São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise poupa só 8% das ações de índice global

No ano passado, 80% das 1.693 ações do MSCI World, que acompanha 23 Bolsas de países desenvolvidos, perderam valor

Empresas alvo de fusões e do setor de varejo de preços populares se saíram melhor; só Wal-Mart e McDonald's tiveram altas no Dow Jones

DA BLOOMBERG

Cervejarias e produtoras do setor de tabaco impulsionadas por aquisições, ao lado de varejistas de preços populares, foram praticamente as únicas empresas a registrarem alta nas Bolsas no ano passado -o pior período do mercado de capitais desde a Grande Depressão iniciada em 1929.
Os papéis da Anheuser-Busch deram um salto de 31% depois que a InBev concordou em adquirir a empresa, dona da marca Budweiser, para criar a maior cervejaria do mundo. Os papéis da UST dispararam 27% depois que o Altria Group se ofereceu para comprar a empresa, produtora de rapé e charutos. A Fast Retailing, operadora das lojas de confecções a preços populares no Japão, disparou 63%. O Wal-Mart, a maior rede de varejo do mundo, e o McDonald's foram as duas empresas do índice Dow Jones, formado por 30 ações, que subiram.
Apenas 8% das 1.693 ações do índice MSCI World de 23 Bolsas de países desenvolvidos contrariaram a turbulência que atingiu todas as demais no ano passado, quando as maiores empresas financeiras mundiais computaram mais de US$ 1 trilhão em prejuízos com empréstimos e baixas contábeis e geraram a primeira recessão simultânea de Estados Unidos, Europa e Japão desde a Segunda Guerra Mundial. Os papéis de cerca de 80% das empresas que comercializam produtos básicos de consumo -categoria que inclui cervejarias e redes de varejo- registraram perdas.
"Houve pouquíssimas ações nas quais se pudesse manter posição comprada e mantê-la", afirma John Wilson, codiretor de estratégia em ações do Morgan Keegan, que administra US$ 120 bilhões no Estado norte-americano do Tennessee. "Mesmo as ações classicamente defensivas não cumpriram seu papel."
Mais de US$ 30 trilhões foram ceifados das Bolsas mundiais em 2008. O índice Standard & Poor's 500 baixou 38% -a maior queda desde 1937.

Baixas mundiais
A Tunísia foi o único mercado que subiu entre os 69 monitorados pelos índices do MSCI.
Ao todo, 28 índices referenciais nacionais perderam mais de metade de seu valor, capitaneados pelo Micex, da Rússia, que despencou 67%. O CSI 300, da China, teve recuo de 66%, e o Sensex, da Índia, declinou 52%.
O Índice FTSE 100 britânico, com retração de 31%, foi o que computou a menor queda entre os indicadores referenciais de 20 mercados mundiais.
O MSCI World Consumer Staples caiu 25%, mesmo com as altas da Anheuser-Busch, da UST e das varejistas populares.
As ações da Anheuser-Busch subiram dos US$ 52,34 do final de 2007 para US$ 68,58 depois de ser adquirida pela InBev. As da norte-americana UST fecharam no nível recorde de US$ 69,38 em 31 de dezembro do ano passado, impulsionadas pela oferta de compra da Altria.
As ações de lojas com preços populares subiram devido a especulações de que os consumidores vão procurar preços mais baixos com a desaceleração das economias em todo o mundo. A Fast Retailing, sediada no Japão, informou que suas vendas nas lojas Uniqlo abertas há pelo menos 12 meses tiveram salto recorde de 32% em novembro.
As vendas das lojas do Wal-Mart abertas há pelo menos 12 meses subiram 3,4% em novembro e possivelmente 3% em dezembro, segundo a empresa.
O McDonald's, a maior cadeia de restaurantes do mundo, informou que suas vendas mundiais tiveram expansão de 7,7% em novembro, com a promoção de lanches a US$ 1.


Texto Anterior: Paulista vence pregão virtual de 2008 com ganho de 412,8%
Próximo Texto: Apoio a risco levou à crise, diz analista
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.