|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Entrada de dólares volta a ficar positiva em fevereiro
Fluxo de capital estrangeiro fica em US$ 841 mi depois de 4 meses no vermelho
Superávit comercial após queda nas importações e retorno de investidores externos à Bolsa explicam resultado melhor
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de acumular quatro
meses de resultados negativos,
de outubro a janeiro, o fluxo de
capital estrangeiro ao Brasil
voltou a ficar positivo em fevereiro, disse o Banco Central. O
volume de recursos que entrou
no país no mês superou as remessas feitas no período em
US$ 841 milhões.
O retorno dos investidores
estrangeiros à Bolsa colaborou:
pela primeira vez desde maio
de 2008, o saldo dessas aplicações ficou positivo, em R$ 544
milhões.
O resultado de fevereiro foi
positivo graças, principalmente, ao comportamento do comércio exterior. Essas transações responderam por um ingresso líquido de US$ 2,871 bilhões no país, valor quase quatro vezes maior do que o superávit apurado em janeiro.
Já as chamadas operações financeiras -que incluem, por
exemplo, os investimentos externos no mercado financeiro- continuaram apresentando saldo negativo, embora menor do que o de meses anteriores. Em fevereiro, esse segmento respondeu pela saída de US$
2,030 bilhões do país, queda de
43% em relação a janeiro.
O saldo positivo do mês passado não compensa todas as
perdas registradas desde o
agravamento da crise financeira internacional, já que, entre
outubro de 2008 e janeiro passado, o BC registrou uma saída
líquida de US$ 21,2 bilhões do
país. Mas pode ser um sinal de
que o fluxo de dólares para o
país começa a se normalizar.
Para o economista-chefe do
BNP Paribas no Brasil, Alexandre Lintz, o que chama a atenção é a recuperação dos negócios de comércio exterior, bastante afetados pela escassez de
crédito causada pela crise. "Já
se percebe melhora na conta de
comércio, uma maior normalização, principalmente devido à
queda nas importações."
Segundo Lintz, porém, a expectativa é que ao longo do primeiro semestre os números
continuem apresentando fortes oscilações, devendo mostrar uma recuperação mais forte a partir da segunda metade
do ano, quando a alta do dólar
ocorrida nos últimos meses já
deverá apresentar efeitos mais
concretos sobre as contas externas do país -freando importações e favorecendo exportações, por exemplo.
Além disso, caso a economia
mundial comece a dar algum sinal de reação, espera-se que o
preço das commodities no
mercado internacional suba, o
que ajudaria a impulsionar o
saldo da balança comercial.
Para Mário Battistel, gerente
de câmbio da Fair Corretora, as
condições do mercado apresentaram uma certa melhora
nas últimas semanas, principalmente na oferta de financiamentos para exportações.
Segundo o analista, colabora
para essa melhora a atuação do
BC, que tem usado dólares das
reservas internacionais para
aumentar a disponibilidade de
linhas de crédito para o comércio exterior. Ele ressalta, porém, que os empréstimos oferecidos pelos bancos para exportadores continuam com juros mais altos que os praticados
antes do agravamento da crise.
A situação é um pouco mais
tranquila para grandes empresas, que são vistas pelas instituições financeiras como bons
pagadores, mas continua difícil
para pequenos exportadores.
"Já deu para tirar a água do nariz, mas ela ainda está no pescoço. Qualquer onda mais forte
leva todo mundo", diz Battistel.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Frase Índice
|