|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Consumo de gás natural bate recorde
Acionadas devido à falta de chuvas, usinas termelétricas puxam aumento
Indústria fica ameaçada pela instabilidade do setor elétrico, que provoca déficit no balanço estrutural de energia, aponta consultoria
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O consumo de gás natural aumentou 32,79% em fevereiro,
na comparação com o mesmo
mês do ano passado, segundo a
Abegás (Associação Brasileira
das Empresas Distribuidoras
de Gás Canalizado). O consumo
médio diário do país está em 51
milhões de metros cúbicos.
O aumento foi puxado pelas
usinas termelétricas, que usaram 271,71% mais gás natural
no período. As usinas foram
acionadas para reduzir o risco
de racionamento, porque chuvas abaixo da expectativa no final do ano passado e em janeiro
deste ano deixaram os reservatórios de água das usinas hidrelétricas muito baixos.
Em relação ao mês de janeiro, o consumo de gás natural
em fevereiro aumentou 7,26%.
As termelétricas lideraram o
aumento do uso do combustível (27,34% de alta), enquanto a
indústria, que compete com as
usinas pelo uso do gás, consumiu 2,15% menos.
Na comparação com fevereiro do ano passado, a indústria
registra um dos menores crescimentos no uso de gás natural
(4,11%), só perdendo para os
automóveis (0,29%) -uso que
o governo quer desestimular.
"A indústria fica na ameaça
de ser cortada, porque há um
déficit no balanço estrutural de
oferta de energia, o que causa
uma instabilidade no setor elétrico", avalia Pedro Camarota,
diretor comercial da consultoria Gás Energy.
Segundo ele, essa ameaça faz
com que se desacelerem investimentos para uso de gás natural na indústria, que está optando por converter suas máquinas, para que elas aceitem também óleo combustível.
Para Camarota, a situação
pode se agravar no médio prazo. "Existem atrasos em obras
importantes para aumento da
capacidade de geração de energia que não estão sendo levados
em consideração", diz.
Ainda de acordo com a avaliação do especialista, a instabilidade do setor elétrico faz com
que o mercado de gás natural
tenda a oscilar entre a escassez
e a sobreoferta, porque as termelétricas demandam muito
gás (30% do consumo de fevereiro) e podem ser ligadas subitamente, seja por falta de chuvas ou por decisão do governo.
Na semana que vem, o CMSE
(Comitê de Monitoramento do
Setor Elétrico) deverá se reunir
e determinar o desligamento
de algumas termelétricas.
Texto Anterior: Imposto de Renda / Serviço Folha-IOB: De cada 4 contribuintes, 1 já entregou declaração deste ano Próximo Texto: Petróleo: Subsidiária da Petrobras na Argentina investirá US$ 2,4 bi Índice
|