|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EFEITO GREENSPAN
Banco central dos EUA sinaliza aumento "moderado" na taxa
Fed perde "paciência" com juro baixo
DA REDAÇÃO
O Federal Reserve (banco central dos EUA) manteve a sua taxa
básica de juros inalterada em 1%
ao ano, como era previsto. A instituição, no entanto, sinalizou que
poderá começar a elevar os juros
de maneira "moderada" e deixou
de afirmar que terá "paciência"
para mexer na política monetária.
Para os analistas do mercado financeiro norte-americano, diminuiu o risco de uma elevação na
taxa de juros já na próxima reunião do Federal Reserve, no mês
que vem. Por outro lado, cresceu
bastante a possibilidade de o aumento ocorrer ainda neste ano.
Os mercados de juros futuros de
curto prazo trazem a expectativa
de um aumento de 0,25 ponto
percentual na taxa básica em
agosto. Mas o mercado reagiu
com tranqüilidade à decisão de
ontem, porque o Fed se demonstrou calmo quanto aos riscos de
um aquecimento inflacionário.
De qualquer maneira, ainda que
haja uma pequena elevação neste
ano, os juros, indicou o Fed, deverão permanecer em níveis historicamente baixos por mais algum
tempo. Isso favorece investimentos de maior risco, como ações e
títulos de países emergentes
-um exemplo é o Brasil.
Produção e inflação
Em nota divulgada após a reunião de seu comitê de política monetária (o Federal Open Market
Committee), o Fed diz que "a produção continua a se expandir com
solidez, e as contratações parecem
estar em alta". Sobre os preços,
afirma: "Ainda que os números
mais recentes tenham crescido
um pouco, as expectativas de longo prazo quanto à inflação parecem continuar sob controle".
Como diz a instituição, a ainda
alta capacidade ociosa restringe a
pressão inflacionária. Historicamente, o Federal Reserve não aumenta os juros quando a utilização da capacidade é inferior a
80%. Em março, a utilização estava em 76,5%.
A nota emitida ontem difere
bastante da linha que vinha sendo
adotada pelo Fed. Além de ser
bem mais positiva quanto aos sinais de atividade econômica e
emprego, não faz nenhuma referência à deflação e prepara o mercado para uma alta nos juros.
Reação
"O Fed com certeza está deixando claro que não prefere mudanças abruptas, e, para o investidor
em ações, isso é positivo", afirmou Rick Meckler, presidente da
corretora LibertyView Asset Management. "Isso dá mais tempo
para que as companhias aproveitem as artificialmente baixas taxas
de juros para fazer dinheiro e elevar os lucros."
Logo depois do anúncio da decisão, no meio da tarde, as Bolsas
norte-americanas começaram a
operar em alta. Mas o ritmo de valorização perdeu fôlego, e os principais índices encerraram praticamente estáveis.
O índice Dow Jones encerrou
em alta de 0,03%, e a Nasdaq subiu 0,61%. A taxa de retorno dos
títulos de dez anos avançou um
pouco, para 4,54% ao ano.
"Os comentários do Fed foram
exatamente os que os investidores
queriam escutar, um gradual e
provavelmente longo período de
aumento de taxas, o que não deveria surpreender ninguém", afirmou Frederic Dickson, estrategista-chefe da corretora de investimentos D.A. Davidson.
Desde junho passado, a taxa básica do Federal Reserve está em
1% ao ano, a menor desde 1958.
As taxas cobradas pelos bancos
privados para empréstimos estão
em 4%, as menores em mais de
quatro décadas.
Os analistas terão uma idéia
mais clara sobre o "timing" do aumento na taxa de juros na sexta-feira, quando será divulgado o
número de vagas abertas pela
economia no mês passado. Um
bom resultado pode antecipar a
alta nos juros.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Expectativa de inflação segue sob controle, diz nota Índice
|