São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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Copesul acirra a disputa pelo controle acionário da Copene

da Sucursal do Rio

A Copesul (Companhia Petroquímica do Sul) decidiu entrar na disputa para a compra do controle acionário da Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste) e já enviou carta de intenções ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), espécie de coordenador informal do processo de reestruturação do setor.
A entrada da Copesul acirra ainda mais a disputa pelo controle da empresa baiana, maior central de matérias-primas petroquímicas do Brasil, que vinha sendo travada entre o grupo paulista Ultra e empresas internacionais do setor. O grupo Ultra já obteve um compromisso de associação do BNDES ao seu projeto.
O governo brasileiro não esconde seu desgosto com a possibilidade de o setor petroquímico, criado com majoritária presença estatal na década de 70, passar ao controle do capital estrangeiro.
O argumento é que as grandes empresas internacionais do setor, como Dow, Union Carbide (as duas em processo de fusão), Basf e outras, tendem a crescer de maneira dominante, sufocando a concorrência.

Mudança de desenho
Mas a chegada da Copesul -controlada pelos grupos Ipiranga e Odebrecht- à disputa contraria o desenho traçado pelo próprio BNDES para o setor petroquímico no Brasil.
O banco deseja a formação de três grandes grupos, materializados nos três pólos da indústria do país -das regiões Nordeste, Sudeste e Sul.
Por esse desenho, a Odebrecht ficaria no controle apenas da Copesul e das indústrias de segunda geração (elaboram a matéria-prima da central petroquímica) do pólo localizado em Triunfo (RS), abrindo mão da sua presença na Copene, que se dá por meio da empresa Triken.
A Triken é uma das controladoras da Norquisa (Nordeste Química S/A), a holding que controla a Copene.
Além do grupo Odebrecht, os principais donos da Copene são os grupos Mariani (Petroquímica da Bahia) e Econômico.
A participação do extinto banco Econômico se dá por meio da holding Conepar, que vem sendo administrada pelo BC (Banco Central) desde a quebra do Econômico. O ex-proprietário do banco Econômico, Ângelo Calmon de Sá, vem tentando recuperar o controle das empresas não-financeiras do grupo.

Odebrecht
A entrada da Copesul na disputa pela Copene seria uma iniciativa do grupo Ipiranga, mas há no governo a suspeita de que haja também na investida o interesse da Odebrecht em dar a volta por cima.
A Odebrecht nunca escondeu seu desejo de permanecer no controle da petroquímica baiana e resiste ao projeto do BNDES de segmentação do setor por pólo.

Chances remotas
A Folha apurou que são remotas as chances de o banco estatal apoiar financeiramente um projeto de compra da Copene por uma controlada do Odebrecht, grupo que acumula dívidas superiores a R$ 1 bilhão.


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