São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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NOVO FÔLEGO

Mercado interno puxa o setor, que cresce 4,2% no 1º bi em relação a 2005

Produção da indústria tem alta de 1,2% em fevereiro

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A produção industrial brasileira cresceu 1,2% em fevereiro na comparação com janeiro, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado foi influenciado pela redução dos juros e da inflação e pelo aumento do crédito e da massa de salários, na avaliação do IBGE, e ficou acima das expectativas do mercado, que previa alta da ordem de 0,5%. Em janeiro, o índice havia registrado queda de 1,3%.
Em relação a fevereiro do ano passado, a indústria cresceu 5,4%, o quinto mês seguido de alta e a maior taxa nesse tipo de comparação desde junho.
Os resultados da produção industrial foram superiores aos das vendas industriais, que recuaram 0,44% em fevereiro na comparação com janeiro, de acordo com a CNI (leia texto ao lado). Segundo o chefe da Coordenação da Indústria do IBGE, Silvio Sales, a diferença entre os indicadores reflete a adoção de metodologias distintas em cada pesquisa e o padrão de sazonalidade característico da indústria e das vendas: "Se na produção o resultado é mais marcado por eventos como férias coletivas e meses mais curtos, nas vendas isso não ocorre da mesma forma". Para ele, a leve retração nas vendas em fevereiro não é sinal de formação de estoques no futuro, porque a queda ocorreu logo após forte alta em janeiro.

Mercado interno
Para Sales, o comportamento do produção industrial foi determinado por segmentos mais voltados para o mercado interno, como eletroeletrônicos, automóveis, medicamentos e bebidas. As exportações continuaram a contribuir, ainda que de forma secundária, para o crescimento da indústria. No primeiro bimestre, a indústria cresceu 4,2% na comparação com igual período de 2005.
Os bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos) lideraram a expansão, com alta de 6,0%, após queda de 4,5% em janeiro. Em seguida aparecem os bens semiduráveis e os não-duráveis (roupas e alimentos), com alta de 1,7%. A produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) também foi destaque, com crescimento de 1,5%.
"O resultado mostrou claramente que o tropeço do terceiro trimestre do ano passado ficou para trás. Os bens de consumo, que puxaram o crescimento, reagem mais rapidamente a alterações nos juros e na oferta de crédito", disse o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Segundo ele, a redução mesmo que em ritmo lento na taxa básica de juros (Selic) influencia as expectativas do empresariado.
A produção de bens de capital ganhou fôlego no primeiro bimestre: passou de 4,2% no período de outubro a dezembro para 8,6% no acumulado de janeiro e fevereiro na comparação com igual período do ano passado.
A análise por atividade mostra que os principais destaques na comparação com janeiro foram farmacêutica (26,2%), veículos automotores (4,8%), máquinas e equipamentos (2,6%) e bebidas (3,7%). Segundo o IBGE, a alta dos dois primeiros deve ser relativizada em razão das quedas acentuadas registradas em janeiro.
A taxa acumulada da produção industrial em 12 meses registrou alta de 3% em fevereiro e interrompeu trajetória de desaceleração iniciada em março de 2005.
Relatório do banco ABN Amro Real destaca que ainda não é possível concluir que a recuperação seja para valer, mas afirma que os sinais são definitivamente bons, assim como as perspectivas para a demanda agregada.
Marcela Prada, economista da consultoria Tendências, destaca os resultados da média móvel trimestral, indicador que sinaliza a tendência de comportamento da indústria. De janeiro para fevereiro, o indicador cresceu 0,8%. "Essa tendência pode ser verificada em todas as categorias."

Construção civil
Os resultados da produção de insumos para a construção civil e de bens de capital (máquinas e equipamentos) sinalizam retomada dos investimentos no primeiro trimestre, diz o IBGE.
No acumulado do ano, a produção de insumos para a construção cresceu 7% ante o primeiro bimestre do ano passado. O resultado mostra um ganho de fôlego na comparação com o período outubro-dezembro, quando a produção havia crescido 2,9%.
O cálculo dos investimentos no PIB considera a construção civil, a fabricação de bens de capital acrescida das importações e descontadas as exportações. As importações de bens de capital também contribuem para as expectativas de desempenho favorável. Em fevereiro, houve crescimento de 26,3%.


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