|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Foco do governo está errado, diz Gustavo Franco
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Presidente do Banco Central entre agosto de 1997 e janeiro de
1999 (durante o governo de Fernando Henrique Cardoso) e um
dos criadores do Plano Real, o
economista Gustavo Franco defendeu ontem o combate ao déficit público a partir de medidas como as privatizações do setor elétrico nacional e de bancos regionais, além do que ele define como
uma reforma orçamentária.
Tradicionalmente ligado ao
PSDB, Franco ressalvou para a
Folha que não tem participado de
discussões políticas referentes ao
projeto eleitoral do pré-candidato
tucano a presidente da República,
Geraldo Alckmin.
Ele participou ontem, com o
também economista Paulo Guedes e com o presidente da Associação Nacional de Jornais, Nelson Sirotsky, do painel ""O Brasil
em busca de reformas políticas e
econômicas", no 19º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, promovido pelo IEE (Instituto de Estudos Empresariais).
""O governo tem bons motivos
para manter os juros elevados,
por causa da inflação. Pensam [os
críticos dos juros altos] que a caneta do presidente resolve, e não é
isso. O foco deveria estar nas reformas", disse Franco, que sugere
uma reforma orçamentária pela
qual se estabeleça de forma clara o
que é gasto e o que é receita.
""O orçamento, como é feito,
tem vícios. Os sonhos ficam consignados como legítimos", disse
ele. De acordo com Franco, os escândalos políticos recentes deverão servir como ""alavanca" para
uma evolução do setor público.
Já Paulo Guedes se disse otimista com o futuro, por esperar um
aprimoramento da classe política
-que, segundo ele, vive uma
""crise existencial".
Aberto na noite de anteontem e
encerrado ontem, o fórum é evento anual que ocorre na capital
gaúcha reunindo empresários,
economistas e políticos. Na solenidade de abertura, participou o
Prêmio Nobel de Economia em
1993, Douglas North, que criticou
o FMI e a desigualdade social existente no Brasil. Sobre o Brasil, ele
disse: ""A economia brasileira não
funciona muito bem. Muito do
que o governo brasileiro faz é fornecer monopólios ou apoiar grupos não para torná-los mais produtivos, mas para enriquecer, ficar de bem com a vida às custas
dos outros".
Texto Anterior: Troca de comando: Agência de risco teme guinada à esquerda Próximo Texto: Panorâmica - Contrabando: Carga de cigarros é confiscada Índice
|