão sendo tabulados.
"Foi encerrado um ciclo de
grandes obras, e houve um movimento maior de demissão. A
crise queimará uma gordura
que foi criada no setor e, com
certeza, continuará mostrando
efeitos em 2009. Não sabemos
com qual intensidade", disse
ele. "Esperamos que o governo
não só mantenha os investimentos como aumente a intensidade para manter os empregos", disse Safady.
No setor bancário, os sindicatos calculam que 900 trabalhadores já tenham sido demitidos nos pequenos bancos.
Ontem, foi a vez de a Vale
anunciar a demissão de 1.300
funcionários. Outros 5.500 trabalhadores da mineradora foram postos em férias coletiva.
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