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Lula vai propor a governadores que cobrança do ICMS mude
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O primeiro passo da proposta
de reforma tributária que será
apresentada amanhã aos governadores reunidos com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva é mudar o sistema de cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços) sobre exportações.
O projeto em elaboração no
Ministério da Fazenda prevê o
abatimento automático dos
créditos que as empresas exportadoras têm junto aos governos estaduais, de modo que
não seja mais possível acumular esses ressarcimentos.
Esse novo sistema não teria
prazo de transição, entrando
em vigor imediatamente após a
aprovação da reforma.
A solução técnica para esse
problema passaria pela criação
de uma espécie de "imposto
virtual" sobre as exportações.
Esse "tributo" seria, então, ressarcido com recursos de um
fundo criado especificamente
para esse fim.
A compensação automática,
no entanto, ficaria restrita às
vendas feitas pelas empresas ao
exterior depois de aprovado o
projeto do governo.
Ou seja, o estoque de mais de
R$ 13 bilhões que as empresas
têm atualmente contra os governos estaduais por conta das
exportações não seriam compensados agora.
A equipe econômica avalia
que não há como discutir as
duas coisas ao mesmo tempo
porque a perda de arrecadação
não poderia ser suportada pelos Estados.
O reconhecimento automático dos créditos terá impacto
negativo sobre as receitas de alguns governadores. Entretanto, no Ministério da Fazenda
acredita-se que esse problema
possa ser contornado.
Pelo sistema atual, os produtos destinados à exportação
que têm que ir de um Estado
para outro antes de embarcarem para o exterior recolhem
12% na origem.
Quando chegam ao Estado de
destino, não há o pagamento do
ICMS, já que o produto será exportado. Mas a empresa, que já
recolheu 12% de imposto em
outro Estado, pede o ressarcimento. O problema é que a arrecadação entrou no cofre do
Estado de origem, mas será
descontada do governador de
onde sai a mercadoria para a
exportação.
Na prática, o que acontece é
que os governos estaduais não
fazem o ressarcimento e ganham ao deixar de repassar às
empresas os recursos transferidos pela União para esses fins.
Já as empresas acumulam créditos de ICMS que nunca podem ser abatidos.
Difícil solução
"Esse é o problema de mais
difícil solução na questão do
ICMS. O imposto virtual é uma
tentativa de fazer o ressarcimento ao exportador, mas estará sempre condicionado à liquidez do fundo. A saída que vejo é
permitir que o exportador
compense seus créditos com
impostos federais e, ao mesmo,
tempo extinguir os repasses
aos Estados", afirma Everardo
Maciel, ex-secretário da Receita Federal.
Ele reconhece que a proposta
tem um custo fiscal para o governo federal, mas avalia que é
mais fácil encontrar formas de
compensar a União do que chegar a um consenso com cada
um dos governadores.
O Ministério da Fazenda já
apresentou aos secretários de
Fazenda estaduais propostas
para criar o ICMS virtual, mas o
Confaz (Conselho Nacional de
Política Fazendária), que reúne
representantes de todos os Estados, não acatou a idéia.
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