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Abimaq prevê "carnificina" no emprego após o Natal
Setor diz que os cortes de pedidos já indicam que há paralisação da atividade
Indústria quer prazo maior para pagar tributos, redução imediata da taxa de juros e
cobra medidas para que os
bancos voltem a emprestar
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas
e Equipamentos) prevê uma
"carnificina" sobre o quadro
geral de empregos no país após
as festas de fim de ano. O setor é
responsável hoje por 294,7 mil
empregos diretos.
Ontem, durante apresentação do balanço, o setor colocou
sobre os ombros do governo, e
em parte do sistema bancário
brasileiro, a responsabilidade
de evitar demissões em massa
na indústria de bens de capital.
Dados do Departamento de
Economia e Estatística da associação mostram retração de
10,3% no nível de atividade do
setor em outubro em comparação a setembro. O faturamento
da indústria de máquinas em
outubro foi de R$ 7,33 bilhões.
Na terça-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) havia registrado recuo de 1,7% na atividade industrial em outubro.
Na avaliação do setor, entretanto, a indústria chegou a uma
"encruzilhada". Até outubro, os
dados acumulados são excepcionais, fruto de forte investimento. Entre janeiro e outubro, o faturamento global de R$
65,4 bilhões representou alta
de 24,8% em termos reais (já
descontada a inflação). Segundo Carlos Pastoriza, vice-presidente da Abimaq, esses dados
estão no "retrovisor". "A crise
global mudou as expectativas."
Menos pedidos
O tom alarmista está embasado numa avaliação do atual
cenário de queda brutal das encomendas, da postergação na
entrega de máquinas por falta
de crédito do comprador e,
principalmente, pelo alto nível
de cancelamento de pedidos.
A Abimaq montou um comitê de acompanhamento do setor de bens de capital que tenta
coletar dados para uma avaliação mais detalhada da situação.
Em sondagem, as indústrias revelam que a redução dos pedidos em carteira passou de
24,7% em meados de novembro para 32,3% no fim do mês.
"Os pedidos hoje em carteira
garantem as operações das indústrias até janeiro [de 2009].
Depois disso, pode haver uma
carnificina", diz.
A direção da Abimaq decidiu
montar uma agenda com sete
tópicos para nortear as ações
do governo para "compensar
ou neutralizar" a crise. O primeiro pedido é a postergação,
por mais de 30 dias, no prazo de
pagamento de tributos. Segundo Pastoriza, a medida garantiria o aumento do fluxo de caixa
das empresas. Neste mês entra
em vigor a nova regra para o pagamento de alguns tributos federais, cujos prazos foram ampliados em até dez dias.
Ações firmes
O setor também quer medidas mais firmes do governo para domar a taxa de câmbio, quer
o BNDES no financiamento do
capital de giro (algo já anunciado pela instituição), pede medidas rápidas para os bancos privados voltarem a ofertar crédito ao mercado, cobra a redução
do "spread" bancário, a baixa
imediata da taxa Selic pelo BC
e, por fim, quer que o governo
garanta os empréstimos.
A associação já encaminhou
uma carta com todos esses pedidos à equipe econômica do
governo e ao presidente Lula.
A Abimaq explica que parte
da indústria de bens de capital
começou a demitir trabalhadores. A maior parte, no entanto,
concedeu férias coletivas, mas
não deve manter o quadro
diante da atual perspectiva de
investimentos.
Entre os setores mais afetados está o da indústria de bens
de capital para o setor sucroalcooleiro. Depois de enfrentar a
ressaca de investimentos, a indústria de equipamentos para
usinas de açúcar e álcool é vítima da inadimplência e da forte
redução dos pedidos.
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