São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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Mercado vive novo dia de euforia

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não adiantou o Banco Central manter o ritmo de suas atuações no mercado de câmbio. O dólar derreteu diante do real ontem, para fechar com expressiva queda de 1,72%, a R$ 2,291.
Além de os investidores estrangeiros (e os bancos locais) seguirem apostando fortemente na valorização do real, o cenário externo não ajudou o dólar.
O mercado internacional repercutiu ontem os sinais dados pelo Fed (banco central dos EUA) de que o processo de elevação dos juros norte-americanos está próximo de seu fim.
Esse cenário ajudou a derrubar o risco-país brasileiro a seu menor nível histórico -294 pontos, em baixa de 2,65%- e fortaleceu a expectativa da continuidade de entrada de capital externo no Brasil. O risco de outros emergentes também caiu. O indicador da Rússia recuou 6,2%, a 106 pontos, e o argentino caiu 3,25%, para 476 pontos.
No exterior, o dólar também perdeu terreno diante de outras moedas, como o euro e o iene.
O BC vendeu ontem cerca de US$ 410 milhões em contratos de "swap cambial reverso". O leilão desses títulos equivale a compras de dólares no mercado futuro -ou seja, representam maior demanda pela moeda americana. A autoridade monetária também comprou dólares diretamente das instituições financeiras.
Mas os estrangeiros demonstram não estarem preocupados com as intervenções do BC. Tanto que suas posições vendidas em dólar na BM&F subiram de US$ 8,51 bilhões para US$ 8,74 bilhões de segunda para terça-feira. O aumento das posições vendidas indica que os investidores confiam cada vez mais na possibilidade de o dólar se desvalorizar.
Além dos estrangeiros, os bancos que operam no país ampliaram suas posições vendidas para US$ 4,110 bilhões em dezembro, vindo de US$ 3,421 bilhões no mês de novembro.
"Independentemente das atuações do BC, a tendência estrutural ainda é de alta [do real]. Mesmo assim, é improvável que o BC deixe de atuar. Se isso acontecesse, haveria uma apreciação muito rápida da moeda brasileira", diz Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Segundo dados apresentados pelo BC, o fluxo de dólares para o país em 2005 foi o maior já registrado desde 1992. Essa enxurrada de dólares ajuda a explicar a queda da moeda americana: têm sobrado dólares em um momento de baixa demanda.

Novo recorde na Bolsa
No mercado acionário, 2006 começou em forte ritmo. A Bolsa de Valores de São Paulo cravou novo patamar recorde (35.002 pontos), ao subir ontem 1,34%. Nesses primeiros dias de 2006, a Bovespa já acumula valorização de 4,62%.
O volume negociado no pregão de ontem chegou aos R$ 2,3 bilhões -a média diária de 2005 foi de R$ 1,6 bilhão.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa, subiu 27,7% em 2005 e foi destaque dentre os principais investimentos do mercado financeiro. As aplicações de renda fixa renderam, em média, 19% no ano passado.
A entrada de capital externo na Bolsa tem sido importante para o bom resultado alcançado pelo mercado local: em 2005, o saldo das compras e vendas de ações feitas por estrangeiros ficou positivo em R$ 5,86 bilhões.
Se os juros realmente deixarem de subir nos EUA, o fluxo de recursos externos para a Bovespa tende a ganhar força, com os investidores procurando oportunidades de ganhos.

Juros mais baixos
A desaceleração da inflação apontada pelo IPC da Fipe, que ficou em 4,53% em 2005 (a menor taxa em cinco anos), favoreceu o recuo das taxas de juros no pregão de ontem da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
O contrato DI -que mostra as projeções futuras para os juros- fechou com taxa de 17,67% ante 17,69% do pregão anterior, mostrando que parte do mercado aposta em uma redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros neste mês. A taxa Selic está em 18% anuais.
No DI que vence em 12 meses. a taxa recuou de 16,39% para 16,35% anuais.
O volume de papéis DI negociados ontem na BM&F saltou 94%, atingindo 525 mil contratos.


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