|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUÍS NASSIF
O caso Cemar
Em razão do IPO da Equatorial (que controla a Cemar, Centrais Elétricas do Maranhão), o GP Investimentos
está proibido de se manifestar
sobre o tema. Mas fontes próximas enviam explicações a respeito da coluna de ontem
("Tem gato no setor elétrico").
A Cemar foi privatizada em
2001, vendida para a PPL Global, fundo norte-americano
que, após amargar prejuízos
com o "apagão", devolveu a
concessão pelo valor simbólico
de R$ 1. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) buscou compradores. Apesar de 11
candidatos terem retirado o
data-room da venda, o ponto
central era conseguir a concordância da Eletrobrás para a
reestruturação de seus créditos.
Apenas o GP conseguiu, unicamente negociando com os credores a dívida (o mais difícil
dos quais era a Eletrobrás) e injetando R$ 30 milhões na companhia.
Conforme a coluna revelou
em 2004, dados do Sindicato
dos Eletricitários local revelavam que a empresa já havia sido saneada e começava a gerar
caixa. Faltava apenas equacionar as dívidas. Se, na condição
de maior credora, a Eletrobrás
tivesse assumido a empresa,
equacionado suas dívidas e, só
depois, colocado à venda, teria
se apropriado de toda a valorização. Preferiu transferir o ganho.
A Eletrobrás capitalizou crédito de R$ 55 milhões contra a
companhia e repactuou o prazo da dívida remanescente, de
R$ 400 milhões. Hoje em dia, os
35% da Eletrobrás valem R$
400 milhões. Significa que os
65% do GP valem R$ 740 milhões -ou seja, uma valorização de mais de 2.300% em dois
anos, sem considerar os dividendos distribuídos no período.
Não existe atividade convencional -como é uma empresa
de eletricidade- que possa,
por milagre, valorizar-se
2.300% no prazo de dois anos.
É evidente que pelo menos parte dessa valorização já estava
dada e não foi embutida na negociação.
Sobre a entrada do Banco
Pactual no grupo de controle
da empresa, pagando muito
menos do que o preço do IPO,
as fontes informam que a negociação começou no início de
2005 e as bases do negócio foram acertadas pelas partes ainda no primeiro semestre. Naquela ocasião, não havia nenhuma perspectiva de IPO da
Cemar e a companhia ainda
não tinha apresentado os resultados financeiros obtidos no segundo semestre.
Ora, em uma atividade tão
previsível como a de distribuição de energia, era difícil que,
já no primeiro semestre, os controladores da Cemar não tivessem noção do que seria o desempenho da companhia no segundo semestre. Não se está falando de um Zé Mane qualquer, mas do GP, um dos mais
sofisticados fundos do mercado
brasileiro.
Light
O diretor-geral da Aneel, Gerson Kelman, confirma que a
inadimplência da Light, no Rio
de Janeiro, é de 26%. Mas informa que a redução não depende
só da empresa mas das condições de segurança da cidade e de
outros aspectos, como a introdução de novas tecnologias para evitar os "gatos" -que acabaram questionadas por órgãos
de defesa do consumidor.
Por esses fatores extra-empresa, alguns com conotação social,
afirma Kelman, a política geral
da Aneel é a de redução gradativa das perdas incorporadas às
tarifas.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
Texto Anterior: Copa faz produção de TV disparar Próximo Texto: Troca de comando: Banco Central prepara com cautela mudança na diretoria Índice
|