São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Consumo de gás natural bate recorde

Acionadas devido à falta de chuvas, usinas termelétricas puxam aumento

Indústria fica ameaçada pela instabilidade do setor elétrico, que provoca déficit no balanço estrutural de energia, aponta consultoria

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O consumo de gás natural aumentou 32,79% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo a Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado). O consumo médio diário do país está em 51 milhões de metros cúbicos.
O aumento foi puxado pelas usinas termelétricas, que usaram 271,71% mais gás natural no período. As usinas foram acionadas para reduzir o risco de racionamento, porque chuvas abaixo da expectativa no final do ano passado e em janeiro deste ano deixaram os reservatórios de água das usinas hidrelétricas muito baixos.
Em relação ao mês de janeiro, o consumo de gás natural em fevereiro aumentou 7,26%. As termelétricas lideraram o aumento do uso do combustível (27,34% de alta), enquanto a indústria, que compete com as usinas pelo uso do gás, consumiu 2,15% menos.
Na comparação com fevereiro do ano passado, a indústria registra um dos menores crescimentos no uso de gás natural (4,11%), só perdendo para os automóveis (0,29%) -uso que o governo quer desestimular.
"A indústria fica na ameaça de ser cortada, porque há um déficit no balanço estrutural de oferta de energia, o que causa uma instabilidade no setor elétrico", avalia Pedro Camarota, diretor comercial da consultoria Gás Energy.
Segundo ele, essa ameaça faz com que se desacelerem investimentos para uso de gás natural na indústria, que está optando por converter suas máquinas, para que elas aceitem também óleo combustível.
Para Camarota, a situação pode se agravar no médio prazo. "Existem atrasos em obras importantes para aumento da capacidade de geração de energia que não estão sendo levados em consideração", diz.
Ainda de acordo com a avaliação do especialista, a instabilidade do setor elétrico faz com que o mercado de gás natural tenda a oscilar entre a escassez e a sobreoferta, porque as termelétricas demandam muito gás (30% do consumo de fevereiro) e podem ser ligadas subitamente, seja por falta de chuvas ou por decisão do governo.
Na semana que vem, o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) deverá se reunir e determinar o desligamento de algumas termelétricas.


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