São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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EUA registram perda de 80 mil empregos

Redução em março foi a maior em cinco anos e reforça análises de recessão já em curso na maior economia do mundo

Índice de desemprego subiu para 5,1%, maior nível desde setembro de 2005; após divulgação, Tesouro admite possível recessão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os Estados Unidos tiveram em março a maior perda de empregos em cinco anos, reforçando análises de que o país já está em recessão e aumentando as perspectivas pessimistas para o resto do ano.
Houve perda de 80 mil vagas no mês passado, o terceiro seguido de contração no mercado de trabalho e o maior desde março de 2003, início da Guerra do Iraque, informou o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos.
A taxa de desemprego no país aumentou para 5,1% em março, 0,3 ponto percentual acima dos 4,8% registrados em fevereiro. O índice é o mais alto desde setembro de 2005, após a passagem do furacão Katrina.
Até março, o país perdeu 232 mil vagas, uma média de 77 mil por mês. No último semestre do ano passado, houve crescimento médio de 76 mil postos por mês.
Após a divulgação dos dados, o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, disse que os índices ruins eram esperados, mas que há a expectativa de recuperação durante o ano. "A fraqueza neste trimestre era esperada, com um crescimento econômico achatado e um mercado de trabalho frágil."

Recessão
O Tesouro americano disse que concorda com o presidente do Fed (BC dos EUA), Ben Bernanke, que admitiu pela primeira vez a possibilidade de uma recessão, na quarta-feira.
"Sem levar em consideração onde está precisamente o crescimento do PIB, sabemos que haverá expansão consideravelmente menor que o ideal, e isso vai impactar todos os aspectos importantes para os americanos", disse o secretário-assistente de políticas públicas do Tesouro, Phillip Swagel.
Para analistas, o crescimento do desemprego atesta a entrada do país em recessão. "Um crescimento dessa magnitude nunca ocorreu no período do Pós-Guerra sem que a economia estivesse em recessão", afirmou o economista-chefe do Bear Stearns, John Ryding.
Para o analista do Credit Suisse Carl Lantz, os dados não só marcam o início de uma recessão mas uma maior que as últimas duas. "É só o começo."
Já para o economista do Lehman Brothers Drew Matus, o PIB dos EUA terá redução de 0,5% no primeiro trimestre.
A perda de vagas também aumentou as apostas de que o Fed reduzirá ainda mais os juros neste mês. "A reação do BC deve ser a de manter as taxas em baixa", disse o analista do Société Générale Stephen Gallagher. A taxa está em 2,25%.
Houve perdas em quase todos os setores da economia, mas a maior foi na construção civil, com 51 mil vagas cortadas em março, nono mês de redução. A indústria perdeu 48 mil vagas, grande parte no setor automobilístico. Mas o fechamento de postos atingiu também setores como serviços (35 mil) e comércio (12.000), o que, para analistas, mostra que os cortes não chegaram ao pico.
"Mais setores começaram a se deteriorar, o que sugere que as demissões não terminaram", disse Matus, que afirma acreditar que o índice de desemprego vá chegar a 6%.


Com agências internacionais


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