São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Fundo quer indicar novos administradores para VarigLog

Matlin Patterson trava disputa judicial com sócios brasileiros

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O fundo de investimentos norte-americano Matlin Patterson pediu à Justiça o direito de indicar novos administradores para a companhia de transporte de carga VarigLog.
Segundo Lap Chan, executivo representante do fundo, a indicação de administradores de renome é fundamental para que haja novos investimentos, de sua parte, na empresa.
A VarigLog é administrada hoje por José Carlos Rocha Lima, indicado por decisão judicial, sem vinculação com os atuais sócios da empresa. Os donos da VarigLog -o Matlin Patterson e três sócios brasileiros (Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel)- travam disputa judicial com ações no Brasil e no exterior desde a metade de 2007.
Eles se associaram por meio da Volo do Brasil para controlar a VarigLog, mas se desentenderam na administração, feita pelos sócios brasileiros, dos recursos recebidos pela venda da Varig para a Gol.
A VarigLog é uma ex-subsidiária de transporte de cargas da Varig. Quando entrou em crise, a Varig vendeu a empresa de carga à Volo do Brasil. Mas a crise se agravou, e a VarigLog acabou por comprar as operações da Varig, em 2006. Depois as revendeu à Gol, no ano passado, por US$ 320 milhões.
Na semana passada, relatório preliminar elaborado a pedido do administrador judicial indicou que é impossível medir com exatidão aspectos como ativos, passivos, receitas e despesas da VarigLog. Além disso, mostrou que havia contabilidade paralela com despesas que eram aprovadas pelo Conselho de Administração da empresa.
Os sócios brasileiros foram destituídos da gestão da VarigLog por decisão da Justiça.
"Estamos empenhados em recuperar e reestruturar a VarigLog. Não acreditamos na sua quebra, a despeito das irregularidades praticadas pelos antigos administradores. Mas só poderemos fazer novos investimentos se houver ambiente de confiança para os investidores", disse Chan à Folha.
Chan afirma que o fundo nunca teve conhecimento da existência de uma lista de gastos aprovada diretamente pelo Conselho de Administração, presidido por Audi. O empresário brasileiro diz que o fundo estava ciente das operações.
"Os documentos disponíveis até o momento mostram que eles gastaram em proveito próprio boa parte do capital que o fundo investiu na companhia. Outra parte foi mal gerida", disse Chan. Ele afirma que a lista de gastos aprovados diretamente pelo conselho inclui recursos para a Tucson Aviação, que pertence a Audi, além do pagamento de escritórios de advocacia em ações contra o fundo. No relatório, o nome da Tucson aparece como serviço de consultoria. No primeiro bimestre, o relatório aponta o pagamento de R$ 27.757,30. No segundo semestre do ano passado, de R$ 108.050.
Audi afirma que os advogados que aparecem na lista de gastos aprovados pelo conselho foram contratados para representar a empresa em ações que corriam na Justiça. Sobre a Tucson Aviação, diz que os pagamentos haviam sido acertados com o Matlin Patterson.
O fundo acusa ainda os sócios brasileiros de terem aberto conta na Suíça em que teria sido depositada parte do dinheiro da venda da Varig. E diz que os brasileiros teriam vendido parte das ações dadas em garantia pela Gol na transação.
Decisão judicial bloqueou os recursos, estimados em US$ 200 milhões. Os brasileiros dizem que o dinheiro foi depositado em conta da VarigLog no exterior e que o fundo só teria direito a receber em 2011.


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