São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999 |
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REPERCUSSÃO Indústria apresenta ressalva a decisão do comitê do Banco Central de elevar as taxas do custo do dinheiro Banco aplaude e comércio critica juro alto
da Reportagem Local
Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo: "O aumento dos juros não é compatível com a atividade empresarial nem com a rolagem da dívida do governo. O efeito dessa taxa de juro desesperadora no comércio é mais quedas nas vendas, a fuga do consumidor, a falência de pequenas empresas e o aumento do desemprego". João Paulo Reis Velloso, ex-ministro do Planejamento no governo Médici): "Pelo que entendi, o objetivo é evitar que as taxas de juros se tornem negativas em termos reais. Talvez a gente devesse começar a lidar com taxas mensais. Ficar falando em taxas anuais desorienta mais do que orienta". Marcílio Marques Moreira, ex-ministro da Economia do governo Collor: ""Havia claramente um excesso de liquidez no mercado de R$ 27 bilhões. R$ 5 ou R$ 6 bilhões foram enxugados via depósito compulsório. Agora precisa enxugar um pouco mais. Estamos com tentações inflacionárias devido ao overshooting do dólar". Sérgio Haberfeld, presidente da Abre (Associação Brasileira de Embalagem): "Enquanto não for aprovado o ajuste fiscal e o dólar não se estabilizar o que vai atrair dinheiro para o país é o juro alto. Acho que o país precisa ter mesmo uma única taxa de juros para se guiar. O aperto no crédito também foi uma medida acertada, pois é uma forma de conter a inflação. A recessão pode segurar os preços. E isso é necessário hoje." Luiz Carlos Delben Leite, presidente da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos): "Com o aumento do compulsório e dos juros, o governo está espremendo a economia, o que significa diminuição da produção. No entanto, se a medida servir para reduzir a cotação do dólar, teremos que aplaudir". Roberto do Valle, presidente do banco Fleming-Graphus: "Não vejo sentido em juros tão altos. Se o objetivo é pressionar os bancos para venderem seus estoques de dólar, está errado. A cotação está alta porque faltam dólares. Se o objetivo é combater a inflação também não faz sentido. Isso só teria sentido se as pessoas estivessem sacando dinheiro de suas aplicações". José Márcio Camargo, economista: "A medida é correta porque a única forma de evitar que o aumento da inflação se torne permanente é subir os juros." Joaquim Paulo Kokudai, diretor de renda fixa do banco Lloyds: "As medidas são positivas. O governo começa a mostrar sua cara e mudar o humor do mercado. Ao subir os juros, está mostrando que vai combater a inflação". Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo): "Aumento dos juros significa mais desemprego e caos social. A questão social não tem importância para o BC. Temos que criar um colchão para amortecer os efeitos da crise. O governo deveria distribuir cestas básicas para desempregados e criar frentes de trabalho". Luiz Antonio Medeiros (PFL-SP), presidente da Força Sindical: "A decisão pode salvar a moeda, mas quebra o Brasil. O governo fala que vai baixar os juros, e o Banco Central fala outra coisa. A decisão significa que haverá menos produção e mais gente desempregada". Frederico da Costa, do Oryx Asset Management: "Ele (Armínio Fraga) deixou muito claro para o mercado que tem carta branca do governo brasileiro para agir da maneira que ele acha que deve". Mauro Schneider, vice-presidente e diretor de pesquisa do ING Barings: "É um sinal de que a política monetária será tão austera quanto necessário para evitar um aumento perigoso da inflação". Plinio do Amaral Pinheiro, diretor-executivo da Duratex: "Isso é ruim para as empresas. Com juros altos, a economia toda sofre". Inocêncio Oliveira (PE), líder do PFL na Câmara: "Foi um puxão de orelha no mercado e nos especuladores. Foi positivo". José Genoino (SP), líder do PT na Câmara: "Foi exigência do FMI, provando que o país perdeu a autonomia na gestão da política financeira. Essa é a sobrevida de um modelo que já esgotou. Vai aprofundar a recessão". Michel Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara: "No momento em que queremos incentivar a produção, aumentar os juros é uma coisa que não pega bem." Texto Anterior: Taxa do BC deste mês indica 3,38% Próximo Texto: Venda de automóveis recua ao nível de 92 Índice |
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