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Cresce importação de máquinas usadas
Fornecedores tradicionais como Alemanha estão sobrecarregados, e indústria traz equipamento usado para elevar produção
Compra de maquinário usado cresce 68% em 2007; temor é que país se torne grande destino de equipamentos obsoletos
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da dificuldade em encontrar material novo para entrega rápida, o setor industrial
aumentou no ano passado a
participação de máquinas usadas, adquiridas de empresas e
fornecedores estrangeiros, nas
fábricas em atividade no país. E
a tendência, segundo avaliação
do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento,
Ivan Ramalho, é a continuidade
desse processo em 2008.
Só no ano passado, a compra
no exterior de maquinário usado cresceu 68%. O gasto com
essas compras subiu de US$
1,421 bilhão em 2006 para US$
2,385 bilhões em 2007.
A maior parte dos equipamentos usados que vem sendo
instalados nas fábricas brasileiras foi usada antes por empresas dos EUA e da Europa. A
China também é uma fornecedora, mas em menor volume.
Entre os equipamentos constam caldeiras, reatores nucleares, instrumentos mecânicos,
máquinas eletrônicas e elétricas, aparelhos de som e imagem, aparelhos cirúrgicos, partes e peças para máquinas em
geral e equipamentos para uso
em autopeças. Na lista também
figuram veículos e material para ferrovias, tratores, embarcações e aeronaves. Além de autopeças, os bens de capital de segunda mão estão sendo usados
em siderúrgicas, fábricas que
produzem máquinas, indústria
química, empresas de transportes e de energia.
A decisão de ampliar o uso de
equipamentos usados importados é polêmica. Embora ajude a
resolver um problema momentâneo, torna o Brasil destino de
material obsoleto.
Ramalho diz que a demanda
mundial por bens de capital está aquecida em razão da expansão asiática e que os industriais
brasileiros estão sendo levados
a importar máquinas usadas
porque não podem aguardar
prazos de entregas de 12 a 24
meses. Em alguns casos, os empresários recorrem a essa situação enquanto aguardam a
entrega da encomenda nova.
"Isso está acontecendo porque falta máquina para pronta-entrega, e os empresários precisam investir para atender à
demanda interna e também para exportar. Tive relatos de que
isso está ocorrendo no setor de
autopeças e percebo que em
outros setores também."
Ramalho acha que a compra
de usados tende a aumentar
neste ano porque os tradicionais fornecedores, como as fábricas alemãs, não conseguirão
solucionar o gargalo da falta de
produtos para entrega imediata no curto prazo.
O outro lado da questão é o
risco de o Brasil se tornar o destino de maquinário de tecnologia ultrapassada descartado
por empresas americanas e européias. Associações industriais vêem a elevação desse tipo de importação com apreensão porque avaliam que esse
movimento pode comprometer a competitividade da indústria nacional.
A compra de máquinas e
equipamentos é o destaque das
importações do Brasil. No primeiro bimestre deste ano, esse
gasto aumentou 57%, chegando a US$ 2,4 bilhões. Esse ritmo de crescimento é maior que
o de 2007, quando as importações atingiram o recorde de
US$ 120,6 bilhões, com US$
25,1 bilhões de maquinário.
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