São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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Foco do governo está errado, diz Gustavo Franco

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Presidente do Banco Central entre agosto de 1997 e janeiro de 1999 (durante o governo de Fernando Henrique Cardoso) e um dos criadores do Plano Real, o economista Gustavo Franco defendeu ontem o combate ao déficit público a partir de medidas como as privatizações do setor elétrico nacional e de bancos regionais, além do que ele define como uma reforma orçamentária.
Tradicionalmente ligado ao PSDB, Franco ressalvou para a Folha que não tem participado de discussões políticas referentes ao projeto eleitoral do pré-candidato tucano a presidente da República, Geraldo Alckmin.
Ele participou ontem, com o também economista Paulo Guedes e com o presidente da Associação Nacional de Jornais, Nelson Sirotsky, do painel ""O Brasil em busca de reformas políticas e econômicas", no 19º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, promovido pelo IEE (Instituto de Estudos Empresariais).
""O governo tem bons motivos para manter os juros elevados, por causa da inflação. Pensam [os críticos dos juros altos] que a caneta do presidente resolve, e não é isso. O foco deveria estar nas reformas", disse Franco, que sugere uma reforma orçamentária pela qual se estabeleça de forma clara o que é gasto e o que é receita.
""O orçamento, como é feito, tem vícios. Os sonhos ficam consignados como legítimos", disse ele. De acordo com Franco, os escândalos políticos recentes deverão servir como ""alavanca" para uma evolução do setor público.
Já Paulo Guedes se disse otimista com o futuro, por esperar um aprimoramento da classe política -que, segundo ele, vive uma ""crise existencial".
Aberto na noite de anteontem e encerrado ontem, o fórum é evento anual que ocorre na capital gaúcha reunindo empresários, economistas e políticos. Na solenidade de abertura, participou o Prêmio Nobel de Economia em 1993, Douglas North, que criticou o FMI e a desigualdade social existente no Brasil. Sobre o Brasil, ele disse: ""A economia brasileira não funciona muito bem. Muito do que o governo brasileiro faz é fornecer monopólios ou apoiar grupos não para torná-los mais produtivos, mas para enriquecer, ficar de bem com a vida às custas dos outros".


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