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COOPERATIVA
Credores investigam se há favorecimento a nova entidade no PR
Imóveis são alugados para
antigos associados da CAC
da Reportagem Local
A antiga Cooperativa Agrícola
de Cotia ressurgiu das cinzas no
norte e oeste do Paraná. Dois anos
depois da quebradeira da CAC,
em 1994, parte de seus antigos associados se reuniu em torno de
uma nova bandeira, a das Cooperativas Integradas.
O nome é novo, mas as propriedades são as mesmas. Mais de
80% dos imóveis ocupados pelas
Cooperativas Integradas pertencem à velha CAC.
São escritórios, armazéns e fábricas alugados em 16 cidades paranaenses. Para a Justiça, os ex-liquidantes da CAC fizeram um
"precinho" camarada para os colegas da Integradas.
"Os aluguéis rebaixados indicam a existência de favorecimentos à custa dos credores da antiga
cooperativa de Cotia", diz Felipe
Pugliese, liquidante judicial.
A área alugada para as Integradas soma 1,8 milhão de metros
quadrados e o valor total do aluguel é R$ 88 mil. As Cooperativas
Integradas faturam R$ 200 milhões por ano, principalmente
com a produção de grãos.
Até a sede da Integradas, na avenida Celso Garcia, em Londrina,
consta da lista de imóveis alugados pela CAC. É um conjunto de
escritórios que ocupa um quarteirão inteiro, numa área de 10 mil
metros quadrados.
O aluguel está em torno de R$
2.500,00 por mês. Nas contas de
uma imobiliária da cidade, o valor
poderia ser multiplicado por quatro ou, no mínimo, por três.
"Os imóveis são velhos, a situação dos agricultores é difícil e provavelmente os escritórios e armazéns ficariam vazios se nós não os
alugássemos", diz Jorge Hashimoto, superintendente das Cooperativas Integradas. "Além disso, investimos R$ 3,2 milhões na
melhoria dos imóveis."
Esse é o mesmo argumento
adotado pelos ex-liquidantes da
cooperativa, responsáveis pelos
contratos de locação. Segundo
Ysau Maeda, não havia opção.
"Não podíamos vender os imóveis porque havia proibição judicial devido a uma ação do Banco
do Brasil", diz Maeda. "Na maioria das vezes não encontramos interessados na locação e por isso
demos descontos e poderíamos
até ceder os imóveis de graça desde que pagassem o IPTU."
O que chama a atenção dos bancos credores e dos liquidantes é
que, em muitos casos, os imóveis
foram alugados justamente para
ex-cooperados.
É o caso do antigo clube da cooperativa, instalado em Cotia, a 40
minutos de São Paulo. O Cooperclube tem uma estrutura de primeira categoria. Numa área de
170 mil metros quadrados, o clube tem 11 quadras de tênis, dois
campos de futebol e dois campos
de beisebol. Seus 1.200 associados
pagam mensalidade de R$ 61,00
por mês e, com taxa extra, podem
ter aulas de karaokê e tai-chi-chuan.
Quando a CAC quebrou, os liquidantes procuraram o Cooperclube para negociar um aluguel.
Acertaram por R$ 12 mil por mês.
Corretores de imóveis avaliam
que a área é nobre e o aluguel poderia ser multiplicado por cinco.
Os diretores do Cooperclube dizem que os sócios não teriam como pagar. Mesmo assim, já reuniram R$ 4 milhões entre os sócios
para tentar comprar o imóvel.
O objetivo dos bancos credores
e dos liquidantes judiciais é rever
todos os contratos, tomar posse
dos imóveis e levá-los a leilão.
"Deve ser restabelecida a ordem
de pagamento das dívidas", diz o
advogado de oito bancos, José
Hélio Borba. Segundo ele, os Contratos de Adiantamento de Câmbio (ACCs), acertados com os
bancos, são os que têm que ser pagos em primeiro lugar.
A disputa pelo patrimônio é tão
grande que os próprios bancos
credores andaram batendo cabeça e, devido a uma ação do Banco
do Brasil, os imóveis ainda não
podem ser vendidos.
A situação jurídica é tão complicada que alguns prédios já foram
a leilão, mas ainda não se decidiu
com quem fica o patrimônio. Um
símbolo do fracasso da cooperativa de Cotia é a área onde seria
construído o shopping da CAC,
no Largo da Batata, no bairro de
Pinheiros. O empreendimento
fracassado é alvo de investigação
por parte dos liquidantes judiciais, que ainda não encontraram
nos arquivos contábeis parte do
pagamento pela área. No momento, o que seria o shopping de
uma das maiores empresas brasileiras é usado como estacionamento e ponto de camelôs.
(RG)
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