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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Mudança não renderá ganhos expressivos, mas possibilitará compensar perdas ao longo de um semestre
Conta-investimento traz vantagens fiscais
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A tributação semestral de Imposto de Renda aumentará pouco
o ganho de quem aplica em fundos de renda fixa. Mas a nova
conta-investimento, que permitirá isenção de CPMF nas mudanças de aplicações financeiras, trará vantagem fiscal ao possibilitar a
compensação de perdas ocorridas ao longo do semestre.
A partir de 1º de agosto próximo, o investidor poderá mudar
de aplicação sem pagar CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira). A
transferência poderá ser para
aplicações e bancos diferentes,
desde que entre contas de um
mesmo investidor.
Até agosto de 2006, na primeira
passagem de recursos que já estiverem no banco até 31 de julho de
2004 para aquela conta, o cliente
pagará 0,38% de CPMF.
A cobrança de Imposto de Renda nos fundos passa de mensal
(ou trimestral, em alguns casos) a
semestral.
O ganho com a mudança na tributação na ponta do lápis é menor do que pode parecer.
Em um fundo de renda fixa que,
por exemplo, renda 1% ao mês
por um semestre, a rentabilidade
líquida com o novo modelo de tributação será apenas 0,024% superior à de um fundo no antigo sistema, segundo cálculos de Wil-
liam Eid Júnior, do Centro de Estudos em Finanças, da FGV.
"A diferença é pequena, mas o
cliente passa a ter rendimento sobre o dinheiro que iria para o fisco
mensalmente", afirma.
"A vantagem não é grande",
concorda Marcelo Giufrida, do
BNP Paribas e vice-presidente da
Anbid (Associação Nacional de
Bancos de Investimento). "Mas
sempre é bom. E há o benefício de
não pagar IR num mês."
Atualmente, com a cobrança todo mês, o investidor, por exemplo, de um fundo cambial, que ganhe, perca, se recupere e volte a
cair na mesma proporção, terá
pago IR nos meses em que o fundo subiu. "O câmbio pode permanecer no mesmo patamar, e o investidor ficar negativo", diz Giufrida. Ao pagar IR em seis meses,
o cliente poderá compensar perdas ocorridas no período.
Além disso, para analistas, há a
chance de que o novo modelo
permita jogar o ganho em uma
aplicação de um banco sobre a
perda em outro. "Se um cliente
ganhou dois em um banco e perdeu dois em outro, sobra zero para ser tributado", diz Eid Júnior.
Adesão
Em agosto, o investidor deverá
optar por transferir ou não o dinheiro que estiver aplicado para a
conta-investimento. Consultores
em finanças recomendam a adesão ao novo sistema, mesmo pagando CPMF na primeira mudança, em vez de esperar até 2006,
quando a movimentação se tornará completamente isenta. "Se já
valia a pena pagar CPMF para
mudar para um fundo com taxa
de administração menor, agora,
que dá para fazer outras mudanças, vale ainda mais", diz Márcia
Dessen, consultora de investimentos. "Em poucos meses, o
cliente recupera o ônus da CPMF
pagando menos ao banco."
Quem pretende sacar o dinheiro antes de seis meses, estiver satisfeito com sua aplicação ou investir em caderneta de poupança
não deve aderir à conta-investimento, segundo consultores.
Um fundo de renda fixa deve
cobrar no máximo 2% de taxa de
administração, diz Dessen. "Esses
2% podiam ser menos relevantes
quando a taxa básica de juros era
de 26%. Agora, que é 16,25%, o
cliente fica com 89% da taxa básica, e o resto vai para o banco. Tem
de pesquisar. Sempre há taxa menor em um mesmo banco para o
mesmo valor aplicado", afirma.
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