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Mercado vive novo dia de euforia
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não adiantou o Banco Central
manter o ritmo de suas atuações
no mercado de câmbio. O dólar
derreteu diante do real ontem, para fechar com expressiva queda
de 1,72%, a R$ 2,291.
Além de os investidores estrangeiros (e os bancos locais) seguirem apostando fortemente na valorização do real, o cenário externo não ajudou o dólar.
O mercado internacional repercutiu ontem os sinais dados pelo
Fed (banco central dos EUA) de
que o processo de elevação dos juros norte-americanos está próximo de seu fim.
Esse cenário ajudou a derrubar
o risco-país brasileiro a seu menor nível histórico -294 pontos,
em baixa de 2,65%- e fortaleceu
a expectativa da continuidade de
entrada de capital externo no Brasil. O risco de outros emergentes
também caiu. O indicador da
Rússia recuou 6,2%, a 106 pontos,
e o argentino caiu 3,25%, para 476
pontos.
No exterior, o dólar também
perdeu terreno diante de outras
moedas, como o euro e o iene.
O BC vendeu ontem cerca de
US$ 410 milhões em contratos de
"swap cambial reverso". O leilão
desses títulos equivale a compras
de dólares no mercado futuro
-ou seja, representam maior demanda pela moeda americana. A
autoridade monetária também
comprou dólares diretamente das
instituições financeiras.
Mas os estrangeiros demonstram não estarem preocupados
com as intervenções do BC. Tanto
que suas posições vendidas em
dólar na BM&F subiram de US$
8,51 bilhões para US$ 8,74 bilhões
de segunda para terça-feira. O aumento das posições vendidas indica que os investidores confiam
cada vez mais na possibilidade de
o dólar se desvalorizar.
Além dos estrangeiros, os bancos que operam no país ampliaram suas posições vendidas para
US$ 4,110 bilhões em dezembro,
vindo de US$ 3,421 bilhões no
mês de novembro.
"Independentemente das atuações do BC, a tendência estrutural
ainda é de alta [do real]. Mesmo
assim, é improvável que o BC deixe de atuar. Se isso acontecesse,
haveria uma apreciação muito rápida da moeda brasileira", diz
Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Segundo dados apresentados
pelo BC, o fluxo de dólares para o
país em 2005 foi o maior já registrado desde 1992. Essa enxurrada
de dólares ajuda a explicar a queda da moeda americana: têm sobrado dólares em um momento
de baixa demanda.
Novo recorde na Bolsa
No mercado acionário, 2006 começou em forte ritmo. A Bolsa de
Valores de São Paulo cravou novo
patamar recorde (35.002 pontos),
ao subir ontem 1,34%. Nesses primeiros dias de 2006, a Bovespa já
acumula valorização de 4,62%.
O volume negociado no pregão
de ontem chegou aos R$ 2,3 bilhões -a média diária de 2005 foi
de R$ 1,6 bilhão.
O Ibovespa, principal índice da
Bolsa, subiu 27,7% em 2005 e foi
destaque dentre os principais investimentos do mercado financeiro. As aplicações de renda fixa
renderam, em média, 19% no ano
passado.
A entrada de capital externo na
Bolsa tem sido importante para o
bom resultado alcançado pelo
mercado local: em 2005, o saldo
das compras e vendas de ações
feitas por estrangeiros ficou positivo em R$ 5,86 bilhões.
Se os juros realmente deixarem
de subir nos EUA, o fluxo de recursos externos para a Bovespa
tende a ganhar força, com os investidores procurando oportunidades de ganhos.
Juros mais baixos
A desaceleração da inflação
apontada pelo IPC da Fipe, que ficou em 4,53% em 2005 (a menor
taxa em cinco anos), favoreceu o
recuo das taxas de juros no pregão de ontem da BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros).
O contrato DI -que mostra as
projeções futuras para os juros-
fechou com taxa de 17,67% ante
17,69% do pregão anterior, mostrando que parte do mercado
aposta em uma redução de 0,75
ponto percentual na taxa básica
de juros neste mês. A taxa Selic está em 18% anuais.
No DI que vence em 12 meses. a
taxa recuou de 16,39% para
16,35% anuais.
O volume de papéis DI negociados ontem na BM&F saltou 94%,
atingindo 525 mil contratos.
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