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Fundo quer indicar novos administradores para VarigLog
Matlin Patterson trava disputa judicial com sócios brasileiros
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O fundo de investimentos
norte-americano Matlin Patterson pediu à Justiça o direito
de indicar novos administradores para a companhia de transporte de carga VarigLog.
Segundo Lap Chan, executivo representante do fundo, a
indicação de administradores
de renome é fundamental para
que haja novos investimentos,
de sua parte, na empresa.
A VarigLog é administrada
hoje por José Carlos Rocha Lima, indicado por decisão judicial, sem vinculação com os
atuais sócios da empresa. Os
donos da VarigLog -o Matlin
Patterson e três sócios brasileiros (Marco Antonio Audi, Luiz
Eduardo Gallo e Marcos Haftel)- travam disputa judicial
com ações no Brasil e no exterior desde a metade de 2007.
Eles se associaram por meio
da Volo do Brasil para controlar
a VarigLog, mas se desentenderam na administração, feita pelos sócios brasileiros, dos recursos recebidos pela venda da
Varig para a Gol.
A VarigLog é uma ex-subsidiária de transporte de cargas
da Varig. Quando entrou em
crise, a Varig vendeu a empresa
de carga à Volo do Brasil. Mas a
crise se agravou, e a VarigLog
acabou por comprar as operações da Varig, em 2006. Depois
as revendeu à Gol, no ano passado, por US$ 320 milhões.
Na semana passada, relatório
preliminar elaborado a pedido
do administrador judicial indicou que é impossível medir
com exatidão aspectos como
ativos, passivos, receitas e despesas da VarigLog. Além disso,
mostrou que havia contabilidade paralela com despesas que
eram aprovadas pelo Conselho
de Administração da empresa.
Os sócios brasileiros foram
destituídos da gestão da VarigLog por decisão da Justiça.
"Estamos empenhados em
recuperar e reestruturar a VarigLog. Não acreditamos na sua
quebra, a despeito das irregularidades praticadas pelos antigos administradores. Mas só
poderemos fazer novos investimentos se houver ambiente de
confiança para os investidores", disse Chan à Folha.
Chan afirma que o fundo
nunca teve conhecimento da
existência de uma lista de gastos aprovada diretamente pelo
Conselho de Administração,
presidido por Audi. O empresário brasileiro diz que o fundo
estava ciente das operações.
"Os documentos disponíveis
até o momento mostram que
eles gastaram em proveito próprio boa parte do capital que o
fundo investiu na companhia.
Outra parte foi mal gerida",
disse Chan. Ele afirma que a
lista de gastos aprovados diretamente pelo conselho inclui
recursos para a Tucson Aviação, que pertence a Audi, além
do pagamento de escritórios de
advocacia em ações contra o
fundo. No relatório, o nome da
Tucson aparece como serviço
de consultoria. No primeiro bimestre, o relatório aponta o pagamento de R$ 27.757,30. No
segundo semestre do ano passado, de R$ 108.050.
Audi afirma que os advogados que aparecem na lista de
gastos aprovados pelo conselho
foram contratados para representar a empresa em ações que
corriam na Justiça. Sobre a
Tucson Aviação, diz que os pagamentos haviam sido acertados com o Matlin Patterson.
O fundo acusa ainda os sócios brasileiros de terem aberto conta na Suíça em que teria
sido depositada parte do dinheiro da venda da Varig. E diz
que os brasileiros teriam vendido parte das ações dadas em
garantia pela Gol na transação.
Decisão judicial bloqueou os
recursos, estimados em US$
200 milhões. Os brasileiros dizem que o dinheiro foi depositado em conta da VarigLog no
exterior e que o fundo só teria
direito a receber em 2011.
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