São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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Entrada de dólares volta a ficar positiva em fevereiro

Fluxo de capital estrangeiro fica em US$ 841 mi depois de 4 meses no vermelho

Superávit comercial após queda nas importações e retorno de investidores externos à Bolsa explicam resultado melhor


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de acumular quatro meses de resultados negativos, de outubro a janeiro, o fluxo de capital estrangeiro ao Brasil voltou a ficar positivo em fevereiro, disse o Banco Central. O volume de recursos que entrou no país no mês superou as remessas feitas no período em US$ 841 milhões.
O retorno dos investidores estrangeiros à Bolsa colaborou: pela primeira vez desde maio de 2008, o saldo dessas aplicações ficou positivo, em R$ 544 milhões.
O resultado de fevereiro foi positivo graças, principalmente, ao comportamento do comércio exterior. Essas transações responderam por um ingresso líquido de US$ 2,871 bilhões no país, valor quase quatro vezes maior do que o superávit apurado em janeiro.
Já as chamadas operações financeiras -que incluem, por exemplo, os investimentos externos no mercado financeiro- continuaram apresentando saldo negativo, embora menor do que o de meses anteriores. Em fevereiro, esse segmento respondeu pela saída de US$ 2,030 bilhões do país, queda de 43% em relação a janeiro.
O saldo positivo do mês passado não compensa todas as perdas registradas desde o agravamento da crise financeira internacional, já que, entre outubro de 2008 e janeiro passado, o BC registrou uma saída líquida de US$ 21,2 bilhões do país. Mas pode ser um sinal de que o fluxo de dólares para o país começa a se normalizar.
Para o economista-chefe do BNP Paribas no Brasil, Alexandre Lintz, o que chama a atenção é a recuperação dos negócios de comércio exterior, bastante afetados pela escassez de crédito causada pela crise. "Já se percebe melhora na conta de comércio, uma maior normalização, principalmente devido à queda nas importações."
Segundo Lintz, porém, a expectativa é que ao longo do primeiro semestre os números continuem apresentando fortes oscilações, devendo mostrar uma recuperação mais forte a partir da segunda metade do ano, quando a alta do dólar ocorrida nos últimos meses já deverá apresentar efeitos mais concretos sobre as contas externas do país -freando importações e favorecendo exportações, por exemplo.
Além disso, caso a economia mundial comece a dar algum sinal de reação, espera-se que o preço das commodities no mercado internacional suba, o que ajudaria a impulsionar o saldo da balança comercial.
Para Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, as condições do mercado apresentaram uma certa melhora nas últimas semanas, principalmente na oferta de financiamentos para exportações.
Segundo o analista, colabora para essa melhora a atuação do BC, que tem usado dólares das reservas internacionais para aumentar a disponibilidade de linhas de crédito para o comércio exterior. Ele ressalta, porém, que os empréstimos oferecidos pelos bancos para exportadores continuam com juros mais altos que os praticados antes do agravamento da crise.
A situação é um pouco mais tranquila para grandes empresas, que são vistas pelas instituições financeiras como bons pagadores, mas continua difícil para pequenos exportadores. "Já deu para tirar a água do nariz, mas ela ainda está no pescoço. Qualquer onda mais forte leva todo mundo", diz Battistel.


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