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TURISMO
Pesquisa da Fipe mostra que setor compra 1,6 milhão de lençóis e 100,5 mil televisores por ano e faz aquisições em sua região
Hotéis empregam 260 mil em todo o país
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO
Os meios de hospedagem do
país empregam 260 mil pessoas
diretamente, compra 100 mil televisores e 1,6 milhão de lençóis
anualmente. Além disso, segundo
estudo da Fipe-USP divulgado
ontem, esse tipo de empreendimento é um dos que propiciam
menor "fuga" de recursos da região onde está instalado -faz
suas compras na mesma região.
"Por isso é que os empreendimentos hoteleiros são bons distribuidores de renda", disse José Ernesto Marino Neto, presidente da
BSH International, consultoria
especializada no setor -e que
participou da pesquisa. "E, quanto menor o hotel, mais próximo
de si ele faz suas compras."
No estudo, a Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas) calculou que o custo médio
no país para gerar um emprego
na hospedagem é de R$ 16,1 mil.
Na indústria têxtil, é de R$ 27,4
mil; na siderurgia, de R$ 68,2 mil.
A Fipe estimou a quantidade de
68 tipos diferentes de equipamentos e mercadorias duráveis. A fundação constatou que a reposição
de equipamentos e outros artigos
é feita com a mesma velocidade
tanto nos grandes empreendimentos como nos pequenos
meios de hospedagem.
Isso equivale dizer que pequenos e grandes hotéis trocam toalhas, lençóis, travesseiros, mobiliário, televisores e ar-condicionado com a mesma freqüência.
Na apresentação da pesquisa,
ontem, o ministro do Turismo,
Walfrido dos Mares Guia, disse
que era necessário tratar de maneira diferente os equipamentos
comprados pelas cadeias hoteleiras daqueles adquiridos pelo consumidor comum.
A idéia é que a compra de equipamentos e mercadorias duráveis
usados na atividade, como camas
e telefones, tenha redução ou
mesmo isenção de impostos.
"Não é um subsídio, é isonomia
com o setor produtivo", disse Mares Guia, que negocia com o Ministério da Fazenda medidas para
desonerar o setor de hoteleiro.
Como comparação, o ministro
citou um motorista de táxi, que
tem vantagens na compra do carro com que vai trabalhar.
Na visão de Marino Neto, da
BSH, a diferenciação tributária é
necessária porque "o hotel não é o
consumidor final desses bens, e
sim os utiliza como insumos para
prestar seus serviços".
As negociações com a área econômica começaram há cerca de
60 dias, ainda com o ex-ministro
Antonio Palocci Filho. Mares
Guia não comentou qual o impacto para o governo de uma alteração tributária para o setor de hospedagens, mas disse que os benefícios compensariam. "O empresário vai comprar mais, ter mais
capital de giro e diminuir o custo
do investimento."
"O trabalho é um divisor de
águas. A gente sempre ouve falar
da importância do turismo, mas
não conseguia dimensionar", disse o presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Eraldo Alves da Cruz.
Na sua avaliação, com a pesquisa fica mais fácil negociar não só
com o governo, mas também com
a indústria. "Agora temos dados
que demonstram nossa importância", afirmou.
Para Luiz Gustavo Barbosa,
coordenador do Núcleo de Estudos Avançados em Hotelaria da
FGV (Fundação Getulio Vargas),
"a indústria sabia do tamanho
desse cliente [meios de hospedagem], o varejo sabia, mas o próprio setor não se conhecia".
O presidente da Abih cita a indústria têxtil como exemplo. O setor conta com estoque de 17 milhões de enxovais de cama, mesa e
banho, sendo que a cada ano 7
milhões de unidades são trocadas.
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