São Paulo, terça, 5 de janeiro de 1999

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MERCADO FINANCEIRO

Evasão de divisas é de US$ 153 milhões

da Reportagem Local

O Brasil teve nova evasão de divisas ontem, mas de volume pouco preocupante, segundo especialistas. Até as 19h30, o fluxo cambial estava negativo em US$ 97 milhões pelo mercado de dólar comercial e financeiro e em mais US$ 56 milhões pelo flutuante, um segmento do turismo.
O mercado de câmbio funciona até as 21h30, mas os investidores não acreditavam em volume muito superior aos US$ 153 milhões registrados às 19h30.
Segundo especialista, depois da forte evasão de dólares em dezembro, de US$ 5,25 bilhões, o fluxo negativo em janeiro deve ser menor. O mercado trabalha com números entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões. Só de eurobônus, papéis lançados por empresas no mercado externo, vencem cerca de US$ 600 milhões em janeiro.
No ano passado, o fluxo cambial foi negativo em US$ 14,89 bilhões. As reservas cambiais, o caixa em moeda forte do país, iniciam o ano em US$ 35 bilhões, segundo estima o mercado. O Banco Central fala em US$ 38 bilhões.
Com o fraco saldo cambial negativo ontem, o dólar perdeu força contra o real. Nos mercados futuros, as projeções de desvalorização cambial para janeiro (contratos com vencimento em fevereiro) caíram de 1,28% na quarta-feira passada para 1,17% ontem.
Para Nicolas Balafas, do BNP Asset Management, o governo não vai precisar desvalorizar o real contra o dólar mais do que os 7,5% ou 8% previstos em 99.
Se o Congresso aprovar as medidas do ajuste fiscal, acredita, o país conseguirá fechar suas contas externa e interna com a ajuda dos US$ 41,5 bilhões do FMI e países ricos. Se não aprovar, diz Balafas, uma desvalorização maior será inevitável. "Vamos ficar ao sabor do humor dos parlamentares, na dança do Congresso", afirma.
"Ninguém espera uma saída de dólares muito forte neste mês. O mercado está otimista, apostando que o Congresso vai votar a favor da CPMF e do aumento da contribuição dos funcionários públicos federais à Previdência", diz o especialista Manuel Maceira.
Por isso, Maceira acredita que a Bolsa de São Paulo pode ter desempenho positivo em janeiro. "Há vantagens comparativas: sobre os ganhos com ações não recai o IOF de 0,38% aplicado nas operações de renda fixa", diz Maceira. (CRISTIANE PERINI LUCCHESI)


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