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AMÉRICA LATINA
Bush e Vázquez concordam em ampliar comércio
DE WASHINGTON
O norte-americano foi mais
cuidadoso, o uruguaio, mais efusivo. O encontro de uma hora que
os presidentes George W. Bush e
Tabaré Vázquez tiveram ontem
pela manhã na Casa Branca produziu pelo menos um resultado
concreto: ambos os países concordaram em ampliar suas relações comerciais.
"Conversamos sobre expandir
nossas relações comerciais", disse
o presidente Bush aos repórteres,
depois do encontro. Segundo o
norte-americano, um dos tópicos
discutidos foi a energia renovável,
uma das principais preocupações
da administração do republicano.
Já o uruguaio foi mais incisivo
em seu relato da reunião, mas
adiou o anúncio de um acordo comercial entre os dois países para
outubro. "Nós concordamos em
expandir, intensificar e fortalecer
nossas relações comerciais", disse
Vázquez, segundo o qual o tratado bilateral de investimento recentemente firmado entre os países foi relembrado.
"Na verdade, o pessoal técnico
vai começar a trabalhar agora para conseguir apresentar resultados a tempo de nossa comissão
mista em Montevidéu em alguns
meses", afirmou. O encontro coroou o recente périplo do socialista latino-americano em busca de
novos parceiros comerciais na
América do Norte e de um papel
mais importante no Mercosul.
Desde que chegou ao México,
no final do mês passado, e durante os cinco dias em que esteve nos
EUA, Vázquez deu declarações
contraditórias, algumas depois
negadas, de que deixaria o Mercosul, depois de que queria um bloco mais forte, e de que faria um
acordo bilateral com os EUA.
Ontem, em conversa com jornalistas uruguaios, no hotel Watergate, depois do encontro com
Bush, o presidente relativizou o
peso de ambos os assuntos. "Não,
não falamos de um eventual Tratado de Livre Comércio com os
Estados Unidos, mas de intensificar o intercâmbio comercial."
Sobre o bloco, não mencionado
pelo norte-americano na coletiva,
disse que fez parte da conversa
também. "Dissemos a Bush que o
Uruguai não renuncia a trabalhar
por um Mercosul melhor, mas
que paralelamente defende a diversificação de seus mercados",
falou Vázquez. "Como sócio pleno e fundador, queremos um
Mercosul maior e melhor." Ao
mesmo tempo, disse, Brasil e Argentina devem entender que o
bloco como existe hoje já não interessa aos países menores.
"Papeleras"
O uruguaio falou ainda que
aproveitou as viagens, em que foi
recebido por dirigentes de entidades como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento), para expor sua posição
em fóruns internacionais sobre a
crise com a Argentina pela construção de duas fábricas de papel,
as "papeleras".
Vázquez chamou o conflito de
"lamentável e irracional". Por seu
lado, a Argentina entrou ontem
com recurso no Tribunal Internacional de Justiça de Haia, acusando Montevidéu de "violar três vezes o Estatuto do Rio Uruguai", de
1975.
(SÉRGIO DÁVILA)
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