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"Cochilo" jurídico
vai custar R$ 173 mi
da Reportagem Local
O espólio da Cooperativa Agrícola de Cotia é alvo de quase 3.000
ações trabalhistas, espalhadas por
vários Estados. Mas uma delas,
em especial, chama a atenção dos
bancos credores e da Justiça.
Trata-se de uma ação em que a
cooperativa foi derrotada por ter
deixado de se defender em três fases fundamentais do processo.
Até os juízes responsáveis pelo
processo estranharam o procedimento dos advogados da Cotia.
A perda nos tribunais vai custar
R$ 173 milhões à Cotia. Se o departamento jurídico da CAC tivesse atuado como mandam os
manuais de direito, a indenização
seria de, no máximo, R$ 1 milhão.
A conta é de um advogado da
própria Cotia, José Thomaz Figueiredo Gonçalves de Oliveira,
contratado depois que o estrago
já havia sido feito. Sua função é
tentar uma reviravolta, quase impossível, nas instâncias superiores, em Brasília.
"É muito difícil convencer os
juízes de que cabe rever o julgamento, uma vez que a CAC já teve
as oportunidades para apresentar
seus cálculos e não o fez. A luz no
fim do túnel é tentar mostrar que
a diferença entre os valores é um
escândalo", diz Oliveira.
Nomes repetidos
O processo foi movido pelo Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de São
Paulo, em nome dos 750 funcionários da CAC que trabalhavam
em Ceasas. A lista de funcionários, escrita a mão, tinha 16 nomes
repetidos.
Os 750 empregados da CAC
eram carregadores de frutas e legumes, que ganhavam o equivalente a R$ 700,00 por mês, e gerentes com salários de R$
4.000,00.
Numa conta grosseira, cada um
receberá, em média, R$ 200 mil. O
advogado do sindicato pode levar
mais de R$ 10 milhões.
O processo foi movido para cobrar o pagamento de horas extras,
auxílio-creche e outros benefícios, de três dissídios trabalhistas.
A conta foi inflada por correção,
juros e multa, mas a Cotia não
apresentou cálculos contestando
os números, como é de praxe.
"Se os valores são altos é porque
a Justiça do Trabalho não presta.
Ela sempre trabalhou assim", diz
Nilson Simões de Moura, o Alemão, presidente do sindicato.
Alemão diz que não haveria como a Cotia apresentar números
diferentes, uma vez que os cálculos seguem as regras da lei. "Desafio qualquer um a apresentar valores alternativos", diz Alemão.
O liquidante nomeado pela Justiça, Felipe Pugliese, acha que não
se trata de um problema matemático. Sua suspeita é que não foi
coincidência o fato de os advogados terem esquecido três vezes de
contestar os cálculos na Justiça.
"Os liquidantes nomeados pelos cooperados sentaram sobre o
patrimônio. Nesse período houve
uma avalanche de processos trabalhistas, alguns deles suspeitos,
que acabaram atacando o patrimônio da Cotia em vez de seguir
os trâmites rotineiros de uma liquidação", diz Pugliese.
Os antigos liquidantes da Cotia,
Keyro Simomoto, Ysau Maeda e
Osamu Iwashiro, alegam que não
são responsáveis pela perda da
ação na Justiça. "Fizemos as apelações, a Cotia ainda está recorrendo", diz Maeda.
Os ex-liquidantes alegam que
estavam com tudo pronto para
seguir o que manda a lei: vender
os imóveis e pagar os credores na
ordem de preferências legais. Mas
foram impedidos por uma ação
judicial do Banco do Brasil que
proibiu a venda dos bens.
"As acusações de que havia
combinação para levar fatias do
patrimônio são totalmente infundadas e estamos contestando na
Justiça", diz Maeda.
(RG)
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