|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Telebrás perde R$ 20,6 milhões em 2009
Apesar do prejuízo, ações da estatal, que pode ser responsável pelo plano de banda larga do governo, valorizaram-se em 142% em 2009
Desde privatização, função da Telebrás é administrar dívida; Dirceu recebeu R$ 620 mil
de grupo que tem a ganhar
com reativação da empresa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Telebrás, estatal que poderá ser responsável pelo Programa Nacional de Banda Larga do
governo, fechou 2009 com prejuízo de R$ 20,6 milhões. A empresa tem passivo a descoberto
(os ativos não pagam todas as
dívidas) de R$ 16,2 milhões. No
total do prejuízo acumulado, a
futura superestatal da banda
larga tem perdas de R$ 435 milhões. O prejuízo, no entanto, é
melhor do que o de 2008, quando foram registradas perdas de
R$ 31,8 milhões.
Desde a privatização do setor, em 1998, a função da Telebrás é administrar dívidas e pagá-las com receitas que obtém
por meio das aplicações de seus
recursos no mercado bancário.
Até o final de 2008, a empresa
era ré em 1.189 ações e o passivo
total (soma dos riscos remotos,
possíveis e prováveis) era de R$
284 milhões (R$ 246 milhões
são prováveis).
Apesar dos resultados financeiros ruins e do prejuízo acumulado, as ações da Telebrás
vêm tendo grande valorização
na Bolsa. As informações que o
governo vem dando sobre a
empresa, com a sua possível
reativação para gerir fibras ópticas das estatais do setor elétrico e vender serviços de acesso à internet de alta velocidade,
chegaram a valorizar as ações
em 35.000%.
Em dezembro de 2002, o lote
de mil ações ordinárias da Telebrás valia R$ 0,01. No dia 8 de
fevereiro, os papéis chegaram a
ser negociados a R$ 2,95, variação nominal de 29.000% ou de
35.000% -considerando dividendos e juros sobre o capital
próprio, diz a Economática.
Ao longo do ano de 2009, a
valorização das ações ordinárias foi de 141,6%.
Em dezembro de 2009, o governo conseguiu, na Justiça,
que a rede de 16 mil quilômetros de fibras ópticas que estava
na massa falida de outra empresa com participação estatal,
a Eletronet, passasse para as estatais do setor elétrico.
Com a decisão, fortaleceu-se
a ideia do governo de usar a Telebrás como gestora dessa rede
de fibras, para atuar no mercado a fim de massificar o acesso à
internet em alta velocidade,
com preços menores do que os
cobrados hoje pelas empresas
privadas no setor.
Reportagem publicada pela
Folha em fevereiro revelou que
o ex-ministro José Dirceu recebeu ao menos R$ 620 mil do
principal grupo empresarial
privado que será beneficiado
caso a Telebrás seja reativada.
O empresário Nelson dos Santos, um dos sócios privados da
Eletronet, diz ter direito a receber cerca de R$ 200 milhões
por sua participação, adquirida
em 2005 por R$ 1.
Funcionários
A Telebrás fechou 2009 com
227 empregados (pouco mais
de 20% do que ela tinha na época da privatização), sendo que
só quatro trabalham na empresa. Os outros estão cedidos para
outros órgãos do governo, principalmente para a Anatel.
O salário médio dos funcionários da empresa é de R$
4.700 (o maior, de R$ 13.800; o
menor, de R$ 1.300). Para os dirigentes, a maior remuneração
paga foi de R$ 18.200.
Até a privatização, a empresa
era uma gigante do setor. Foi
controladora de 54 empresas
concessionárias de serviços públicos de telecomunicações,
sendo 27 empresas de telefonia
fixa, 26 empresas de telefonia
celular e uma empresa de telefonia de longa distância.
A empresa tem milhares de
acionistas minoritários. Em dezembro de 2009, a União detinha diretamente 89,88% das
ações ordinárias com direito a
voto e 72,67% de seu capital total, que, somados às participações detidas por outras empresas federais, totalizam 74,58%
do capital.
(HUMBERTO MEDINA)
Texto Anterior: Vinicius Torres Freire: Gregos e tucanos Próximo Texto: Indústria cresce 1% e reverte as perdas do final de 2009 Índice
|