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NOVO FÔLEGO
Mercado interno puxa o setor, que cresce 4,2% no 1º bi em relação a 2005
Produção da indústria tem alta de 1,2% em fevereiro
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A produção industrial brasileira
cresceu 1,2% em fevereiro na
comparação com janeiro, segundo dados divulgados ontem pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado
foi influenciado pela redução dos
juros e da inflação e pelo aumento
do crédito e da massa de salários,
na avaliação do IBGE, e ficou acima das expectativas do mercado,
que previa alta da ordem de 0,5%.
Em janeiro, o índice havia registrado queda de 1,3%.
Em relação a fevereiro do ano
passado, a indústria cresceu 5,4%,
o quinto mês seguido de alta e a
maior taxa nesse tipo de comparação desde junho.
Os resultados da produção industrial foram superiores aos das
vendas industriais, que recuaram
0,44% em fevereiro na comparação com janeiro, de acordo com a
CNI (leia texto ao lado). Segundo
o chefe da Coordenação da Indústria do IBGE, Silvio Sales, a diferença entre os indicadores reflete
a adoção de metodologias distintas em cada pesquisa e o padrão
de sazonalidade característico da
indústria e das vendas: "Se na
produção o resultado é mais marcado por eventos como férias coletivas e meses mais curtos, nas
vendas isso não ocorre da mesma
forma". Para ele, a leve retração
nas vendas em fevereiro não é sinal de formação de estoques no
futuro, porque a queda ocorreu
logo após forte alta em janeiro.
Mercado interno
Para Sales, o comportamento
do produção industrial foi determinado por segmentos mais voltados para o mercado interno, como eletroeletrônicos, automóveis, medicamentos e bebidas. As
exportações continuaram a contribuir, ainda que de forma secundária, para o crescimento da indústria. No primeiro bimestre, a
indústria cresceu 4,2% na comparação com igual período de 2005.
Os bens de consumo duráveis
(automóveis e eletrodomésticos)
lideraram a expansão, com alta de
6,0%, após queda de 4,5% em janeiro. Em seguida aparecem os
bens semiduráveis e os não-duráveis (roupas e alimentos), com alta de 1,7%. A produção de bens de
capital (máquinas e equipamentos) também foi destaque, com
crescimento de 1,5%.
"O resultado mostrou claramente que o tropeço do terceiro
trimestre do ano passado ficou
para trás. Os bens de consumo,
que puxaram o crescimento, reagem mais rapidamente a alterações nos juros e na oferta de crédito", disse o economista-chefe da
Austin Rating, Alex Agostini. Segundo ele, a redução mesmo que
em ritmo lento na taxa básica de
juros (Selic) influencia as expectativas do empresariado.
A produção de bens de capital
ganhou fôlego no primeiro bimestre: passou de 4,2% no período de outubro a dezembro para
8,6% no acumulado de janeiro e
fevereiro na comparação com
igual período do ano passado.
A análise por atividade mostra
que os principais destaques na
comparação com janeiro foram
farmacêutica (26,2%), veículos
automotores (4,8%), máquinas e
equipamentos (2,6%) e bebidas
(3,7%). Segundo o IBGE, a alta
dos dois primeiros deve ser relativizada em razão das quedas acentuadas registradas em janeiro.
A taxa acumulada da produção
industrial em 12 meses registrou
alta de 3% em fevereiro e interrompeu trajetória de desaceleração iniciada em março de 2005.
Relatório do banco ABN Amro
Real destaca que ainda não é possível concluir que a recuperação
seja para valer, mas afirma que os
sinais são definitivamente bons,
assim como as perspectivas para a
demanda agregada.
Marcela Prada, economista da
consultoria Tendências, destaca
os resultados da média móvel trimestral, indicador que sinaliza a
tendência de comportamento da
indústria. De janeiro para fevereiro, o indicador cresceu 0,8%. "Essa tendência pode ser verificada
em todas as categorias."
Construção civil
Os resultados da produção de
insumos para a construção civil e
de bens de capital (máquinas e
equipamentos) sinalizam retomada dos investimentos no primeiro trimestre, diz o IBGE.
No acumulado do ano, a produção de insumos para a construção
cresceu 7% ante o primeiro bimestre do ano passado. O resultado mostra um ganho de fôlego na
comparação com o período outubro-dezembro, quando a produção havia crescido 2,9%.
O cálculo dos investimentos no
PIB considera a construção civil, a
fabricação de bens de capital
acrescida das importações e descontadas as exportações. As importações de bens de capital também contribuem para as expectativas de desempenho favorável.
Em fevereiro, houve crescimento
de 26,3%.
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