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Especialista defende política mais agressiva
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nos últimos anos, as vendas
brasileiras para os EUA apresentam volume cada vez menor
de produtos complexos e uma
predominância de produtos de
pouco valor agregado. O fenômeno ressalta a necessidade de
uma política industrial agressiva, segundo especialistas ouvidos pela Folha.
A exceção que auxilia as estatísticas oficiais é a Embraer,
terceira maior fabricante de
aviões do planeta, que identificou e atendeu a um nicho específico no mercado de aeronaves. Suas encomendas são uma
exceção no tipo de produto embarcado pelo Brasil rumo aos
Estados Unidos.
No ano passado, por exemplo, não havia produto complexo ou tecnológico na lista de
dez principais artigos vendidos
aos norte-americanos, retirando a Embraer da lista.
Itens como telefones celulares, automóveis e calçados ocupavam, até 2003, o espaço que
hoje está nas mãos de petróleo,
ferro, ouro e café.
Segundo o presidente da
Abracomex (Associação Brasileira de Comércio Exterior),
Primo Roberto Segatto, o Brasil vem perdendo espaço no
mercado norte-americano em
diversos produtos, como pisos,
louças, granitos, telefones celulares, papel e celulose, entre
muitos outros.
"Se não for feito nada, a tendência é caírem ainda mais as
vendas para os Estados Unidos", afirmou Segatto.
O caso dos telefones portáteis é exemplar, para Segatto. A
Motorola exportava para os
EUA, mas reduziu as atividades
pelo custo das operações no
Brasil, com impostos, taxas e
burocracia.
"A GE quer investir em ferrovias no Brasil, isso exige exportação de insumos e equipamentos nossos para eles. Se não houver essa aproximação,
acontecerá o mesmo caso dos
celulares", disse Segatto.
Além das commodities, outros produtos também ganham
espaço nas vendas aos Estados
Unidos.
Classificados oficialmente
como produtos manufaturados, são artigos como produtos
químicos, pneus e sucos de frutas, entre outros.
Pauta
Professor de economia da
Universidade de Brasília, Roberto Piscitelli avaliou que o
Brasil já avançou na diversificação de destinos para as exportações e que agora precisa melhorar a pauta de produtos, em
especial a lista apresentada aos
compradores mais tradicionais.
"Estamos exportando mais,
mas o grau de desagregação dos
nossos produtos é relativamente muito pequeno, são manufaturados muito mixurucas, produtos que não permitem ao
Brasil alçar vôos mais amplos",
disse Piscitelli.
Em declarações oficiais, os
ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento
sempre rebatem críticas de que
as relações com os Estados
Unidos têm importância menor que a integração com os
emergentes, prioridade declarada do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Quando deixou o cargo de
embaixador do Brasil nos Estados Unidos, em 2006, Roberto
Abdenur criticou a existência
de um viés ideológico no Itamaraty responsável por uma
atenção menor aos EUA.
No ano passado, as vendas do
agronegócio brasileiro para os
Estados Unidos recuaram
8,7%. As exportações de soja,
por exemplo, caíram 89,65%.
(IURI DANTAS)
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