|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPERAÇÃO PARALELO 251
Esquema no Rio prejudicava trabalhadores e fazia sumir processos com multas de grandes devedores
PF detém 55 suspeitos de fraudar FGTS
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A PF (Polícia Federal) prendeu
ontem 55 acusados de integrar
quadrilha formada por fiscais, ex-fiscais e funcionários do Ministério do Trabalho no Estado do Rio.
A quadrilha estaria envolvida em
fraudes que vinham sendo praticadas havia mais de dez anos.
O procurador da República
Carlos Alberto Aguiar, que acompanha as investigações desde o
início, em 2003, disse haver indícios de que parte dos recursos
desviados tenha abastecido caixas
de campanhas políticas. Presente
à mesma entrevista do procurador, o ministro do Trabalho, Luiz
Marinho, negou a possibilidade.
"Não há nada constatado quanto ao benefício de algum esquema
político. A investigação pode chegar a isso. Mas não há essa constatação", afirmou o ministro.
No início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), em 2003, a DRT (Delegacia
Regional do Trabalho) no Estado
do Rio foi destinada ao PTB, que
preencheu o cargo de delegado
com a indicação do auditor fiscal
Henrique de Pinho e Silva. Quando o então deputado federal Roberto Jefferson (principal liderança petebista no Rio) rompeu com
o governo, Silva deixou o cargo.
O ministro disse que a atual delegada da DRT-RJ, Lívia Aroeira,
também auditora fiscal, não teve
indicação política.
Paralelo 251
Batizada de Paralelo 251 -porque os servidores atuavam paralelamente a suas atribuições legais
no endereço da DRT-RJ (av. Antônio Carlos, 251)-, a operação
foi deflagrada de madrugada pela
PF. Participaram 420 policiais,
que cumpriram 56 mandados de
prisão e 103 de busca e apreensão
no Rio, em Niterói, Nova Friburgo, Magé, Nova Iguaçu, São Pedro
da Aldeia e Maricá.
De acordo com as investigações,
estão envolvidos nas fraudes 43
auditores fiscais da ativa, um auditor aposentado, um ex-auditor
(expulso do serviço público por
corrupção) e 13 funcionários administrativos da DRT. Todos tiveram prisões temporárias (cinco
dias) decretadas.
O esquema
Os delegados federais Marcelo
Aires e Daniel Granjeiro disseram
haver dois tipos de fraudes.
O primeiro prejudicava o trabalhador. Os integrantes da suposta
quadrilha conseguiam, na homologação da demissão do trabalhador privado, baixar os valores pagos pela empresa referentes ao
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
O segundo tipo envolvia o desaparecimento de processos com as
multas de grandes empresas devedoras do FGTS. Foram beneficiadas, segundo os investigadores, companhias de construção civil, transportes públicos e indústria naval, entre outras áreas.
Nem os delegados, nem o procurador, nem o ministro apresentaram números consistentes sobre os valores totais das quantias
fraudadas.
Como as investigações continuam, mais funcionários da
DRT-RJ poderão estar envolvidos. A unidade do Ministério do
Trabalho no Estado do Rio tem
183 auditores fiscais, que ganham
de R$ 8.000 a R$ 10 mil por mês.
Os 43 supostos envolvidos representam quase um quarto da categoria no Estado.
Marinho disse que haverá uma
revisão dos cálculos feitos de maneira fraudulenta, de modo a pagar o que realmente é devido aos
trabalhadores enganados. Disse
também que o esquema criminoso, pelo que se apurou até agora, é
restrito ao Estado do Rio.
Não houve, por ora, a identificação dos empresários envolvidos
no esquema.
Texto Anterior: Serviço Folha - IOB Thomson Próximo Texto: Tecnologia: Governo já admite atraso no início da comercialização da TV digital Índice
|