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Lula pressiona Banco Central por queda na taxa de juros
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião ontem com o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
fez pressão pela queda da taxa
básica de juros (Selic) na semana que vem. Segundo apurou a
Folha, Lula argumentou que já
há sinais de esfriamento da
economia e que o Banco Central precisa emitir sinais em
sentido contrário.
O Copom (Comitê de Política
Monetária) fará na na terça e na
quarta a última das oito reuniões do ano. O órgão reúne a
diretoria do BC a cada 45 dias
para fixar a taxa Selic, hoje em
13,75% ao ano.
Auxiliares de Lula que criticam o suposto conservadorismo monetário do BC afirmam
que há espaço para fazer política monetária via redução da Selic. O Brasil tem uma das mais
altas taxas do mundo justamente na hora em que outros
países já reduziram drasticamente os juros para combater
os efeitos da crise econômica.
Segundo a Folha apurou, Lula deseja transmitir um sinal
político aos agentes econômicos. Ele julga que o BC deve fazê-lo baixando os juros ainda
neste ano. Na opinião de auxiliares, um viés de baixa já ajudaria, apesar de dizerem, reservadamente, que o desejo presidencial é de queda de 0,25 ponto percentual da Selic.
Anteontem, em cerimônia
pública, Lula chegou a falar que
os juros estão "acima daquilo
que o bom senso indica que deveríamos ter". Como o presidente evita criticar publicamente os juros altos, o recado
de ontem foi um indicativo de
sua pressão sobre o BC.
Nas discussões internas do
governo, o BC vinha argumentando que havia pressão inflacionária e que isso exigia juros
altos. Meirelles vinha defendendo uma atitude cautelosa
na política monetária para avaliar os efeitos da crise econômica internacional sobre o Brasil.
Ou seja, deixar os juros em
13,75% até constatar a necessidade de elevação ou redução.
Na opinião de Lula, já estaria
mais do que claro que não há
possibilidade de elevação por
conta de eventual pressão inflacionária. O presidente avalia
que o quadro de incerteza acabou. Lula ficou alarmado com o
resultado da produção industrial em outubro -queda de
1,7% na comparação com setembro. O dado surpreendeu o
governo e os analistas, que esperavam resultado melhor.
Lula avalia que a manutenção do crescimento econômico
passou a ser prioridade. Na semana passada, na reunião ministerial, disse isso com todas
as letras. Chegou a afirmar que
a crise global diluíra a pressão
inflacionária no Brasil. As notícias de demissões em grandes
empresas (Vale, por exemplo) e
a queda na indústria reforçaram a convicção do presidente.
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