|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil retorna ao topo do ranking das taxas de juros reais
Juro descontada a inflação está em 6,73%, ante 6,69% da Turquia; Copom deve manter hoje a Selic em 11,25% ao ano
Maior taxa do planeta tende a continuar a atrair capital
externo para o país, o que favorece o dólar em baixa;
moeda fechou a R$ 1,686
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil retomou o posto de
país com a maior taxa real de
juros do mundo. Em julho passado, havia perdido esse título
para a Turquia. Apenas uma redução da taxa básica Selic hoje
evitaria que isso ocorresse
-mas ninguém no mercado financeiro conta com essa possibilidade.
Os juros reais brasileiros,
considerando a atual Selic de
11,25%, estão hoje em 6,73%
anuais. A Turquia, líder até então, registra taxa real de 6,69%.
O ranking elaborado pela UpTrend Consultoria Econômica
mostra ainda a Austrália em 3º,
com taxa de 4,89%, e o México
em 4º, com 4,18%.
Os juros reais são calculados
a partir da taxa básica de juros,
descontando dela a inflação
projetada para os próximos 12
meses.
Ainda hoje, provavelmente
no início da noite, o Copom
(Comitê de Política Monetária
do Banco Central) vai anunciar
como fica a taxa Selic. A expectativa predominante no mercado é de manutenção dos juros
em 11,25% anuais.
Segundo projeção do último
boletim "Focus", feito semanalmente pelo BC a partir de
pesquisa com cem instituições
financeiras, a taxa Selic deve ficar inalterada até o fim de
2008.
"O Copom não deve alterar
os juros básicos neste primeiro
semestre. Se decidir voltar a reduzir a taxa Selic, o mais provável é que isso ocorra apenas lá
pelo fim do ano, quando poderá
ter uma visão melhor das variáveis econômicas", afirma Jason
Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria
Econômica.
Reflexo cambial
Os juros reais no topo do
mundo ajudam a explicar o fato
de o dólar ter descido nos últimos dias a seu mais baixo valor
desde maio de 1999. Ontem, a
moeda americana fechou vendida a R$ 1,686, em alta de
0,84%. Mas, no ano, o dólar
acumula depreciação de 5,12%
diante do real.
Com os juros brasileiros nas
alturas, os investidores internacionais ficam mais tentados
a aplicarem em ativos no mercado brasileiro.
O que tem ocorrido constantemente é os investidores emprestarem dinheiro lá fora, a taxas menores, e reaplicá-lo no
país, onde os juros são mais elevados. Assim, lucram com a diferença das taxas.
Dessa forma, juros maiores
acabam por estimular o fluxo
de recursos para o país. E uma
maior oferta de dólares, em um
momento de baixa demanda
pela moeda, apenas colabora
para o recuo no preço da divisa.
Como o BC não deve cortar
os juros tão cedo, são grandes
as chances de o dólar se manter
em baixos níveis históricos e
mesmo testar novos patamares. Além disso, juros reais elevados não são favoráveis aos investimentos do setor privado. A
atenção dos empresários, na
hora de planejar seus investimentos futuros, está sempre
voltada para o nível de juros
praticados.
"Nossa avaliação é que o BC
irá manter a taxa Selic em
11,25% ao ano nessa reunião.
Achamos baixa a probabilidade
de uma elevação da taxa Selic
nesse encontro. Porém, achamos que a hipótese da não-unanimidade não deve ser desprezada", avalia Alexandre Póvoa,
diretor responsável pela Modal
Asset Management.
"Acreditamos que o BC deseje manter em alta o seu tom de
preocupação, deixando sempre
o mercado convivendo com o
risco iminente de um aperto da
política monetária. Tal estratégia, se bem implementada, poderia até dispensar uma elevação efetiva da taxa Selic", completa Póvoa.
Texto Anterior: Faturamento da indústria do setor aumenta 12,6% Próximo Texto: Bolsa de SP é afetada pelo cenário externo negativo e recua 1,29% Índice
|