São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EXUBERÂNCIA NACIONAL

Desempenho no 1º trimestre supera em 43,8% o do rival Bradesco, mas resultado operacional caiu 25,7%

Lucro do Itaú aumenta 23% e vai a R$ 876 mi

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro do banco Itaú Holding Financeira, de R$ 876 milhões no primeiro trimestre deste ano, foi 43,8% superior ao do seu arqui-rival, o Bradesco, que divulgou resultados na segunda-feira.
A exemplo do Bradesco, o Itaú também reduziu sua estimativa de crescimento da carteira de crédito neste ano. De acordo com Silvio Carvalho, diretor-executivo do banco, as operações de crédito deverão crescer entre 16% e 17% no ano, contra uma projeção anterior de 20%.
O balanço do Itaú mostra que o lucro líquido cresceu 22,7% no primeiro trimestre, em relação a igual período de 2003. O resultado operacional do banco (receitas menos despesas antes do Imposto de Renda), entretanto, levou um grande tombo (queda de 25,7%).
Essa queda só não afetou o lucro final porque foi compensada pela conta de "resultados extraordinários". João Augusto Frota Salles, analista da Lopes Filho, diz que "os R$ 531,5 milhões de resultados extraordinários evitaram que o lucro líquido do Itaú no primeiro trimestre deste ano fosse menor do que em igual período do ano passado".
Esse valor diz respeito ao ágio pago na compra do banco Fiat, no final de 2002, e amortizado no primeiro trimestre do ano passado. Ele entrou como despesa e reduziu o resultado líquido do banco naquele período para R$ 714,1 milhões.
Dessa maneira, ao comparar o lucro líquido do primeiro trimestre do ano passado com o registrado no mesmo período deste ano, observa-se crescimento.
"Mas a atividade bancária em si foi pior para o Itaú neste ano", afirma Gustavo Pedreira, analista da ABM Consulting.

Queda de juros
O resultado operacional do Itaú foi mais fraco em conseqüência da diminuição do resultado bruto da intermediação financeira (-14,5%). Isso ocorreu porque as receitas e despesas financeiras caminharam em ritmo desigual.
As receitas da intermediação financeira (os juros recebidos nas aplicações em títulos e valores mobiliários e nos empréstimos, por exemplo) aumentaram apenas 14,8%. Enquanto isso as despesas (juros pagos nas captações e operações de empréstimos e repasses e provisões técnicas) cresceram 117,5% no período.
"A queda do juro básico da economia e o nível ainda baixo de demanda por operações de crédito reduziram o resultado bruto da intermediação financeira do Itaú", diz Pedreira.
O saldo das operações de crédito da instituição totalizava, no final de março, R$ 44,7 bilhões bilhões, com um crescimento de 11,7%. Segundo cálculo da ABM Consulting, o banco vem aumentando o peso das operações de crédito nas suas receitas totais e diminuindo o das aplicações em títulos e valores mobiliários.
Em março de 2003 as operações de crédito representavam 32% das receitas do Itaú. Neste ano chegaram a 39,4%. Já as operações com títulos (tesouraria) respondiam, em 2003, por 29,9% da receita total do banco e neste ano ficaram em 27,1%.
No entanto, diz Salles, as operações de crédito ainda não foram suficientes para compensar a queda de dez pontos percentuais na Selic, que reduziram os ganhos com títulos e valores mobiliários.
Segundo ele, o Itaú compensou parte desse desbalanceamento com o aumento de 16% das receitas com prestação de serviços, que totalizaram R$ 1,4 bilhão no primeiro trimestre deste ano.


Texto Anterior: Luís Nassif: Os donos do poder
Próximo Texto: Teles: Receita da Embratel cresce 10,8%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.