São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999
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MERCADO FINANCEIRO

Bolsa de São Paulo sobe 7,86% em dólar

da Reportagem Local

O mercado financeiro teve ontem um dia de otimismo com a expectativa de que as cotações do dólar vão cair. Agora, o governo poderá usar os recursos da ajuda do FMI e países ricos, que totalizam US$ 41,5 bilhões, para defender o real no mercado de câmbio, segundo anunciou o presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
Para os especialistas, também o aumento nos juros básicos decretado pelo BC -de 39% ao ano para 45%-, embora de efeito real tênue, sinaliza que o governo vai atuar de forma dura para procurar conter a inflação e o dólar.
Mas o mercado esperava alta maior nas taxas. Por isso, os contratos futuros passaram a projetar juros menores do que no fechamento de anteontem. Para março, os juros projetados passaram a 44,11% ao ano, contra os 44,55% de anteontem.
"O governo saiu do imobilismo e da letargia que se encontrava em fevereiro", disse o economista Manuel Maceira.
A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 3,85% em reais. O volume de negociação cresceu, chegando a R$ 538,13 milhões, em comparação com os R$ 331,9 milhões de anteontem. Como o real ganhou valor, a alta na Bolsa de São Paulo foi de 7,86% em dólar.
Os boatos de que novas medidas estão para ser anunciadas neste final de semana, como a privatização da Petrobrás, fizeram as ações da empresa se destacar. As do tipo PN (sem direito a voto) tiveram alta de 6,49%, a maior entre os dez papéis mais negociados na Bolsa de São Paulo. As ações do tipo ON (com direito a voto) tiveram aumento de 11,9%.
No mercado de títulos da dívida externa brasileira também houve nova recuperação. Os preços do C-bond, o título mais negociado, subiram de 55% do valor de face anteontem para 56,375% ontem.
Marcelo Saddi Castro, diretor de renda variável do BNP, notou que os juros básicos de 3,38% para este mês, já considerando-se a alta, continuam abaixo da inflação, medida pelo IGP-M, prevista: 4%.
Para um economista de banco estrangeiro, a alta dos juros, sozinha, não altera o crescimento da economia. Mas, como veio aliada a medidas de aumento do recolhimento do compulsório sobre os depósitos a prazo dos bancos e corte de gastos do governo, pode ajudar a aprofundar a recessão.
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)



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