São Paulo, quarta-feira, 05 de abril de 2006

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TURISMO

Pesquisa da Fipe mostra que setor compra 1,6 milhão de lençóis e 100,5 mil televisores por ano e faz aquisições em sua região

Hotéis empregam 260 mil em todo o país

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Os meios de hospedagem do país empregam 260 mil pessoas diretamente, compra 100 mil televisores e 1,6 milhão de lençóis anualmente. Além disso, segundo estudo da Fipe-USP divulgado ontem, esse tipo de empreendimento é um dos que propiciam menor "fuga" de recursos da região onde está instalado -faz suas compras na mesma região.
"Por isso é que os empreendimentos hoteleiros são bons distribuidores de renda", disse José Ernesto Marino Neto, presidente da BSH International, consultoria especializada no setor -e que participou da pesquisa. "E, quanto menor o hotel, mais próximo de si ele faz suas compras."
No estudo, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) calculou que o custo médio no país para gerar um emprego na hospedagem é de R$ 16,1 mil. Na indústria têxtil, é de R$ 27,4 mil; na siderurgia, de R$ 68,2 mil.
A Fipe estimou a quantidade de 68 tipos diferentes de equipamentos e mercadorias duráveis. A fundação constatou que a reposição de equipamentos e outros artigos é feita com a mesma velocidade tanto nos grandes empreendimentos como nos pequenos meios de hospedagem.
Isso equivale dizer que pequenos e grandes hotéis trocam toalhas, lençóis, travesseiros, mobiliário, televisores e ar-condicionado com a mesma freqüência.
Na apresentação da pesquisa, ontem, o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, disse que era necessário tratar de maneira diferente os equipamentos comprados pelas cadeias hoteleiras daqueles adquiridos pelo consumidor comum.
A idéia é que a compra de equipamentos e mercadorias duráveis usados na atividade, como camas e telefones, tenha redução ou mesmo isenção de impostos.
"Não é um subsídio, é isonomia com o setor produtivo", disse Mares Guia, que negocia com o Ministério da Fazenda medidas para desonerar o setor de hoteleiro.
Como comparação, o ministro citou um motorista de táxi, que tem vantagens na compra do carro com que vai trabalhar.
Na visão de Marino Neto, da BSH, a diferenciação tributária é necessária porque "o hotel não é o consumidor final desses bens, e sim os utiliza como insumos para prestar seus serviços".
As negociações com a área econômica começaram há cerca de 60 dias, ainda com o ex-ministro Antonio Palocci Filho. Mares Guia não comentou qual o impacto para o governo de uma alteração tributária para o setor de hospedagens, mas disse que os benefícios compensariam. "O empresário vai comprar mais, ter mais capital de giro e diminuir o custo do investimento."
"O trabalho é um divisor de águas. A gente sempre ouve falar da importância do turismo, mas não conseguia dimensionar", disse o presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Eraldo Alves da Cruz.
Na sua avaliação, com a pesquisa fica mais fácil negociar não só com o governo, mas também com a indústria. "Agora temos dados que demonstram nossa importância", afirmou.
Para Luiz Gustavo Barbosa, coordenador do Núcleo de Estudos Avançados em Hotelaria da FGV (Fundação Getulio Vargas), "a indústria sabia do tamanho desse cliente [meios de hospedagem], o varejo sabia, mas o próprio setor não se conhecia".
O presidente da Abih cita a indústria têxtil como exemplo. O setor conta com estoque de 17 milhões de enxovais de cama, mesa e banho, sendo que a cada ano 7 milhões de unidades são trocadas.


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