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EFEITO GREENSPAN
Comunicado afasta temor de elevação antecipada da taxa dos EUA; Bovespa sobe 1,42% e dólar cai 0,37%
Alta de juro não vem já, diz Fed; risco cai 3,7%
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao justificar ontem a manutenção dos juros nos EUA no menor
patamar em 46 anos, o Fed (banco
central americano) animou os
mercados mundiais e desestimulou temores de que suas taxas básicas poderão subir antecipada e
acentuadamente.
O Fed, presidido por Alan
Greenspan, manteve os juros em
1% ao ano, mas sinalizou que poderá começar a elevá-los de maneira "moderada". A instituição
deixou de afirmar que terá "paciência" para mexer na política
monetária, como vinha dizendo
em reuniões desde o ano passado,
mas disse que a inflação está "sob
controle" nos EUA e que a economia do país ainda não atingiu sua
plena capacidade de produção.
Como resultado das mensagens
do Fed, o risco-país brasileiro recuou 3,7% (para 675 pontos), a
Bovespa teve alta de 1,42% e o dólar fechou em baixa de 0,37%, para R$ 2,97. Os títulos da dívida
brasileira mais negociados no
mercado externo, os C-Bonds, subiram 0,70%, para US$ 0,9113.
A manutenção dos juros era esperada, mas a moderação quanto
a futuras elevações trouxe certa
calma aos mercados emergentes.
Com a expectativa crescente de
alta de juros nos EUA, os investidores venderam títulos de países
emergentes nas últimas semanas.
Como os títulos do Tesouro dos
EUA são considerados de risco
zero, investidores tendem a migrar para eles, em detrimento dos
papéis dos emergentes.
Apesar do tom moderado, o comunicado do Fed não deu sinais
claros de quando os juros subirão.
Por essa razão, espera-se que os
mercados voltem a reagir com volatilidade na divulgação de cada
indicador americano.
Segundo a consultoria Global
Invest, "os próximos meses ainda
serão de muita volatilidade para
os mercados emergentes", como
tem sido nas últimas semanas.
"Abril foi um mês nervoso,
muito por conta da expectativa
em torno do juro dos EUA. Creio
que esse cenário ainda vá se manter neste mês", diz Sérgio Cordone, da Tática Asset Management.
Na BM&F, os juros futuros recuaram, depois de serem pressionados nos últimos dias. Para este
mês, os investidores seguem com
a aposta de que o Copom (Comitê
de Política Monetária) reduzirá
novamente a taxa básica de juros
(a Selic, hoje em 16% anuais).
Além da atenção aos EUA, os
investidores acompanham de
perto a evolução da economia da
China. Espera-se que o governo
do país adote medidas para conter o superaquecimento.
Se isso ocorrer, as exportações
de mercados emergentes para a
China tendem a recuar, pressionando suas contas externas.
O risco brasileiro alcançou na
segunda os 701 pontos, seu maior
nível em sete meses, depois de
disparar 18,6% somente em abril.
Risco em níveis elevados é ruim
tanto para o setor privado quanto
para o público. Ambos necessitam de financiamento no exterior. Quanto mais alto está o risco-país, maiores são os custos e as
dificuldades para conseguir recursos no mercado externo.
Apesar da alta registrada pela
Bolsa ontem, as perdas recentes
ainda são grandes. Somente na semana passada, a Bolsa recuou
9,18%. Além dos títulos do Brasil
no exterior, os estrangeiros têm
vendido ações na Bovespa.
Em resposta à ansiedade do
mercado sobre o risco de investir
no Brasil, o chefe da missão do
FMI (Fundo Monetário Internacional) que está no país, Philip
Gerson, disse ser preciso ter "serenidade". "A situação é boa, e não
devemos perder nossas cabeças."
De negativo no mercado ontem
foi a fracassada tentativa do Tesouro Nacional de vender títulos
públicos prefixados (LTNs). O
Tesouro não aceitou as propostas
das instituições financeiras, que,
para o governo, pediram taxas
muito elevadas.
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