São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999
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CRÉDITO EXTERNO
Empréstimo de US$ 100 mi está sendo concluído pelo ABN-Amro
ABN-Amro volta a obter empréstimos no exterior

RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local


Pela primeira vez desde o início do ano, uma empresa sediada no Brasil conseguiu emitir títulos e levantar capital no exterior. A filial brasileira do banco holandês ABN-Amro está concluindo a emissão de títulos no valor de US$ 100 milhões essa semana.
"Estamos começando a reabrir a porta do mercado financeiro internacional ao Brasil. É a primeira emissão de bônus feita por uma empresa brasileira em 1999", afirma Fábio Barbosa, presidente da filial brasileira do banco holandês ABN-Amro.
O dinheiro está sendo levantado junto a grandes clientes (private banking) do banco na Europa, na Ásia e nos paraísos fiscais do Caribe . Cerca de US$ 90 milhões já foram arrecadados.
Os recursos serão destinados a financiar operações de leasing e conceder empréstimos a clientes do banco, principalmente para quitar dívida em dólares com outros credores.
O ABN-Amro teve de pagar mais caro e reduzir os prazos de vencimento do débito em relação a emissões anteriores. Foi a alternativa para atrair o interesse dos investidores internacionais, que temem aplicar no país e perder o dinheiro com uma eventual moratória ou uma limitação de envio de dólares para o exterior.
Até o ano passado, o banco emitia títulos no exterior com vencimento de dois anos pagando 5,6 pontos percentuais acima da Libor, a taxa de juros interbancária inglesa. A atual emissão é de seis meses e paga 12,25% ao ano, o equivalente a 7,25 pontos percentuais acima da Libor.
"A volta ao mercado de capitais internacional começa com taxas mais altas e prazos mais curtos, com clientes privados dos bancos. Só numa segunda etapa é possível levantar recursos junto aos grandes fundos de investimento", diz Barbosa. Como o ABN-Amro tem uma dívida de US$ 150 milhões vencendo no próximo dia 9, deverá haver uma compensação na movimentação dos dólares. O banco deverá remeter ao exterior US$ 50 milhões, diferença entre o que tem de pagar e o que deve trazer com a nova emissão para o país.
O banco já estuda fazer outras emissões, principalmente na época de vencimento de outro bônus, de US$ 100 milhões, em 31 de março. "O Brasil está voltando ao jogo. Se o mercado lá fora tiver com capacidade para absorver novas emissões, vamos fazer novas operações", diz o executivo.
Como o mercado externo está fechado, muitas empresas brasileiras têm tentado rolar suas dívidas oferecendo garantias extras.
O ABN-Amro não precisou oferecer nenhuma garantia a mais do que as que vinham sendo adotadas até o ano passado para levantar os recursos. "Pagamos uma taxa mais alta, mas o importante é que os clientes voltaram a comprar papéis brasileiros."


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