São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

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EFEITO GREENSPAN

Banco central dos EUA sinaliza aumento "moderado" na taxa

Fed perde "paciência" com juro baixo

DA REDAÇÃO

O Federal Reserve (banco central dos EUA) manteve a sua taxa básica de juros inalterada em 1% ao ano, como era previsto. A instituição, no entanto, sinalizou que poderá começar a elevar os juros de maneira "moderada" e deixou de afirmar que terá "paciência" para mexer na política monetária.
Para os analistas do mercado financeiro norte-americano, diminuiu o risco de uma elevação na taxa de juros já na próxima reunião do Federal Reserve, no mês que vem. Por outro lado, cresceu bastante a possibilidade de o aumento ocorrer ainda neste ano.
Os mercados de juros futuros de curto prazo trazem a expectativa de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica em agosto. Mas o mercado reagiu com tranqüilidade à decisão de ontem, porque o Fed se demonstrou calmo quanto aos riscos de um aquecimento inflacionário.
De qualquer maneira, ainda que haja uma pequena elevação neste ano, os juros, indicou o Fed, deverão permanecer em níveis historicamente baixos por mais algum tempo. Isso favorece investimentos de maior risco, como ações e títulos de países emergentes -um exemplo é o Brasil.

Produção e inflação
Em nota divulgada após a reunião de seu comitê de política monetária (o Federal Open Market Committee), o Fed diz que "a produção continua a se expandir com solidez, e as contratações parecem estar em alta". Sobre os preços, afirma: "Ainda que os números mais recentes tenham crescido um pouco, as expectativas de longo prazo quanto à inflação parecem continuar sob controle".
Como diz a instituição, a ainda alta capacidade ociosa restringe a pressão inflacionária. Historicamente, o Federal Reserve não aumenta os juros quando a utilização da capacidade é inferior a 80%. Em março, a utilização estava em 76,5%.
A nota emitida ontem difere bastante da linha que vinha sendo adotada pelo Fed. Além de ser bem mais positiva quanto aos sinais de atividade econômica e emprego, não faz nenhuma referência à deflação e prepara o mercado para uma alta nos juros.

Reação
"O Fed com certeza está deixando claro que não prefere mudanças abruptas, e, para o investidor em ações, isso é positivo", afirmou Rick Meckler, presidente da corretora LibertyView Asset Management. "Isso dá mais tempo para que as companhias aproveitem as artificialmente baixas taxas de juros para fazer dinheiro e elevar os lucros."
Logo depois do anúncio da decisão, no meio da tarde, as Bolsas norte-americanas começaram a operar em alta. Mas o ritmo de valorização perdeu fôlego, e os principais índices encerraram praticamente estáveis.
O índice Dow Jones encerrou em alta de 0,03%, e a Nasdaq subiu 0,61%. A taxa de retorno dos títulos de dez anos avançou um pouco, para 4,54% ao ano.
"Os comentários do Fed foram exatamente os que os investidores queriam escutar, um gradual e provavelmente longo período de aumento de taxas, o que não deveria surpreender ninguém", afirmou Frederic Dickson, estrategista-chefe da corretora de investimentos D.A. Davidson.
Desde junho passado, a taxa básica do Federal Reserve está em 1% ao ano, a menor desde 1958. As taxas cobradas pelos bancos privados para empréstimos estão em 4%, as menores em mais de quatro décadas.
Os analistas terão uma idéia mais clara sobre o "timing" do aumento na taxa de juros na sexta-feira, quando será divulgado o número de vagas abertas pela economia no mês passado. Um bom resultado pode antecipar a alta nos juros.


Com agências internacionais


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