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Governo turbina PAC em R$ 190 bi até 2010
Em 2007 e 2008, Planalto estima ter investido 40% do orçamento previsto
Investimento para 2011,
após término do mandato
de Lula, é elevado em
R$ 313 bi; pré-sal domina
os gastos extras para 2010
LEANDRA PERES
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa cerimônia com forte
tom político e discursos otimistas dizendo que a crise financeira não derrubará a economia
brasileira, o governo anunciou
um aumento de gastos com o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) baseado na
inclusão de investimentos que
já estavam previstos fora do
plano e prometeu realizar R$
505,2 bilhões em obras que só
sairão do papel se o presidente
da República que assumirá em
2011 levar adiante o programa.
Lançado em 2007 como a espinha dorsal do segundo mandato do presidente Lula, o PAC
deveria investir R$ 503,9 bilhões, entre recursos do governo, da iniciativa privada e das
estatais até 2010. Agora, a previsão é que o valor chegue a R$
693,1 bilhões, o equivalente a
um ano da arrecadação de impostos do governo federal.
Além disso, o programa ganhará um reforço de R$ 313 bilhões após 2010. Se concluído,
totalizará investimentos de R$
1,148 trilhão, o equivalente a
quantia pouco acima da dívida
do setor público de 2008, que
ficou em R$ 1,070 trilhão.
"O governo quer ter um candidato para fazer isso [os investimentos após 2010]. Se serei
eu ou não, é outra história.
Querida, essa resposta, você
não tira de mim nem amarrada", disse a ministra Dilma
Rousseff, ao ser indagada se desejaria ser a responsável por
continuar o PAC.
O governo estima que tenha
gasto cerca de R$ 200 bilhões,
ou 40% do orçamento inicial do
PAC, e concluído obras no valor
de R$ 48,3 bilhões nesses dois
anos. A projeção, no entanto,
não é precisa. Uma avaliação
parcial, que deixa de fora os investimentos em portos, aeroportos, habitação, saneamento
e o que o governo recebeu em
concessões, totaliza aplicações
de R$ 115,8 bilhões, menos de
25% do orçamento original.
Se forem considerados os investimentos federais e aqueles
feitos pela Petrobras, há aumento nos gastos depois do
PAC. Em 2006, o total investido equivalia a 1,4% do PIB, e em
2008 atingiu 2,10% do PIB.
Quase 90% dos R$ 142,1 bilhões de reforço nos gastos do
PAC até 2010 equivalem a investimentos que a Petrobras
havia anunciado na semana
passada (R$ 112 bilhões), à
construção do trem de alta velocidade que ligará São Paulo
ao Rio de Janeiro (R$ 11 bilhões), projeto que já era conhecido, e a um programa de
dragagem de portos (R$ 4 bilhões), que passou a fazer parte
do PAC. "Não estamos fazendo
uma maquiagem. O governo está aberto a fazer um imenso esforço no PAC", afirmou Dilma.
Pelos critérios adotados pelo
governo, são consideradas novos investimentos todas as
obras que, mesmo já previstas
ou conhecidas, ainda não haviam sido incorporadas ao
PAC. De acordo com Dilma,
80% dos novos gastos se enquadram nesse critério. Os outros
20% são ampliações de obras
que já eram parte do programa.
Entre os novos investimentos, ela também citou as refinarias que a Petrobras fará no
Nordeste, a ferrovia Oeste-Leste, que ligará a Bahia ao Tocantins. "O PAC não é uma mera
lista de obras nem uma peça de
marketing. É um projeto de desenvolvimento do Brasil."
Durante as quase três horas
de apresentação, ela e os ministros Guido Mantega (Fazenda)
e Paulo Bernardo (Planejamento) não deixaram de comparar a situação econômica
atual com a do governo Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). "Não quebramos
e nem recorremos ao FMI nos
moldes anteriores, quando havia redução de investimento e
corte de salário. O governo não
está parado e inerte diante da
crise, como ficava antes", afirmou Dilma Rousseff.
O governo não detalhou como pretende financiar a elevação nos gastos do PAC. Nem divulgou a parcela de aportes que
caberá ao governo federal.
"Acho que gastamos até agora um pouco mais de dois quintos (40%). Os três quintos restantes (60%) serão aplicados
até 2010. À medida que se aproxima 2010, a capacidade de gasto do governo aumenta. Mas é
uma estimativa, não estou falando que eu juro que é isso."
Os critérios de inclusão de
obras no programa também serão alterados. O governo vai retirar do PAC aquelas que incluam, por exemplo, problemas
ambientais, e repassar os recursos para obras que caminham bem. A outra proposta é
mudar a lei orçamentária para
que o governo tenham recursos
garantidos para concluir obras.
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