São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2006

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AMÉRICA LATINA

Bush e Vázquez concordam em ampliar comércio

DE WASHINGTON

O norte-americano foi mais cuidadoso, o uruguaio, mais efusivo. O encontro de uma hora que os presidentes George W. Bush e Tabaré Vázquez tiveram ontem pela manhã na Casa Branca produziu pelo menos um resultado concreto: ambos os países concordaram em ampliar suas relações comerciais.

"Conversamos sobre expandir nossas relações comerciais", disse o presidente Bush aos repórteres, depois do encontro. Segundo o norte-americano, um dos tópicos discutidos foi a energia renovável, uma das principais preocupações da administração do republicano.

Já o uruguaio foi mais incisivo em seu relato da reunião, mas adiou o anúncio de um acordo comercial entre os dois países para outubro. "Nós concordamos em expandir, intensificar e fortalecer nossas relações comerciais", disse Vázquez, segundo o qual o tratado bilateral de investimento recentemente firmado entre os países foi relembrado.

"Na verdade, o pessoal técnico vai começar a trabalhar agora para conseguir apresentar resultados a tempo de nossa comissão mista em Montevidéu em alguns meses", afirmou. O encontro coroou o recente périplo do socialista latino-americano em busca de novos parceiros comerciais na América do Norte e de um papel mais importante no Mercosul.

Desde que chegou ao México, no final do mês passado, e durante os cinco dias em que esteve nos EUA, Vázquez deu declarações contraditórias, algumas depois negadas, de que deixaria o Mercosul, depois de que queria um bloco mais forte, e de que faria um acordo bilateral com os EUA.

Ontem, em conversa com jornalistas uruguaios, no hotel Watergate, depois do encontro com Bush, o presidente relativizou o peso de ambos os assuntos. "Não, não falamos de um eventual Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, mas de intensificar o intercâmbio comercial."

Sobre o bloco, não mencionado pelo norte-americano na coletiva, disse que fez parte da conversa também. "Dissemos a Bush que o Uruguai não renuncia a trabalhar por um Mercosul melhor, mas que paralelamente defende a diversificação de seus mercados", falou Vázquez. "Como sócio pleno e fundador, queremos um Mercosul maior e melhor." Ao mesmo tempo, disse, Brasil e Argentina devem entender que o bloco como existe hoje já não interessa aos países menores.


"Papeleras"
O uruguaio falou ainda que aproveitou as viagens, em que foi recebido por dirigentes de entidades como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), para expor sua posição em fóruns internacionais sobre a crise com a Argentina pela construção de duas fábricas de papel, as "papeleras".

Vázquez chamou o conflito de "lamentável e irracional". Por seu lado, a Argentina entrou ontem com recurso no Tribunal Internacional de Justiça de Haia, acusando Montevidéu de "violar três vezes o Estatuto do Rio Uruguai", de 1975. (SÉRGIO DÁVILA)


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