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Petrobras e Odebrecht compram Quattor
Família Geyer, dona da petroquímica, vende ativos que serão consolidados na Braskem, criando 11ª empresa do setor no mundo
Superação de disputas
com os controladores da
Quattor consolida plano do
governo Lula de criar uma
superpetroquímica nacional
Eduardo Knapp - 25.abr.08/Folha Imagem
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O presidente Lula e Emilio Odebrecht na inauguração de unidade da Braskemem Paulínia (SP); a Petrobras e o grupo Odebrecht se uniram para comprar Quattor
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Petrobras e o grupo Odebrecht se preparavam ontem
para anunciar hoje a compra
dos ativos da Quattor Petroquímica, empresa até agora controlada pela família Geyer.
Os ativos da Quattor serão
incorporados na Braskem. De
acordo com uma fonte que
acompanha a negociação, o fato
relevante deve ser publicado
ainda hoje. O anúncio encerra
uma negociação iniciada em
agosto do ano passado e conclui
o plano do governo Lula de
criar uma superpetroquímica
nacional.
Com a operação, a Braskem
se consolida como a maior empresa petroquímica da América
Latina e passa a ser a 11ª produtora de petroquímicos no mundo, segundo a Consultoria MaxiQuim.
O acordo, costurado madrugada adentro, prevê uma capitalização entre R$ 3 bilhões e
R$ 4 bilhões na nova empresa
-tanto por parte da Petrobras
quanto da Braskem.
As duas centrais petroquímicas da Quattor -PQU, em São
Paulo, e RioPol, no Estado do
Rio, coração da empresa- serão assumidas pela Braskem,
que passará a controlar as quatro centrais de processamento
de nafta e gás natural existentes no país (incluídas Camaçari,
na Bahia, e Triunfo, no Rio
Grande do Sul).
Chamada provisoriamente
de Nova Braskem, a empresa
será controlada pela Odebrecht, mas terá ampla participação da Petrobras, que deve
deter em torno de 49% do capital votante. Em um primeiro
momento, a Petrobras insistiu
em dividir o controle da Braskem com a Odebrecht, o que
emperrou as negociações. Mas
esse ponto foi aparentemente
resolvido ontem.
Parte do atraso no anúncio
do negócio, previsto inicialmente para antes do Natal,
ocorreu pela dificuldade em
bancar a saída da família Geyer
da operação. Controlada por
cinco herdeiros de Paulo Geyer, o fundador do grupo, a família trava ferrenha batalha judicial pelo controle da Quattor.
Prêmio
Ontem, parte da discussão
ainda era o prêmio que Braskem e Petrobras irão pagar pelo
controle dos ativos da Quattor.
Segundo a Folha apurou, a
Quattor como empresa vale
hoje cerca de R$ 7 bilhões, mas
possui uma dívida total de
R$ 6,5 bilhões. O acordo prevê
a assunção da dívida pelo grupo
Odebrecht e a Petrobras.
Dos cerca de R$ 500 milhões
como valor de mercado do controle (excluídas as dívidas), a
família Geyer detém 56% do
capital, o que representa
R$ 280 milhões -o valor aproximado do controle. Exceto o
prêmio pela saída da família,
todas as demais negociações
estavam concluídas.
Disputa familiar
Além da sensível questão do
controle da nova gigante petroquímica, um outro ponto interrompeu as negociações no último mês. Às vésperas do Natal,
com o acordo iminente, o empresário Alberto Soares de
Sampaio Geyer, sócio da Vila
Velha Administração e Participações (controladora da Quattor), obteve liminar em processo no qual pedia a paralisação
das negociações entre os controladores das duas empresas.
Posteriormente, a liminar foi
suspensa.
A ação de Alberto Geyer foi
semelhante à proposta pela irmã Joanita Soares de Sampaio
Geyer. A empresária obteve no
início de outubro passado liminar que inviabilizou a assinatura de qualquer acordo entre
Odebrecht (controladora da
Braskem), Vila Velha (majoritária na Unipar) e Petrobras
(sócia minoritária nas duas petroquímicas) até o começo deste mês. Em dezembro, Joanita
desistiu da ação judicial.
Fontes próximas à negociação disseram que ontem foi fechado o valor da participação
de Alberto Geyer. O empresário negou a informação. À Folha, ele disse: "Tudo o que está
sendo feito está sujeito a ser
desfeito". Ele alega que, apesar
da suspensão da liminar, o processo ainda está sub judice.
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