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Calote levou prejuízo a 83 bancos
da Reportagem Local
Ao quebrar, em 1994, a Cooperativa Agrícola de Cotia deu o calote em 83 bancos. Na lista dos
maiores credores apareciam com
destaque o Banespa e o Banco do
Brasil.
A CAC é a maior devedora para
o Banespa, pendurada com um
papagaio de pelo menos R$ 600
milhões. A cooperativa também
está na lista dos maiores devedores do Banco do Brasil, com uma
conta pendente de mais de R$ 150
milhões.
No caso do Banespa, a conta está pendente também no Ministério Público e na Justiça. Segundo
denúncia do Ministério Público, o
banco paulista concedeu empréstimos de maneira irregular, ultrapassando os limites de créditos
aprovados para a cooperativa.
Segundo os procuradores federais, os empréstimos para a cooperativa não seguiam os trâmites
normais. Em vez de pedir o financiamento ao gerente do banco na
agência do Ceasa de São Paulo, os
diretores da CAC tratavam diretamente com alguns figurões do alto escalão do Banespa.
Para levantar empréstimos, a
CAC ofereceu como garantia papéis que seriam títulos de confissão de dívida por parte dos cooperados. Os papéis, na verdade,
eram simples listas de devedores
da cooperativa. Não tinham o menor valor legal.
Quanto maior era o rombo da
cooperativa, maior o acesso da diretoria da CAC aos cofres do banco. Análises de técnicos do Banespa já indicavam que era um alto
risco dar dinheiro para a empresa.
Temeridade
"A situação econômica e financeira da Cooperativa Agrícola de
Cotia revelava-se catastrófica,
sendo uma temeridade, verdadeira prodigalidade, a concessão de
crédito a uma empresa nesta situação", descreve o relatório dos
procuradores federais.
Mesmo assim, o banco de São
Paulo continuou a girar a roda financeira até que os próprios cooperados decidissem promover a
autoliquidação da empresa. Outros bancos também sofreram o
calote, mas numa escala muito
menor.
Em 1994, a dívida total da cooperativa era estimada em R$ 866
milhões. O débito era repartido
entre ações trabalhistas (2,39%),
impostos (9,59%) e fornecedores
(5,15%), mas a maior parte era
mesmo com os bancos.
As maiores dívidas privadas
com o sistema financeiro estavam
com bancos como o Nacional,
que também quebrou, com o
Real, mais tarde comprado pelo
ABN Amro, com o Lloyds e o Sudameris. Praticamente todos os
bancos médios e grandes brasileiros perderam dinheiro com a falência da CAC. A dívida com os
bancos somava, na época, R$ 656
milhões.
(RG)
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