São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


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Calote levou prejuízo a 83 bancos

da Reportagem Local

Ao quebrar, em 1994, a Cooperativa Agrícola de Cotia deu o calote em 83 bancos. Na lista dos maiores credores apareciam com destaque o Banespa e o Banco do Brasil.
A CAC é a maior devedora para o Banespa, pendurada com um papagaio de pelo menos R$ 600 milhões. A cooperativa também está na lista dos maiores devedores do Banco do Brasil, com uma conta pendente de mais de R$ 150 milhões.
No caso do Banespa, a conta está pendente também no Ministério Público e na Justiça. Segundo denúncia do Ministério Público, o banco paulista concedeu empréstimos de maneira irregular, ultrapassando os limites de créditos aprovados para a cooperativa.
Segundo os procuradores federais, os empréstimos para a cooperativa não seguiam os trâmites normais. Em vez de pedir o financiamento ao gerente do banco na agência do Ceasa de São Paulo, os diretores da CAC tratavam diretamente com alguns figurões do alto escalão do Banespa.
Para levantar empréstimos, a CAC ofereceu como garantia papéis que seriam títulos de confissão de dívida por parte dos cooperados. Os papéis, na verdade, eram simples listas de devedores da cooperativa. Não tinham o menor valor legal.
Quanto maior era o rombo da cooperativa, maior o acesso da diretoria da CAC aos cofres do banco. Análises de técnicos do Banespa já indicavam que era um alto risco dar dinheiro para a empresa.

Temeridade
"A situação econômica e financeira da Cooperativa Agrícola de Cotia revelava-se catastrófica, sendo uma temeridade, verdadeira prodigalidade, a concessão de crédito a uma empresa nesta situação", descreve o relatório dos procuradores federais.
Mesmo assim, o banco de São Paulo continuou a girar a roda financeira até que os próprios cooperados decidissem promover a autoliquidação da empresa. Outros bancos também sofreram o calote, mas numa escala muito menor.
Em 1994, a dívida total da cooperativa era estimada em R$ 866 milhões. O débito era repartido entre ações trabalhistas (2,39%), impostos (9,59%) e fornecedores (5,15%), mas a maior parte era mesmo com os bancos.
As maiores dívidas privadas com o sistema financeiro estavam com bancos como o Nacional, que também quebrou, com o Real, mais tarde comprado pelo ABN Amro, com o Lloyds e o Sudameris. Praticamente todos os bancos médios e grandes brasileiros perderam dinheiro com a falência da CAC. A dívida com os bancos somava, na época, R$ 656 milhões. (RG)







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