FRANCESC PETIT

Meu tucano, que desenhei para um cartaz da Varig em 1953, de repente surge das cinzas do passado como o Fênix, nas páginas de um simpático livro da Chronicle Books, de San Francisco, EUA, com o título "What a Character! 20th Century American Advertising Icons". Na página 53 está uma pequena reprodução do meu tucaninho, que certamente deve ter sido feito pela companhia aérea gaúcha nos anos 70, em forma de uma estatueta, para ser utilizado como brinde. No capítulo Rarity Guide, ele tem a nota máxima 5, "Very Rare"; enquanto o Banny, da Energizer, nota 1; Joe Camel, 3; Mister Clean, 2; Playboy Rabbit, 2; Michelin Man, 1; Eveready Cat, 3.
O excelente e brilhante cartunista Angeli publicou uma charge na Folha de quarta-feira, 26 de fevereiro de 2000, mostrando o presidente Fernando Henrique Cardoso no cenário mais conhecido da propaganda brasileira que se tornou um "ícone" dessa famosa marca de produtos de limpeza Bom Bril.
Essa criação mostra a força que a direção de arte tem no mundo da propaganda, como se costuma dizer: "Uma imagem vale por mil palavras". Como autor desse visual e dessa famosa campanha que tantos prêmios deu à DPZ, fico feliz vendo-a reproduzida neste jornal pelas mãos do talentoso Angeli. Ainda poderemos esperar algumas décadas para ver o mesmo visual em alguma famosa pintura da nobreza européia pendurada nas paredes do Louvre.
O jornal "O Globo", do dia 27 de janeiro de 2000, traz de volta o polêmico fotógrafo da Benetton com seu discurso infantil sobre publicidade, dizendo que esta é enganosa, prometendo que as pessoas ficam mais belas, sensuais e poderosas vestindo a roupa tal.
A vaidade é inerente ao ser humano. Desde o antigo Egito, os homens e mulheres já consumiam roupas, jóias e produtos de beleza para ficar mais belos, sensuais e poderosos. Talvez até existam alguns anúncios publicados nas paredes dos antigos palácios ou monumentos anunciando as grifes famosas da época. Aliás, diferentemente do sr. Toscani, acho que as roupas da Benetton deixam as pessoas mais lindas, mais sensuais e até mais poderosas.
Outra notícia curiosa é sobre a fábrica francesa de automóveis Renault, que investirá US$ 100 milhões para uma nova unidade no Paraná a fim de aumentar sua participação no Mercosul, hoje com 2,7%. Essa conta já foi da DPZ na sua chegada ao Brasil, importando produtos produzidos na Argentina.
Não consigo entender como essa grande marca do automobilismo mundial, com uma gama de produtos excepcionais, tanto no seu design como principalmente no desempenho, com preços extremamente competitivos, não tem pretensões muito mais ambiciosas para o Mercosul, pois é uma marca compatível com a Volkswagen, Fiat, GM e Ford. Não entendo por que tanta modéstia.
Talvez não seja o caso de a empresa investir numa nova fábrica, e sim num marketing e propaganda mais agressivos, implantando-se de vez no país, pois já são 40 anos que essa prestigiosa marca francesa ronda o Mercosul.