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Mesmo com recessão, imigrantes ganham mais que em seu país
DE NOVA YORK
Para os estrangeiros que
emigram e conseguem emprego nos EUA, nem a recessão
abala os ganhos financeiros dos
próximos anos. Projeta-se que
os salários americanos cairão
em média 1,5% em 2009 por
causa da crise, mas pesquisa da
Universidade Harvard calcula
que imigrantes podem ganhar
nos EUA de 2 a 15 vezes mais do
que o pago pelo mesmo trabalho em seus países de origem.
"Para um haitiano que pode
elevar sua renda no mínimo
600% só por vir aos EUA, essa
queda de salário por causa da
situação econômica passa despercebida", diz Michael Clemens, coautor do estudo. "Estamos falando de algo que transforma totalmente suas vidas e as de seus familiares. A diferenças de salário estão em escalas verdadeiramente épicas."
A pesquisa afirma que, "em
uma estimativa conservadora,
o ganho de um trabalhador de
qualificação moderada que se
muda para os EUA é de US$ 10
mil [ajustados em paridade do
poder de compra] por trabalhador, por ano -mais ou menos o
dobro da renda per capita no
mundo em desenvolvimento".
O estudo não leva em conta o
índice de desemprego, só salários, do setor formal e informal.
"Claro que, com a recessão, essa oportunidade será ofertada a
menos gente", diz Clemens.
A maior diferença de salários
entre 42 países pesquisados e
os EUA foi no Iêmen. Um homem de 35 anos, com nove
anos de educação e de região
urbana, ganha em média nos
EUA 15,45 vezes mais do que
um cidadão com as mesmas características que não emigrou.
Nas Américas, quem mais ganha ao sair são os haitianos;
quem vai para os EUA ganha
em média dez vezes mais do
que quem ficou, pelo mesmo
trabalho. Para o Brasil, a diferença é de 3,76 vezes a mais nos
EUA, no exemplo citado.
Além de comparar dois trabalhadores -o que ficou e o que
emigrou-, o estudo também
compara quanto o mesmo trabalhador ganha pelo mesmo
trabalho antes e depois de emigrar. A intenção é eliminar possíveis distorções não observáveis da amostra (imigrantes
que falam inglês ou têm conexões nos EUA, por exemplo,
têm menos custos para emigrar). De toda forma, a diferença é grande. "Um brasileiro poderia aumentar sua renda em
mais de 170% só porque botou
os pés nos EUA", diz Clemens.
A menor diferença entre todos os países pesquisados ficou
com a República Dominicana:
pelo mesmo trabalho e mesma
formação, um empregado ganha duas vezes mais nos EUA.
Segundo o estudo, os números mostram que a discriminação salarial criada pelas fronteiras internacionais é, para
grande número de países em
desenvolvimento, no mínimo
tão grande quanto qualquer
forma de discriminação a grupos sociais no mesmo mercado.
É também mais vantajoso, em
termos financeiros, vir para os
EUA do que receber ajuda de
programas públicos. "O valor
recebido em uma vida inteira
de acesso ao microcrédito para
um homem de Bangladesh
equivale a um mês de trabalho
nos EUA", afirma o estudo.
"As barreiras ao movimento
do trabalho criam o que é aparentemente a maior intervenção antipobreza disponível para pessoas de países pobres
[emigrar]. As consequências
econômicas são colossais."
(AM)
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